Documentários sobre grandes jogadores costumam ter um tom positivo, poucas vezes fugindo de um roteiro padrão. Começam na infância ou adolescência, passam pelos obstáculos para virar profissional, a chegada ao time principal, os grandes títulos e jogos, às vezes uma lesão séria ou algum momento de baixa para dar um tempero extra, e terminam na aposentadoria e na veneração da torcida dos clubes que eles defenderam.

“Make Us Dream”, disponível no Amazon Prime, sobre Steven Gerrard tem todos esses elementos, mas o tom não é positivo. E não é porque, equilibrando os altos e baixos, a história de Gerrard no Liverpool (ainda) não teve um final feliz.

Seu trunfo é mostrar a ligação intrínseca de Gerrard não só com o clube, mas com a cidade de Liverpool, quando era criança, um primo muito próximo foi uma das vítimas da tragédia de Hillsborough, desastre em que dezenas de torcedores morreram e que foi fundamental para a revolução do futebol inglês, com a criação da Premier League.

Steven Gerrard se tornou, talvez, o maior jogador da história do clube de futebol de Liverpool, porém fez isso quando o sucesso e os troféus estavam em decadência. Dessa forma, tomou como missão pessoal a tarefa de levar o clube de volta ao topo. Essa lealdade o elevou ao status de "Deus" com os torcedores do Liverpool, mas foi um fardo insuportável, trazendo consigo um profundo senso de responsabilidade para cumprir suas próprias expectativas.

Mais do que os lances bacanas da carreira, o filme retrata a angústia de Gerrard na tentativa de levar a equipe ao título em uma época em que potências foram fabricadas pelo poderio financeiro, como Chelsea e Manchester City. Há pequenas passagens do jogador com a seleção inglesa.