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Aprendizados do tatame levados para a vida


Aulas gratuitas de Muay-Thai, Judô, Luta Olímpica, Jiu-Jitsu e Capoeira da Usina de Campeões ocorrem no galpão de 400 metros quadrados anexo à Refi naria de Petróleos de Manguinhos – Eduardo Uzal

Olhares compenetrados, atenção às orientações dos mestres e máximo empenho na postura perfeita para desferir os golpes. Quem pensou estar diante de uma aula de MMA para adultos se enganou. Toda essa determinação vem de crianças e jovens, entre 6 e 20 anos, que participam da Usina de Campeões, no galpão de 400 metros quadrados, anexo à Refinaria de Petróleos de Manguinhos, Zona Norte do Rio, na Avenida Brasil. Eles não brincam em serviço e demonstram total comprometimento com as aulas de MMA (Mixed Martial Arts), oferecidas aos moradores dos arredores da empresa.

As aulas são de segunda a quinta-feira, em dois turnos: pela manhã, de 8h30m até 10h30m, e de 14h até 16h30m. Os alunos impressionam tanto pela extrema concentração ao aplicar os golpes, quanto pela enorme alegria em participar do programa. Esta é a grande chance de praticarem lutas marciais gratuitamente. A maioria, cerca de 90%, segundo Pedro Rizzo, coordenador do Projeto social, provém de áreas carentes da cidade, e não teria a oportunidade de estar matriculada numa escola que ensina lutas marciais. Os atletas, atualmente cerca de 300, ganham quimonos, luvas e lanche.

Não faltam exemplos de crianças e jovens que se descobriram nas lutas de MMA. Além da melhora no rendimento escolar, passaram a ter comportamento mais confiante e compenetrado em seus afazeres do dia a dia e em casa, e aumentaram a autoestima com a prática contínua da atividade física. Muitos foram levados até a Usina de Campeões por amigos, e logo se encantaram pelas aulas de Muay-Thai, Judô, Luta Olímpica, Jiu-Jitsu e Capoeira.

Ângela Lima da Costa, 17 anos, moradora de Benfica e estudante da oitava série do Ensino Fundamental, é um exemplo disso. Uma amiga, aluna do projeto, convidou-a para assistir a um treino. A jovem viu ali nos tatames a oportunidade para fazer um esporte. Ela acredita que foi paixão à primeira vista e logo no dia seguinte fez sua inscrição.

– Olhei o pessoal treinando, gostei e disse que era o que eu queria fazer. Gosto mais de Muay Thai, mas faço aulas de outras modalidades também. Estar aqui mudou muito a minha vida. Hoje tenho mais concentração, determinação e sigo com autoestima elevada.

Também comecei a melhorar na escola. Para mim, a Usina de Campeões é como uma família, quando não posso vir treinar por algum motivo, sinto falta – conta a jovem atleta.

Ângela já traz em seu curto currículo de atleta conquistas expressivas. Este ano, no Mundial de Jiu-Jitsu disputado no Rio, ela conquistou a medalha de prata em sua categoria e no campeonato estadual foi campeã em Luta Olímpica.

– Quero ser uma grande lutadora – afirma de forma determinada.

TREINO EM FAMÍLIA

Ana Clara Alves da Silva, de nove anos, também moradora de Benf ica, é outro caso de incentivo vindo de uma integrante da Usina de Campeões. Sua prima, Giovanna Veríssimo, de sete anos, que mora no mesmo bairro, já participava do projeto social da refinaria e convidou Clarinha, como é conhecida no grupo, para conhecer o galpão. A aluna do terceiro ano do ensino fundamental adorou o que viu e já está há quase um ano participando das aulas.

– Eu vim meio desconfiada, mas logo me apaixonei pelos treinos. Não falto um dia. Prefiro a capoeira, e faço outras aulas que também gosto muito. Na escola estou melhorando minhas notas. Tirei até um 10 em Geografia! – diz Clarinha, animada.

A prima Giovanna Veríssimo, que conheceu o projeto por conta de um amigo, também é só elogios para a Usina de Campeões. E assim como os outros alunos, ela também acredita que melhorou muito o seu rendimento escolar.

– Eu adoro estar aqui. É muito bom. Faço muitos amigos e gosto muito de lutar. Estou convidando vários amigos. E, cada vez mais, tenho tirado melhores notas na escola – conta a Giovanna, aluna do segundo ano do Ensino Fundamental.

MELHORA NA SAÚDE

Uma das histórias mais emocionantes e emblemáticas do projeto social vem de Yhago Roberto Guimarães Biliom de Souza, de seis anos. O morador de São Gonçalo sofre de uma doença rara e pouco conhecida a POCS, que é um tipo de epilepsia que afeta o sono, processos cognitivos e causa distúrbio do comportamento. Monitorado desde bebê por médicos, depende do uso diário de medicamentos. Sua mãe, Vânia Guimarães Biliom de Souza, de 40 anos, soube da Usina de Campeões e foi buscar ajuda no local para que o filho pudesse praticar uma atividade física.

Vânia contou a história de Yhago, sensibilizando a equipe do projeto. Mesmo sem ter a idade mínima para participar, pois ainda não tinha seis anos completos, foi aceito excepcionalmente. Yhago logo se adaptou às atividades físicas e, desde então, há um ano, são perceptíveis as melhoras em seu comportamento.

– Não tenho palavras de gratidão pelo que a Usina fez por ele. Estar no projeto tem sido tudo para o Yhago. Houve uma grande mudança na vida dele. O mais incrível é que todas as vezes em que ele vai ao médico não é preciso mais aumentar a dosagem do medicamento. Acho que foi pelo esporte que ele conseguiu isso. Ele adora estar lá. Sente falta quando não posso levá-lo e pergunta: ‘Mãe, hoje não tem Usina?’. Não tem preço ver a felicidade de um filho – conta emocionada Vânia.

Yhago pratica Capoeira, Jiu-Jitsu e Judô.

– Gosto mais de Jiu-Jitsu. E fico muito feliz quando estou lutando – conta o mascote do grupo.

A ALEGRIA DE ENSINAR

O projeto conta com a participação do campeão Raoni Barcelos, que dá aulas para a garotada no galpão da Usina. Filho de um dos expoentes do Jiu-Jitsu no Brasil Laerte Barcelos, o atleta é apontado como um dos mais promissores lutadores do MMA do país, inclusive com cotação de grande promessa no UFC. Raoni coleciona títulos nacionais e internacionais, entre eles o Resur rection Fighting Alliance (RFA), medalha de prata no Pan-americano Junior, ouro no Sul-americano e bronze nos Jogos Sul-americanos de 2015.

– Passo o meu conhecimento e eles me devolvem energia e afeto. Essa troca tem sido maravilhosa em minha vida. A convivência com eles é contagiante e ajuda muito na minha carreira de atleta profissional. Raoni observa ainda que muitas crianças buscam no projeto um abraço, um carinho. E é assim que os profissionais vão ajudando na autoconfiança dos alunos:

– Elas passam a acreditar em você. E quando a criança dá um abraço sincero, não tem preço. Além disso, falo para eles sobre a importância de serem bons cidadãos. Não precisa só ser campeão. Ser uma pessoa do bem vale ainda mais – completa Raoni.

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