BONDADE: SERÁ ELA INATA NO SER HUMANO?
Segundo o dicionário bondade se define da seguinte maneira: Qualidade de quem tem alma nobre e generosa e é naturalmente inclinado a fazer o bem; benevolência, benignidade, magnanimidade. (Fonte: Google)
Se retomarmos algumas questões discutidas por filósofos, com por exemplo Rousseau, no qual irá dizer que, "o Homem é bom, a sociedade que o corrompe". Ou então podemos ir por um outro caminho e citar Hobbes que diz, "o homem é lobo do homem". São visões diferentes de homem, que nos leva a refletir e até mesmo questionar. Afinal, o homem é por natureza Bom? Desta simples pergunta surge inúmeras outras. Se sim, por que o mal existe e ataca o próprio homem? Será que a sociedade realmente corrompe este indivíduo? Se a sociedade corrompe o homem, da onde se originou o mal? Por que existiram e existem pessoas capazes de matar tantas pessoas, como por exemplo, Stálin, Hitler, Sadan Russem, entre outros?
Abaixo está uma breve biografia de Hobbes e algumas características particulares de seu modo de pensar, para que assim possamos então entender sua visão de Homem.
- 1.588- 1.679
- Nasceu na Inglaterra em Westport.
- Filho de pai vigário anglicano.
- Formou-se em Oxford
- Preceptor de um jovem de uma família de prestígio
- Secretário de Francis Bacon
- Leu diversas obras filosóficas
- Filósofo e cientista político
- Magnum Opus : O Leviatã
- Empirista racionalista (nominalismo)
- Defensor do despotismo político
- Idealizador do contrato social
- Perseguido por conteúdo ateísta da sua obra
"Conhecemos muito melhor uma coisa a partir dos elementos que ela se constitui. " (De Cive)
Hobbes era tido por muitos como critico fundamental das crenças religiosas e era constantemente criticado, por aqueles que não aceitavam seu pensamento ateísta e também por criar uma figura de homem antissocial.
Para finalizarmos esta primeira parte, onde Hobbes coloca o Homem com um ser naturalmente malévolo e inimigo do próprio homem, deixo esta citação:
“Fora do Estado é o domínio das paixões, a guerra, o medo, a pobreza, a incúria, o isolamento, a barbárie, a ignorância, a bestialidade. No Estado é o domínio da razão, a paz, a segurança, a riqueza, a decência, a socialidade, o refinamento, a ciência e a benevolência. ”
Rousseau terá uma visão, diferente de Hobbes, talvez podemos até ousar a dizer, que a visão do Suíço Rousseau é contraditória a adotada por Hobbes. Bom, segue a baixo uma breve biografia e também do contexto histórico de Jean-Jacques Rousseau, para podermos compreender sua visão de homem no mundo.
· Jean Jacques Rousseauparticipou da corrente de pensamento, também chamada de Ilustração/Iluminismo, dominante no século XVIII que fundamentaria a Revolução Francesa (1789 - 1799);
Representa a hegemonia intelectual da visão de mundo da burguesia europeia;
- Tem início no Renascimento, com a descoberta da razão como chave para o entendimento do mundo, e seu ponto alto no século XVIII, o Século das Luzes.
- Rousseau forneceu o lema principal da Revolução Francesa: “Liberdade, igualdade, fraternidade”.
Delacroix - A Liberdade Guia o Povo
- Teve uma juventude agitada.
- Na adolescência, encontrando os portões da cidade fechados, quando voltava de uma de suas saídas, opta por vagar pelo mundo.
- Em Contignon (França), solicitou ajuda ao pároco católico e através deste conhece Louise, futura amante que propiciará a este o estudo de música e filosofia, além do catolicismo, incentivando para que este abjure o protestantismo, como ocorrerá.
- Suas obras serão muito influenciadas por este momento de sua vida.
- Religião natural, em que o ser humano poderia encontrar Deus em seu próprio coração.
