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Afogando em números

Uma tabelinha na grande área entre Ricardo Lugó e o Chapeleiro Audaz

Inspirado pelo matemático Oswald de Souza, o Chapeladas mergulhou nos números do Brasileirão. Queríamos saber quem ataca, quem defende, quem chuta dentro, quem chuta fora, quem entra pra rachar, quem joga água fora da bacia. Mas como nossos conhecimentos escolares são antigos e obsoletos (somos da época da Checoslováquia, da Skylab, do perônio, da Guerra Fria, do Donkey Kong, da Arena e do Césio 137), recorremos a nosso esparro Bicalho, um expoente do ensino fundamental público brasileiro, que poderá nos brindar com análises argutas, provas dos 9 definitivas, estatísticas avançadíssimas e tudo que de vanguarda o ensino fundamental público brasileiro proporciona aos seus estudantes, especialmente os de Quixeramobim, localidade de onde vem nosso colaborador.

Além do mais, Bicalho, apesar de afeito aos números, tornou-se um adolescente-problema, vive dando dores de cabeça para a avó, que, antiga como nós, achou por bem pedir nossa ajuda para castigar o neto com penitências horrendas e pedagógicas durante as férias escolares. Depois de pensar, pensar e pensar, resolvemos submeter Bicalho a um castigo que nem o Brigadeiro Saito pensou em aplicar aos controladores de vôo, tamanha a crueldade: rever todos os jogos do Mecão, do Náutico, do Sport, do Juventude, do Flamengo, do Corinthians e afins, para nos passar as estatísticas do Brasileirão. Senta que lá vem a história.


Quando o futebol se confunde com luta livre:

Se "Faces da Morte" é o seu filme preferido, não perca um jogo do América de Natal. De acordo com a super planilha de Bicalho, a pancadaria come solta nos jogos do glorioso Mecão: o time é o mais violento do campeonato, cometendo uma média de 24,9 faltas por jogo, o que lhes rendeu um total de 50 cartões amarelos e 8 vermelhos, até agora. Porém, se o Mecão bate, também apanha: seus lutadores, quer dizer, jogadores, sofrem uma média de 24,2 faltas por partida. É o espírito de Lampião, que também não falta ao Náutico: seus cangaceiros, quer dizer, jogadores, apanham muito (média de 25,1 faltas por jogo) porém revidam à altura, o que faz com que os pernambucanos tenham recebido 54 amarelos e 8 vermelhos. Ou seja, batem pouco, mas também quando acertam, é para quebrar.


Quando o futebol se confunde com remédio para insônia:

Se sua cabeça está atormentada com a corrupção em Brasília, ou com o aquecimento global, ou com a crise aérea - e você não consegue dormir, então economize seus preciosos reais com remédios para dormir * e vá assistir um jogo do São Paulo. Além de ter um dos piores ataques da competição, com 20 gols, o Tricolor paulista tem a melhor defesa - apenas 7 gols tomados. Além disso, é o time que menos toma chute a gol: somente 8,7, em média, por jogo. Ou seja, quando o Tricolor joga, a chance de sair gol é mínima, já que a média de gols em partidas envolvendo o SPFC é de um gol e meio. Se o gandula e os goleiros não trabalham em jogos do São Paulo, por outro lado bandeirinha sofre: o Tricolor é o time com mais impedimentos em todo o campeonato - média de 3,4 por jogo.


Quando o futebol se confunde com aeróbica:

A vida moderna trouxe com as suas comodidades o sedentarismo. É cada vez maior o número de obesos em todo o mundo, inclusive no Brasil. Pensando nisso, o time do Cruzeiro encontrou uma maneira inovadora de fazer com que seus torcedores se exercitem: a aeróbica futebolística. Funciona assim: para exercitar as pernas, o time faz gols (e a torcida se levanta para comemorar). O esquadrão celeste é o melhor ataque da competição, com 36 gols marcados. Além disso, é a equipe que mais finaliza - 14,8, em média. E, para, exercitar os braços da sua torcida, o time toma gols (a torcida estica os braços para xingar o time ou para levar as mãos à cabeça). A defesa cruzeirense é a segunda pior do campeonato, com 32 gols sofridos.


Quando o futebol é a angústia do gandula:

Toda profissão tem seus altos e baixos. Se o gandula ganha no mole quando trabalha em jogos do SPFC, trabalha em dobro quando o Palmeiras joga. O Verdão é o segundo time com o maior número de finalizações por partida - 14,6 - porém, marcou apenas 22 vezes. Basta multiplicar a média de chutes a gol pelo número de jogos já disputados para ver o quanto o gandula sua a camisa: como o Palmeiras já jogou 17 vezes, já chutou, em média, 248 bolas a gol. Porém, o ataque só marcou 22 gols, o que significa que os gandulas já tiveram de correr 226 vezes para pegar as bolas chutadas para fora pelos esmeraldinos. Além do mais, o juiz também sofre em jogos do Alviverde: o time é o segundo mais faltoso - 24,5 faltas por jogo, em média, o que rendeu 51 amarelos à equipe.


* Só fazemos merchandising quando regiamente pagos, de preferência em patacas norte-americanas depositados em nossa conta secreta nas Ilhas Cayman. Não aceitamos ações de empresas, nem mesmo aquelas negociadas na Bolsa de Nova York.

Este cronista revela ao mundo a fonte do prodigioso poder de cálculo de Bicalho, o melhor aluno do Grêmio Escolar Professor Antonio Lisboa, de Quixeramobim


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