Os espíritos precisam mesmo de nossas orações?

Para que orar por eles se já estão no plano espiritual mais próximos de Deus?

Nenhum falecido precisa de nossa oração… eles já têm a assistência dos espíritos de luz. Se um falecido precisasse de nossa oração para continuar no plano espiritual, as pessoas que são famosas aqui na Terra teriam um privilégio especial em relação àqueles que são sozinhas e não tem ninguém ou quase ninguém para orar por elas.

No entanto, uma pessoa que na Terra morreu solitária pode se encaminhar muito melhor no plano espiritual do que uma pessoa rica e famosa na Terra que tem milhões de pessoas que oram por ela…

Não se trata apenas de fazer a oração por um falecido… é preciso também que o falecido saiba captar aquela oração. Por analogia, podemos dar amor a uma pessoa aqui na Terra, por exemplo a um filho, e esse filho não saber receber o nosso amor e ainda por cima ficar bravo conosco pela forma como damos amor…

Só essa simples analogia já nos demonstra que isso depende muito mais da pessoa, do espírito, do que propriamente das orações de milhões de pessoas. Se o espírito não souber receber o amor que o enviamos, isso em nada acrescentará para ele.

Da mesma forma, podemos dar amor por anos a uma pessoa e mesmo assim essa pessoa nos desprezar e se desencaminhar na vida, mergulhando no ódio a nós e a outras pessoas.

Orações não são mágicas que tem o poder de transformar tudo… são vibrações emanadas que os espíritos e os encarnados podem captar ou não, dependendo de sua sintonia em dado momento.

Para perceber isso, façamos um teste: faça orações diárias a um traficante, a um criminoso, ou a um estuprador, ou a um corrupto por semanas ou meses, e veja se, após as suas orações, ele muda de vida e passa a ser uma pessoa de uma boa índole, abandonando o mundo do crime.

Obviamente isso não vai ocorrer… ou melhor dizendo, pode sim ocorrer, mas somente quando ele assim decidir; quando ele resolver mudar de vida e começar a olhar para a luz e não mais para a escuridão.

Uma coisa importante de se mencionar a respeito da oração é o seguinte: quase todas as pessoas fazem orações direcionadas a alguém específico, a uma ou mais pessoas determinadas. Geralmente essas são pessoas que gostamos, que temos afinidade e que desejamos ver bem.

A pergunta que todos deveriam se fazer é: por que endereçar as orações a uma pessoa?

Por que não deixar isso em aberto para que o plano espiritual distribua livremente as energias de nossas orações a pessoas que mais estão precisando delas?

Como já dissemos, é possível que uma pessoa não esteja apta a receber uma vibração amorosa, por uma resistência interna devido ao momento difícil que ela está passando…

Dessa forma, já sabendo que tal espírito não receberá aquela vibração amorosa… os espíritos de luz podem canalizar nossas energias amorosas para espíritos que estão abertos a receber as vibrações amorosas da oração… e para os espíritos que mais estão precisando de nossa oração.

Assim, recebe aquela energia quem mais está precisando delas… e recebe também quem mais está apto a receber por estar aberto e receptivo as influências positivas.

Por isso, é muito melhor, em nossas preces diárias, não personalizarmos as orações.

Vamos deixar que Deus e os espíritos de luz possam distribuir as energias amorosas das preces para que os espíritos mais necessitados delas possam recebê-las. Essa é, sem dúvida, uma atitude bem menos egoísta e muito mais desprendida e caridosa de nossa parte.

Emanar energias só para os nossos, somente para quem gostamos, é uma atitude que restringe muito o raio de ação dos espíritos… e pega apenas numa pessoa que pode não saber aproveitar aquela vibração.

Mas quando abrimos o leque a toda a humanidade, Deus e os espíritos de luz podem canalizar as energias e doar a quem mais precisa. Vejamos uma analogia… um homem resolve dar uma certa quantidade de dinheiro a um mendigo.

No entanto, esse mendigo pega o dinheiro e compra bebida e cigarro durante meses. Em poucos meses esse dinheiro acaba e ele continua na rua da mesma forma que estava antes.

