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Oito Mulheres para Ler

Não ia ter post, não ia ter nada. Mas enquanto eu copiava uma matéria da faculdade, tive uma ideia e aqui estou ao invés de estar estudando. Foco: tem mas acabou!
Me amem, não me julguem.


Toda a preguiça que eu estava de fazer um post sobre o dia internacional da mulher virou euforia ao pensar que, ao invés disso, podia vir aqui e indicar mulheres incríveis para vocês lerem.

01-Malala Yousafzai


Malala, a paquistanesa que foi baleada na cabeça pelo Talibã porque queria estudar e não se calou diante dos absurdos que os terroristas fizeram no Vale do Swat, onde morava. Malala tinha apenas 15 anos e quase pagou o preço de querer estudar com a vida. Poucos acreditavam que ela sobreviveria, mas nem uma bala na cabeça pode detê-la. Malala é a pessoa mais jovem a ganhar o prêmio Nobel da Paz. Menina corajosa e admirável. Ela vem de uma cultura onde a mulher não tem voz, mas nem por isso Malala se calou.
Em seu Livro "Eu sou Malala" publicado no Brasil pela Companhia das Letras, a jovem conta como o Talibã invadiu o Vale do Swat e todos os absurdos que aconteceram no Paquistão. A maioria preferia se calar, mas Malala e seu pai sequer abaixaram a voz. A campanha da jovem virou uma campanha internacional e Malala é uma das 100 pessoas mais influentes do mundo segundo pesquisa da Time.
Hoje em dia, Malala vive na Inglaterra, onde foi internada durante seu tratamento e recuperação, mas não esconde de ninguém o desejo de voltar para sua terra, apesar das ameaças de morte que recebe caso faça isso. Após ganhar o Nobel da Paz, a estudante-ativista declarou que um dia deseja ser primeira ministra do Paquistão. Se eu fosse vocês, não duvidava dessa menina.

"Os extremistas têm mostrado com o que eles querem travar sua luta: contra uma garota com um livro."
Caso ainda haja alguma dúvida, aconselho assistirem o video abaixo:


Livro: 
Eu sou Malala (2013) - Malala Youzafzai e Christina Lamb (Companhia das Letras)

02- Chimamanda Adichie


Conheci Chimamanda durante uma disciplina no meu primeiro ano da faculdade e fiquei apaixonada por ela desde então. Chimamanda é uma premiada autora nigeriana, considerada uma das mais importantes vozes da literatura afriacana. Quando começou a escrever, ela reproduzia o tipo de história que estava acostumada a ler nos livros americanos. Quando conheceu a literatura africana, ficou apaixonada e decidiu escrever sobre aquilo que conhecia: seu país, sua cultura. Chimamanda logo percebeu que a maioria dos livros sobre a África que os leitores do mundo inteiro conhecem, são feitos por autores que não são africanos - e com isso, uma imagem nem sempre verdadeira é passada sobre a África. Em busca de mudar essa perspectiva, ela deu uma palestra no TED sobre "Os perigos de uma história única".
Suas histórias não-únicas tem tomado grandes proporções e se tornado cada vez mais conhecidas.

Negra, escritora, nigeriana e feminista, em outra oportunidade no TED, Chimamanda falou sobre feminismo na palestra "We should all be feminists" (Todos nós deveríamos ser feministas) e seu discurso foi publicado em um livro pela Companhia das Letras. Além disso, a cantora Beyoncé incorporou várias frases desse discurso em sua música Flawless, trazendo mais notariedade para Chimamanda.
Ela fala de cultura africana, de racismo, de educação, de feminismo, de construção de gênero... e ela pode falar sobre o que quiser que eu vou querer parar para ouvir ou ler.

