RIO — Em período de crise econômica, é fundamental os pais ensinarem os filhos sobre a importância de controlar o orçamento e conter os gastos. E o mês das crianças, quando a garotada apresenta uma lista de presentes que gostariam de ganhar – muitos deles com valores acima do permitido pelo orçamento familiar, é uma boa oportunidade para pais e responsáveis discutirem um tema atual e de extrema importância: a educação Financeira.
Especialistas em educação financeira são unânimes em afirmar que, o quanto antes o adulto começar a orientar o seu filho sobre a relação com o Dinheiro, melhor. Assim, contribui para que a criança ou o adolescente se torne um adulto sem dívidas e controlado em relação ao dinheiro, tendo uma vida financeira saudável, com menores chances de cair no superendividamento — problema que ronda inúmeras famílias brasileiras.
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Muitos defendem que o ideal é começar a tratar do tema a partir dos dois anos de idade, quando a criança passa a demonstrar desejos próprios. Essa é a fase em que terá condições de compreender que há limitações de consumo e, assim, nem tudo o que aparece nos comerciais de TV será levado para casa. A seguradora Mongeral Aegon concorda que o assunto faça parte do bate-papo entre adultos e crianças desde cedo, porém adaptado no dia a dia, de acordo com a faixa etária.
Superintendente de Educação Corporativa da Mongeral Aegon, Patrícia Campos pontua que muitas pessoas pensam no agora, mas não planejam algo que seja usufru[ido no futuro, como uma viagem ou um patrimônio.
“Com os filhos não é diferente. Através de pequenas atitudes, é possível criar a consciência de valores, seja para uma criança ou um adolescente”, reforça a especialista.
A Proteste — Associação de Consumidores ressalta que, quem aprende a controlar sua mesada na infância e adolescência, tem mais chances de equilibrar suas finanças a vida inteira. Mas alerta: o adulto deve mostrar que “querer” é diferente de “precisar” e, para facilitar a conversa, pode lançar mão de brincadeiras. Jogos, cartilhas, personagens que estimulam a imaginação infantil, entre outras atividades lúdicas, são grandes aliados no processo de educação financeira dos pequenos, defende a associação.
Para ajudar nesta tarefa, há dois anos, a Proteste publicou em seu site uma cartilha, que chamou de “Gibi da Mesada”, onde as crianças conhecem a história de Laurinha e Bruno. Ela tem nove anos e adora milk-shake, roupas e brinquedos. Ele tem dez anos e curte esportes e games. Numa divertida história em quadrinhos, eles vão descobrir como planejar os gastos e usar bem a mesada para que ela dure mais. E mais: ao final da história, há um modelo de orçamento para a mesada. O objetivo é mostrar para a criança que deve gastar somente o valor que os pais disponibilizam para ela e a valorizar o que ganha.
Confira algumas dicas elaboradas pela Universidade Mongeral Aegon que podem ajudar na hora de ensinar para a criançada o valor do dinheiro e a importância de planejar e controlar os gastos:
— Um bom momento para introduzir o assunto é quando a criança aprende a contar. Nessa fase, dar moedas e explicar o sentido de valores, e não quantidade, é importante. Tudo ao seu tempo. No início, cinco moedas de dez centavos valem mais que apenas uma de cinquenta.
— A partir de sete anos, uma boa alternativa é introduzir a mesada. Esta é uma boa forma para que a criança passe a ter noção de prioridades, tomada de pequenas decisões e gestão do próprio dinheiro. É importante ressaltar que a mesada não tem como objetivo cobrir gastos básicos como alimentação, transporte e material escolar.
— Um aliado para esta fase é o Jogo dos Quatro Porquinhos. Nele, a criança define para onde irá cada parte do dinheiro acumulado: ‘Sr. Agora’ para gastos emergenciais; ‘Sr. Desejo’, que trabalha o tema poupança, algo para um futuro próximo; o ‘Sr. Bonzinho’, que representa uma doação; e o ‘Sr. Futuro’ estabelece noções de investimento, como uma previdência privada para a criança, dinheiro para ser utilizado a longo prazo. Para ‘’brincar’’, os pais podem providenciar cofres em forma de porquinhos e colocar plaquinhas com os nomes de cada um dos “personagens”.
— Na adolescência, trabalhe a consciência empreendedora. Além de contribuir com o desenvolvimento de habilidades como administração, negociação, estimula a criatividade e a inovação, além de reforçar a importância do contribuir e colaborar.
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