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Doutor Zé Ruela

Recentemente escrevi sobre a falta de pauta no Fantástico que passou a exibir matérias irrelevantes. Semana retrasada foi sobre uma mulher que tinha o "dom" de ler textos de ponta cabeça e de trás para frente. Ontem foi igualmente sofrível.

Era a história de um Zé Ruela qualquer, dentista, que mesmo exercendo essa função não esqueceu sua paixão: a música. Em seu consultório, entre uma consulta e outra, ele tocava em um violãozinho mequetrefe uma canção que parecia um Los Hermanos adaptado para a harmonia do Palavra Cantada; Ruim demais.

Eu estava esperando na história alguma marca de superação, como "...a música salvou sua vida quando ele estava em estado terminal depois de ser atacado por Leões albinos infectados como vírus do ebola com mutação nível 4", mas não. Ele simplesmente decidiu ser dentista porque obviamente dá mais dinheiro do que seu "dom" artístico.

Mas não sei por que raios a Globo decidiu apostar neste "sonho" e chamou um segundo Zé Ruela, americano que mora no Brasil, e " maestro" na orquestra Filarmônica de Ipaussurama do Bom Jesus (não lembro o nome da cidade, então, pela importância da matéria, escolhi uma a altura).
Foi então que o Fantástico promoveu o encontro de Master Joseph Little Street (Maestro Zé Ruela americano) com o Doutor Zé Ruela. O maestro fingiu ser paciente para conhecer a linda história do dentista.

Após revelar sua verdadeira identidade, o dentista se mostrou surpreso, mesmo com a câmera, cinegrafistas, cabo man, repórter, luz e todos os equipamentos do Fantástico lá cobrindo a consulta. E então Joseph Little Street convidou Doutor Zé Ruela para ter aulas de maestria.

O doutor simplesmente pegava a "vara" do Maestro como se fosse os palitinhos de comida japonesa. Não tinha noção e talento nenhum. O maestro americano percebeu e então começou a dar relaxo. Convidou o dentista para conduzir sua orquestra no dia seguinte. E o songo mongo aceitou.

Foi um tremendo papelão. O Fantástico tentava dar um ar de dramaticidade e emoção por realizar o sonho do Dr. Ruela e mostrar sua superação por ter conseguido ser maestro em 1 dia, mas não teve o cuidado de esconder que na verdade o verdadeiro maestro estava ao lado conduzindo o som, fazendo com que o dentista fosse só um figurante.

Ao final, o maestro chegou por trás do dentista, pegou seus dois braços e balançou como se fosse o bonecão do posto, aquele boneco inflável que balança os braços pra chamar a atenção. Só faltou entrar uma escola de samba e os cavalinhos do brasileirão pro espetáculo ser completo.

Ainda é tempo, Fantástico, eu sei abanar minhas orelhas. Dá uma puta matéria.


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