"Meu editor nigeriano e eu começamos uma ONG chamada Farafina Trust. E nós temos grandes sonhos de construir bibliotecas e recuperar bibliotecas que já existem e fornecer livros para escolas estaduais que não tem nada em suas bibliotecas, e também organizar muitos e muitos workshops, de leitura e escrita para todas as pessoas que estão ansiosas para contar nossas muitas histórias. Histórias importam. Muitas histórias importam. Histórias tem sido usadas para expropriar e tornar malígno. Mas histórias podem também ser usadas para capacitar e humanizar. Histórias podem destruir a dignidade de um povo, mas histórias também podem reparar essa dignidade perdida." - Chimamanda Adichie


Livros:
O Hibisco Roxo (2003) - Companhia das Letras
Meio Sol Amarelo (2006) - Companhia das Letras
A Coisa à Volta do Teu Pescoço (2009) - Dom Quixote
Americanah (2013) - Companhia das Letras
Sejamos todos feministas (2015) - Companhia das Letras

03-  Jeannette Walls


Jeannette Walls é uma das minhas escritoras preferidas e eu devorei absolutamente todos os livros escritos por ela. Mas vou falar apenas de um deles: O Castelo de Vidro. A autora sempre escondeu de todos o seu passado, mas quando resolveu contar sua história, ficou por sete anos na lista de best-seller do New York Times. Jeannette teve uma infância miserável. Ela e os irmãos vieram de uma família decadente: pai bêbado e uma mãe artista frustrada sem sucesso. Jeannette diz que não sentia falta de amor e que os pais criaram filhos independentes e talentosos, com habilidades para se virarem sozinhos e cuidarem uns dos outros. Porém, seus pais eram negligentes por deixar os filhos sem comida, sem uma estrutura mínima e por muitas vezes eles tinham que revirar o lixo da escola em busca de restos de comida para não morrerem de fome. Eles não tinham moradia fixa, viviam como nômades fugindo das situações mais extremas em que viveram até virarem sem-teto.
Jeannette e seus irmãos nunca deixaram-se abater ou tiveram pena um do outro. Trabalharam duro e lutaram juntos para vencer todas as dificuldades que lhe eram impostas. O Castelo de Vidro é um livro para amar e odiar. Você vai amar a determinação dessa família, seus sonhos e a maneira como demostram amor uns pelos outros, mas vai odiar a negligência e a irresponsabilidade dos pais. Você vai amar o modo como os pais dão liberdade para os filhos serem quem são, mas vai odiar as privações que eles impõem aos filhos.
Mas principalmente, você vai amar Jeannette e a determinação com que ela trilhou a vida e batalhou para chegar onde está.
O livro é a biografia da jornalista Jeannette Walls e mostra como ela aprendeu a extrair a beleza em meio a dor. É um livro lindo, chocante, revoltante e apaixonante ao mesmo tempo

“Escrever as memórias é como entregar a vida a alguém e dizer: eis pelo que passei, eis quem sou, talvez com isso você consiga aprender alguma coisa. É dividir honestamente o que pensamos, sentimos e sofremos. Se conseguir fazer isso com eficiência, alguém pode receber a sabedoria e os benefícios da sua experiência sem ter de vivê-la.” - Jeannette Walls

O livro "O Castelo de Vidro" deve virar filme e a atriz Jennifer Lawrence fará o papel de Jeannette Walls.

Livros:
O Castelo de Vidro (Nova Fronteira)
A Estrela de Prata (Globo Livros) << resenha aqui no Expresso
Cavalos Partidos (Nova Fronteira)

04- Lionel Schiver


Lionel está em um páreo duro com Jeannette na minha lista de autoras preferidas. Eu gostaria de ter um adjetivo para descrever a escrita da Lionel, mas não consigo dizer nada além de "fodástica". Quem já leu, há de concordar comigo. Seus livros parecem cutucar o leitor, é uma leitura inquietante, como se Lionel nos acertasse tapas sem mão bem no meio de nossas fuças. Tempos atrás estava tão incomodada com o que lia, que abandonei um livro dela na metade para refletir sobre o que eu estava fazendo da minha própria vida - nesse nível, gente!
Eu não sou capaz de indicar apenas UM livro da Lionel, então vou falar sobre o mais famoso deles: "Precisamos falar sobre o Kevin". Eu não fui capaz de resenhar para o blog, porque fica um imenso "nada a dizer" quando terminamos de ler essa obra. É um romance impactante, que te tira do eixo de um modo tão... tão... que não dá para explicar. A história trata sobre a visão de uma mãe atormentada pelo comportamento do filho desde seu nascimento até se tornar o autor de um massacre escolar. Ele é o sétimo livro da Lionel e ele foi recusado por mais de 30 editoras devido ao seu teor. Em 2005, no entanto, o livro ganhou o prêmio Orange Prize, na Grã-Bretanha.

