Chuva
Eugênio de Andrade
Todo o dia a Chuva ocultou
o teu rosto.
Fechava os olhos para te ver.
À minha frente um céu de abril
trazido pelo teu riso
miúdo ou pelo trigo grão a grão.
Só de olhos fechados vejo
a cidade
onde te perco com eles abertos.
Assim adormeço – a chuva
acesa em lugar do teu rosto.
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