Agora imagine que esse mesmo homem doa essa mesma quantia para uma organização de alta qualidade técnica. Essa organização dá cursos profissionalizantes a moradores de rua.

Oferece também comida, abrigo e chance deles se recuperarem. Depois de alguns meses, essa mesma quantidade de dinheiro doado a organização conseguiu formar 8 moradores de rua em cursos e encaminhá-las a um emprego, mudando efetivamente a vida dessas pessoas.

A mesma coisa ocorre no plano espiritual.

Essa analogia mostra o quanto a doação de energia sendo endereça a Deus e aos espíritos de luz sem um destino exclusivo pode proporcionar muito mais resultados quando doamos aos espíritos de luz que avaliam quem está aberto a receber e quem mais precisa, ao invés de doar as energias para quem não está aberto a receber e ou sequer está precisando das energias.

Por esse motivo, vamos abrir nosso leque, vamos expandir o horizonte de nossas preces e não mais nomear ou restringir para onde elas devem ir… deixemos que Deus decida quais os melhores destinos para nossa doação feita com amor.

De outra forma, será que espíritos sem luz como nós vamos enviar luz a espíritos igualmente sem luz?

Se nós que somos totalmente imperfeitos e sem luz; se quase todos nós vivemos na escuridão desse mundo, também precisamos de luz… de onde viria a nossa luz para doar luz e energia aos espíritos que também precisam de luz?

Acreditar que os espíritos sem luz precisam de nossa luz é acreditar que temos uma luz para dar… por outro lado, é acreditar que o espírito não pode despertar sua própria luz sozinho… Além disso, é acreditar também que os espíritos de luz do plano espiritual já não doam a sua luz para os espíritos que precisam de luz. Será mesmo que temos tanta luz assim para doar?

E será que o outro espírito não tem nenhuma capacidade de despertar para sua própria luz no plano espiritual?

Essa me parece uma ideia um pouco egocêntrica… de acreditar que os espíritos precisam muito de nós… que somos essenciais para os outros… que somos tão bons que podemos “salvar” um espírito com nossas orações.
Acho que precisamos nos libertar dessas ilusões religiosas… de que a oração resolve tudo… existem espíritos que nenhum encarnado ora por eles… e mesmo assim eles despertam sua luz… e outros que milhões oram por ele, e mesmo assim eles continuam na escuridão… só isso já nos mostra que as orações não fazem esse efeito que todos nós sempre preferimos acreditar.

Ao invés de doar luz… ensinemos o outro, ainda em vida, a despertar sua própria luz… ao invés de ficar dependendo da luz de outros…

Precisamos apenas nos ligar a Deus… pois ele é a fonte de toda a luz… quem já está na luz, não precisa da luz dos outros… e quem não está na luz, mesmo envolto por luz, pode não aproveitar em nada a luz que a ele emanamos… Por isso é sempre melhor ajudar o espírito a acender a sua luz do que ficar dependendo da luz de outros.
Jesus por acaso nos ensinou a orar pelos falecidos?

Ele afirmou que precisamos fazer preces aos nossos entes queridos? Ao contrário… o mestre disse: “Deixe que os mortos cuidem dos seus mortos”.

Imagine uma pessoa que chega para outra e diz… venha fulano, vamos para o caminho da luz, A pessoa responde: não quero. Então o outro insiste: venha fulano, para o caminho da luz.

O outro diz mais uma vez: não, não quero. Então insistimos dizendo: Venha fulano… a luz é boa.

O outro então pode começar a se irritar dizendo: Não, já disse que não quero ir!!!

Quero ficar aqui mesmo onde estou. A pergunta que se faz aqui é: por que ficar insistindo em levar essa pessoa a um caminho que ela já deixou claro não querer seguir?

O mesmo ocorre com os espíritos… ficar orando todos os dias para uma pessoa que não quer se melhorar, além de ser inútil, é uma grande perda de tempo… e se ela já quiser se melhorar, ela já vai encontrar a luz por si mesma, sem precisar de nossa ajuda.

