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A carne preta continua sendo a mais barata, mas desta vez sairá cara


Acordei amargo no corpo e na alma. Pensava que era mais um dia daqueles em que iria surtar e motivos de sobra não faltaram. Ligo o rádio e ouço o acontecido no mercado Carrefour, no Rio Grande do Sul. De imediato, eu disse no íntimo: "não vai dar em nada. Somos capazes de nos indignarmos com o caso George Floyd, nos EUA, mas incapazes de lamentarmos o ocorrido em nosso país".

Meu prognóstico saiu errado (UFA!). Ao ligar a TV, vi ao vivo o prejuízo que os manifestantes estavam causando na rede de supermercado. Foi pouco. O prejuízo tinha e tem que ser mais. Já estava questionando a passividade do povo preto a tantas atrocidades ao nosso povo e pensava que nunca haveria reações como testemunhamos no dia de hoje.

Tudo que assistimos são amarras do racismo estrutural, herança de mais de quatro séculos de escravidão e trabalhos de exclusão. Não vou fazer os meus famosos históricos do sistema escravista brasileiro. Posso afirmar que o modo operacional de opressão é peculiar, à moda brasileira.

O governo federal não emitiu nenhuma nota de repúdio contra a morte do senhor João Freitas. Houve falas que mereciam o troféu FEBEAPÁ (Festival de besteira que assola o país), criado pelo jornalista Sérgio Porto em décadas passadas. O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou alto e claro que não há racismo. E o 'capitão mor do mato' disse que tudo isso é coisa de esquerda. Bom, não vou bater palma para insanos, belicosos e obtusos.

É o momento de sairmos da teoria e irmos para ação. Radicalizar se for possível e visando os alvos. É olho por olho? Não. Queremos respeito, queremos o direito de viver. Ninguém é obrigado a gostar das pessoas seja pela cor, condição social, pelo gênero ou região. Mas por causa desses motivos, não são obrigados a tirarem a nossa vida.

A luta não é nossa, o protagonismo é do povo preto. Brancos antirracistas, os que não assinaram a carta do racismo, são convidados a lutarem ao nosso lado. Aproveitem e usem as armas simbólicas que o racismo lhes deu (poder, visibilidade, projeção e segurança), usem isso para fortalecer a luta do povo preto, VOCÊ BRANCO, ganhará também nesta luta .

(Texto escrito por Fabio Nogueira, estudante de história e professor voluntário de pré vestibular comunitário.)



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