Rousseau em 1762 expõe suas ideias no "O contrato social". Salienta que o poder deve estar na mão do povo e que a população tem que tomar cuidado ao transformar direitos naturais em direitos civis, pois o homem nasce bom, a sociedade o corrompe.
A natureza humana, seria mais ou menos assim, para Rousseau:
Os homens nesse estado [de natureza], não tendo entre si nenhuma espécie de relação moral, nem deveres conhecidos, não poderiam ser bons nem maus, e não tinham vícios nem virtudes (...). Não vamos, sobretudo, concluir com Hobbes que, por não ter a menor ideia da bondade, o homem seja naturalmente mau; (...) de sorte que se poderia dizer que os selvagens não são maus justamente por não saberem o que é serem bons, pois não é nem o desenvolvimento das luzes, nem o freio da lei, mas sim a calma das paixões e a ignorância dos vícios que os impedem de proceder mal. ” (Rousseau)
“O que estes dois grandes pensadores trazem é uma discussão, pertinente não só ao mundo filosófico, mas também como produção de pensamento. A sociedade corrompe e o homem se torna inimigo do próprio homem, pois este se deteriora em primeira instância, podemos pensar assim. Ou então continuaremos nossas buscar pelo saber, e sendo assim, continuamos nos perguntando o homem naturalmente é bom?
A concepção de homem em Freud
O ser humano pode ser interpretado a partir do conceito de natureza. No dizer dos medievais, a pessoa humana é substância individual de natureza racional,compreendendo aqui o termo natureza como aquilo que é dado e que é constitutivo.
Para Freud, por exemplo, a natureza humana está ligada ao Id. O ser humano é estruturalmente constituído de Id, ego e superego. Na sua teoria psicanalítica, “o Id é o sistema original da personalidade: ele é a matriz da qual se originam o ego e o superego. […] Consiste em tudo o que é psicológico, que é herdado e que se acha presente no nascimento, incluindo os instintos” (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, p. 53). Por este fato, se comprova a existência numa natureza humana que, freudianamente falando, é marcada pelo irracional.
Esta estrutura opera por impulsos que obedecem ao princípio do prazer. Por isso é egoísta e tenta, a todo custo, satisfazer-se a si mesmo. Existem também as pulsões de vida, que incluem o desejo de perpetuar a espécie, a luta pela sobrevivência e as pulsões de morte – a agressividade, o desejo inconsciente de morrer. Guiado por estes impulsos irracionais e inconscientes, o homem luta para obter prazer e evitar a dor.
Por estas razões, vive-se um agitado e interminável conflito interior. O ego, que é a porção organizada do Id, existe “para atingir os objetivos do id e não para frustrá-los […]. Ele não existe separadamente do id, e nunca se torna completamente independente dele.” (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, p. 54). Além disso, existe o superego que cumpre o papel de agente moral interior e que censura as atitudes instintivas que vão contra o código social. Desse modo, a postura mediadora do ego vive sob o comando de três senhores: o id com suas pulsões, o ambiente externo e suas exigências éticas e o superego com suas censuras morais. A delicada situação do ego é motivo de angústia e gera um conflito interior.
Além disso, Freud postula que tudo o que o homem faz está determinado psicologicamente. Ele atribui à primeira infância grande importância naquilo que a pessoa vai desenvolver posteriormente. O determinismo psíquico que crê a psicanálise não é muito flexível a mudanças: dificilmente alguém consegue modificar aquilo que é.
Por ser a natureza humana má e egoísta é que surge a sociedade. A necessidade de organizar em civilização é, em primeiro lugar, a necessidade de manter a espécie. Este modo de pensar a sociedade logo remete o
Tudo o que o homem construiu – as artes, as ciências, suas instituições e a própria civilização – num contexto mais amplo, não passa de sublimações dos seus impulsos sexuais e agressivos. Neste sentido, pode-se afirmar que, sem as defesas é impossível a civilização, e que uma sociedade livre e sem necessidade de controle está fora de cogitação. (GUSMÃO, 1998, p. 2).
Referências: