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Três tipos de amizade (prazer, interesse e virtuosidade)

Existem tantos tipos de Amizades quantas relações humanas possíveis e, geralmente, elas são incomparáveis. Mas isso se for o que muitos chamam de amizade verdadeira. Afinal, as demais amizades não são incomparáveis, pelo contrário, vemos ela se repetir diariamente em modelos praticamente que estereotipados. Ou seja, há a amizade verdadeira e os outros tipos de amizades que nos circundam no cotidiano. Vamos buscar compreendê-las dividindo a amizade em três: as amizades por prazer, por interesse e as virtuosas.

Quem pensou a classificação das amizades dessa forma foi Aristóteles, nascido na Grécia antiga em 384 a.C.. Talvez eu não seja completamente fiel aos termos do grego por pretender escrever para um público amplo, mas indico a leitura de Ética a Nicômaco aos que buscam uma maior precisão das coisas. Esse grande pensador dividiu as amizades desta forma e ainda vemos muitas atualidades e utilidades em seu pensamento.

Falando em utilidade, a primeira amizade que podemos abordar é por utilidade ou interesse, ou seja, nesse caso há uma aproximação entre duas ou mais pessoas por haver um certo “lucro” na manutenção da relação. É a mais comum. Um problema inerente a este tipo é que assim que o outro deixa de ser interessante aos seus propósitos pessoais a amizade acaba. Eis os riscos da conveniência, pois o outro seria apenas um instrumento (descartável) para meus anseios.

A amizade por prazer é baseada no que há de agradável no outro e, neste caso, a satisfação mútua é a força que uniria as pessoas. Uma relação que busca o prazer define os momentos em que há a procura por pessoas que satisfazem essa condição, visando as companhias que podem oferecer alegrias e satisfações. Assim como a utilidade, essa amizade também tem seus dias contados, pois nem só de alegrias vivem os homens, e o prazer tem prazo de validade além de ser restrito. Não é, portanto, uma amizade para todas as horas.

Por último, encontramos a amizade virtuosa (ou verdadeira) baseada em si mesma e não enquanto um instrumento na obtenção de prazer ou utilidade. Eis a afirmação de um amigo enquanto distinto de qualquer ser humano – inclusive de si mesmo – que busca, em conjunto, um desenvolvimento das virtualidades de cada um. Cria-se um elo horizontal, em contraponto com os laços verticais e hierárquicos, andando de mãos dadas independente das contingências. Trata-se de um compromisso ético com a vida compartilhada com o outro, sem prazo de validade baseado numa crise de sua natureza fundamental, numa reciprocidade que os tornam únicos e incomparáveis. Afinal, não são temporários, mas comparáveis a elementos químicos que ao se unirem formam um composto: a amizade.

Não encontro outra forma de terminar esse texto a não ser citando o que disse Montaigne sobre seu amigo Étienne de la Boétie, que faleceu muito jovem, deixando grandes heranças para a humanidade e, principalmente, uma amizade tão rara quanto sermos o melhor que poderíamos ser:

Se me obrigassem a dizer porque o amava, sinto que a minha única resposta seria:

Porque era ele, porque era eu.

(“Parce qu’était lui, parce qu’était moi”)




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