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Comprometimento Cognitivo Leve na Doença de Parkinson

Abaixo descrevo o resumo de minha tese de doutorado. 

RESUMO ABREVIADO

Em um estudo clínico, cognitivo e de neuroimagem estrutural de delineamento observacional e transversal, investigamos substratos biológicos estruturais cerebrais e características não motoras em indivíduos com doença de Parkinson em estágio Hoehn & Yahr I e II (36,2% com Comprometimento Cognitivo Leve – DP-CCL) e controles. Os pacientes com DP-CCL mostraram mais sintomas axiais, alucinações, apatia, sonolência excessiva. Sob o ponto de vista estrutural cerebral, mostramos envolvimento dos giros supramarginal, temporal superior e fusiforme; do hipocampo (CA1 e subículo); dos fasc. longitudinal superior, talâmico superior, óptico e fronto-occipital inferior. O estudo confirma haver maior vulnerabilidade de regiões posteriores cerebrais, em indivíduos com DP e comprometimento cognitivo leve.

RESUMO COMPLETO 

O declínio cognitivo é uma das manifestações mais incapacitantes da doença de Parkinson (DP). Apesar de avanços na descrição de sua história natural, há dificuldades em definir biomarcadores de estado que se correlacionem robustamente com as manifestações clínicas e cognitivas. O estudo buscou descrever correlatos clínicos, neuropsicológicos e de neuroimagem de comprometimento cognitivo leve (CCL) em pacientes com DP em estágios Hoehn & Yahr (HY) 1 e 2. Em um delineamento transversal observacional, foram avaliados pacientes com DP (n=69) e controles (n=15) com uma bateria neuropsicológica abrangente. A bateria incluiu: Escala de Avaliação Cognitiva da doença de Parkinson (PD-CRS), Montreal Cognitive Assessment (MoCA), Extensão de dígitos direta e inversa, Teste de Semelhanças, Modalidades Símbolo- Dígito (SDMT), Teste das trilhas parte A e B (TMT-A, TMT-B), Bateria Automatizada de Testes Neuropsicológicos de Cambridge (CANTAB), Escala de Avaliação Funcional Cognitiva da doença de Parkinson (PD- CFRS). Os grupos também foram avaliados quanto aos sintomas motores, com a Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (MDS-UPDRS, parte 3), e de sintomas não motores, com a MDS-UPDRS (parte 1), Escala de Sintomas Não Motores (NMSS), Inventário de Depressão de Beck (BDI), Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS), Escala de Sono da doença de Parkinson (PDSS- BR), e o Questionário de Triagem para Sintomas de Transtorno comportamental do sono REM (RBDSQ-BR). Uma subamostra (n=64) realizou Ressonância Magnética (RM) cerebral, com análise de segmentação hipocampal, volumes da superfície cortical e medidas de tensor de difusão (DTI) por estatística espacial baseada em tratos (TBSS) e tratometria, em modelos ajustados para variáveis de confundimento, como idade, sexo, escolaridade, gravidade dos sintomas motores e volume intracraniano. DP- CCL foi definido conforme uma aproximação das recomendações da MDS. Os indivíduos com DP (n=69) foram organizados em dois grupos: 36,2% (n=25) no grupo DP-CCL, e 73,8% (n=44) no grupo com DP e cognição intacta (DP- CI). O grupo DP-CCL demostrou mais sintomas motores axiais, apatia, irritabilidade, alucinações, sonolência diurna, desregulação dopaminérgica e distúrbios motores noturnos (dor e distonia). A frequência dos subtipos tremor- dominante (TD) e instabilidade postural-distúrbio de marcha (PIGD), e de transtorno do sono REM, não diferiu entre os grupos com DP. Pacientes com DP mostraram sintomas depressivos e ansiosos mais intensos que o grupo controle. O grupo com DP mostrou desempenho inferior em testes executivos, como torre de Londres e TMT (B-A), de abstração (Semelhanças), e testes de memória de reconhecimento visual e espacial (Aprendizado Pareado Associado e Reconhecimento de Padrões). O volume da porção central do corpo caloso diferiu entre DP-CCL e controles. O grupo DP-CCL apresentou menores volumes de subcampos do hipocampo: camada molecular, região CA1, subículo e pré-subículo. Houve contrastes nos volumes corticais independentemente da idade, sexo, escolaridade e MDS-UPDRS-3, no giros supramarginal e temporal superior (DP-CCL vs. DP-CI) à esquerda, e no giro fusiforme e em áreas temporais inferiores à direita (DP-CCL vs. controle). Mudanças de integridade microestrutural foram encontradas nas radiações talâmicas superiores, radiações ópticas, feixe fronto-occipital inferior e fascículo longitudinal superior I, no grupo DP-CCL. O estudo complementa os modelos de disseminação neuroanatômica da atrofia na DP. Demonstrou-se redução volumétrica de subcampos da formação hipocampal (CA1, complexo subicular e camada molecular), que ocorre nos estágios HY1-2, ainda com cognição intacta. O declínio cognitivo inicial inclui envolvimento cortical posterior (córtex parietal, giros fusiforme e temporal inferior). Os resultados indicaram haver vulnerabilidade seletiva dos feixes de substância branca que se direcionam ao lobo occipital, ou conectam regiões pré- frontais às parietais, ligando o DP-CCL às regiões cerebrais posteriores.



Link para a tese completa:

https://repositorio.unb.br/handle/10482/43017

Imagens-chave:







Referência

BRANDÃO, Pedro Renato de Paula. Comprometimento cognitivo na doença de Parkinson: correlatos clínicos, neuropsicológicos e de neuroimagem. 2021. 292 f., il. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde) — Universidade de Brasília, Brasília, 2021.

Orientadora: Maria Clotilde Henriques Tavares
Co-orientador: Francisco Eduardo Costa Cardoso



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