Alguns dizem que nós podemos ajudar os espíritos a saírem dos ciclos viciosos de ideias repetidas de rancor e sofrimento com as preces. Mas a pergunta que faço é: Nós já saímos dessas monoideias compulsivas de rancor e sofrimento?

Nós já aderimos ao caminho da luz para que possamos estimular outros a seguir este mesmo caminho?

Ou ainda estamos, quase todos nós, também imersos num caminho de rancor e de sofrimento, muito semelhante ao que esses espíritos estão?

Ou será que nós nos encontramos dentro do mesmo poço fundo de sofrimento que desejamos retirar o outro?

E se nós estamos dentro desse mesmo poço fundo de sofrimento, será que somos capazes de “salvar” o outro?

Ou será que não seria melhor depositarmos todos os nossos esforços em nós mesmos sairmos desse poço fundo de sofrimento para que, aí sim, possamos ajudar a retirar os outros desse poço fundo de sofrimento?

Se alguém duvida disso, faça o teste: entre um grupo e peça para as pessoas orarem para que o seu sofrimento cesse… depois das orações, veja o resultado.

É possível que a pessoa obtenha um certo alívio desse sofrimento em alguns casos, no entanto, esse alívio será sempre passageiro. Se a pessoa não mergulhar na causa do sofrimento e extingui-la, pode receber milhões de orações que nada mudará seu estado.

Há mais de 10 anos temos acompanhado milhares de pessoas que pedem orações em nossos grupos nas redes sociais… e após as orações, observamos que quase nada muda, nada muda ou sua situação até piora após as orações. A situação não piora, obviamente, por causa da oração, mas piora porque a causa do seu sofrimento não foi sequer tocada por ela mesma.

Isso significa então que não podemos orar pelos espíritos?

Não… qualquer pessoa pode sim orar pelos espíritos ou pelos encarnados… Só não podemos acreditar que a oração vai salvar o outro espírito… ou que ele PRECISA da sua oração…

Todos devemos ter muito cuidado com a ideia de que o outro precisa ou necessita de algo que vem de nós. Os espíritos não precisam de nossa ajuda para se elevar, até porque só podemos ajudá-lo a se elevar caso nós já fôssemos elevados.

Por outro lado, se nenhum encarnado quisesse orar por um espírito, ele seria incapaz de seguir o caminho da luz?

Óbvio que não… Na verdade, o ser humano deseja ter a sensação de que tem o controle sobre o destino de outros… de que pode fazer a diferença na vida de alguém… de que tem o poder ou a capacidade de mudar o outro.

Desejamos sentir que temos esse poder justamente porque, lá no fundo, nos sentimos sem poder nenhum, tanto sobre os outros quanto sobre nós mesmos.

Se desejamos ajudar o outro a seguir para a luz, por que nós mesmos ainda permanecemos no erro, na escuridão, no sofrimento e na morte?

Será que ficar olhando tanto para a condição do outro não é uma fuga de tentarmos resolver a nossa própria condição de obscuridade que vivemos no sofrimento de nossas vidas? As pessoas iriam ganhar muito mais caso se concentrassem em suas próprias vidas do que em ficar tentando salvar os outros com uma luz que ainda não possuem.

Por outro lado, repetimos: será que temos mesmo essa luz para guiar os espíritos para a luz?

A oração pode, de fato, ajudar… mas o espírito pode perfeitamente se ajudar sozinhos, despertar sua luz sozinho, se ligar a Deus sem as nossas preces, sem precisar de nós… Palavras de incentivo podem ajudar uma pessoa em sofrimento?

Podem… claro…. mas podem também não ajudar. O que não podemos acreditar que aquela pessoa PRECISA, OU NECESSITA das nossas palavras de incentivo… e que, sem elas, a pessoa não conseguirá superar aquele sofrimento. O mesmo se dá com a oração…

Por outro lado, como dissemos, o melhor é deixar nossas orações sem um endereço certo, sem personalizar quem vai recebê-las, pois assim Deus as direciona para quem mais precisa… e não para quem achamos que precisa, pois nós não conseguimos julgar quem precisa mais e quem precisa menos, mas Deus sabe.

(Hugo Lapa)

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