Livros:
The Female of the Species (1986) - Penguin Books
Checker and the Derailleurs (1987) - Penguin Books
Ordinary Decent Criminal (1990) - Flamingo
Game Control (1994) - Harper Perennial
A Perfectly Good Family (1996) - Harper Perennial
Dupla Falta (1997) - Intrísseca
Precisamos Falar Sobre o Kevin (2003) - Intrísseca
O Mundo Pós-Aniversário (2007) - Intrísseca
Tempo é Dinheiro (2010) - Intrísseca
Grande Irmão (2013) - Intrísseca
A Nova República (2015) - Intrísseca (o único das edições brasileiras que não tenho e estou aceitando de presente - fica a dica)

05- Carolina Maria de Jesus


Outra autora que eu descobri no meu primeiro ano de faculdade e fiquei fascinada por ela.
Carolina foi uma mulher, negra, favelada e extremamente pobre que catava lixo e reciclava cadernos e folhas que encontrava para escrever seus diários. Quando a chamavam de "mendiga e suja”, ela dizia dizia que, embora andasse suja, não era mendiga: “Mendigos pedem dinheiro; eu peço livros”. A Vida de Carolina mudou quando foi descoberta pelo repórter Audálio Dantas, na favela do Canindé, em São Paulo. Enquanto ele preparava uma reportagem sobre um parque infantil, viu uma mulher negra de 43 anos gritando para os adultos que brincavam no tal parque: “Onde já se viu uma coisa dessas, uns homens grandes tomando brinquedo de criança! Deixe estar que eu vou botar vocês todos no meu livro!”. Como todo jornalista (essa raça ruim a qual pertencerei um dia, rs) ele foi atras dela e descobriu pilhas e pilhas de cadernos que ela escrevia, entre eles uma espécia de diário onde Carolina descrevia o dia-a-dia da vizinhança na favela. Carolina Maria de Jesus ficou mundialmente conhecida pelo seu livro "Quarto de Despejo", um clássico de nossa literatura, traduzido em 13 idiomas e com mais mais de 80 mil exemplares vendidos só no Brasil. Um best seller. 
Na década de 1990, o pesquisador brasileiro José Carlos Sebe Bom Meihy e o norte-americano Robert Levine, publicaram o livro "Cinderela negra: a saga de Carolina Maria de Jesus" (editora UFRJ, raro, esgotado, impossível de encontrar). Também publicaram duas coletâneas de inéditos da escritora.
Carolina escreveu todos os dia, até sua morte.
Não digam que fui rebotalho,
que vivi à margem da vida.
Digam que eu procurava trabalho,
mas fui sempre preterida.
Digam ao povo brasileiro
que meu sonho era ser escritora,
mas eu não tinha dinheiro
para pagar uma editora.
Livros:
Quarto de despejo (1960) - Ática
Casa de Alvenaria (1961) - P. de Azevedo - Não encontrado
Pedaços de fome (1963) - Aquila
Provérbios (1963) - (?) Não encontrado
Diário de Bitita (1982) - nova Fronteira
Onde Estaes Felicidade (2014) - eMe Parió Revolução

06- Alice Ruiz


Alice Ruiz é uma poetiza curitibana que começou a escrever contos com 9 anos de idade, mas só lançou seu primeiro livro aos 34 anos. Sua obra era secreta. 
Aos 22 anos, Alice se casou com o escritor Paulo Leminski, para quem mostrou seus escritos pela primeira vez na vida. Leminski ficou muito surpreso e encantado e comentou que ela escrevia haikais - Alice nem sabia o que eram haikais, mas apaixonou-se pela estrutura japonesa de fazer poemas e traduziu quatro livros de autores japoneses.
Alice publicou, até agora, 21 livros, entre poesia, traduções e uma história infantil. Alice ganhou 2 prêmios Jabutis: um com a obra "Vice Versos" e outro com  "Dois em Um". Ela teve poemas publicados em 6 países (Estados Unidos, Bélgica, México, Argentina, Espanha e Irlanda). Alice e Leminski tiveram três filhos: Miguel Ângelo Leminski, Áurea Alice Leminski e Estrela Ruiz Leminski - que também é escritora.

Em caso de dor ponha gelo
Mude o corte de cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema dê um sorriso
Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo
Se amargo foi já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada mil lágrimas sai um milagre
Livros:
Clica aqui que a lista é grande

07- Marina Colasanti


Quando adolescente, lia muito Marina. Ela é responsável por várias decisões e boas escolhas que fiz na minha vida.  Eu sabia alguns de seus textos de cor e já briguei feio na internet por publicarem o texto "Eu sei, mas não devia" com o nome de outro autor. Ela é casada com um autor que eu aprendi a gostar com a minha avó, que me deu um livro dele: Affonso Romano de Sant'Anna.
Marina escreve para adultos e crianças, sua obra passeia pelas crônicas do cotidiano, poesias, contos ficção e textos jornalísticos. Ela tem 33 livros publicados. Dos infanto juvenis, meu preferido é "Ana Z.Aonde vai você?", dos adultos "Contos de amor Rasgados" e "Por falar em amor" ♥
Marina foi ganhadora do Prêmio Jabuti em 2010 pelo livro "Passageira em trânsito".

"A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma."

Livros:
Clica aqui que a lista é grande

08- Simone de Beauvoir 


Eu tinha outras ideias para descrever nesse post, mas se estou indicando escritoras pelo dia da mulher, desculpem, não posso não falar de Simone! Se for para falar de mulher, de feminismo ou de filosofia, suas obras são de leitura obrigatória. O livro mais famoso dela, "O Segundo Sexo" é chamado de "Bíblia feminista". Todos os livros de Simone abordam temas existencialistas e sempre avaliam qual é o papel da mulher no mundo. Em seus romances (porque ela não escreveu apenas sobre feminismo) ela examinava o amor por diversos pontos de vista: o ciúme, a raiva, a frustração. Além de “O Segundo Sexo”, seus livros mais conhecidos são “Os Mandarins”, “A convidada”, “A cerimônia do adeus”, “A longa marcha”, “A mulher desiludida” e “As belas imagens”. Porém, o nome de Simone é mesmo um ícone do feminismo. Ela manteve um relacionamento com o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre por toda a sua vida. Simone e Sartre se conheceram em 1929 quando Simone se graduou em filosofia. Desde então eles mantiveram um relacionamento aberto, que não era bem aceito na época, porque os dois se envolviam com outras pessoas e compartilhavam as experiências adquiridas (sério gente, poliamor hahaha) No livro "A Cerimonia do Adeus" publicado em 1981, Simone se despediu do companheiro que faleceu em 1980. Daí em diante Simone começou a abusar do álcool e de anfetaminas. Simone faleceu em abril de 1986, aos 78 anos e foi enterrada ao lado de Sartre ♥.

Não se pode escrever nada com indiferença

Livros:
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Eu ainda poderia listar Clarice Lispector, Cecília Meireles, Hilda Hist, Lya Luft dente outras... mas quis trazer nomes que vocês talvez não conheçam ou estivessem acostumados a compartilhar como frases de efeito no facebook!
Leiam Virgina Woolf, Sylvia Plath, Lygia Fagundes Teles, Isabel Allende... Leiam mulheres!

Feliz dia internacional da Mulher!


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