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Disputado em 10 cidades diferentes da Alemanha, o Euro começa em Munique com o Alemanha-Escócia (sexta-feira, 14 de Junho, às 20 horas) e termina exatamente um mês depois no Olympiastadion, em Berlim. No Grupo A, a anfitriã Die Mannschaft fará um tour por Munique, Estugarda e Frankfurt, acompanhada por 3 equipas que tudo indica ser irão apresentar com 3 centrais.
Aos 36 anos, Julian Nagelsmann tem o peso de uma exigente nação nos ombros. O herdeiro de Löw e Flick sabe que a História abona a favor dos alemães em competições organizadas por eles: em 1974, a Alemanha Ocidental venceu a Holanda de Cruyff na final do Mundial, disputada em Munique, e tanto no Euro'88 como no Mundial 2006 os alemães conseguiram chegar às meias-finais. Falhar esse Top-4 será defraudar o passado. Qualificada automaticamente, a Alemanha não pôde realizar um apuramento competitivo, o que permitiu ao precoce Nagelsmann realizar experiências atrás de experiências (chegou a testar Kai Havertz a lateral-esquerdo). A equipa perdeu os amigáveis iniciais (Áustria e Turquia) mas endireitou-se, acabando por aparecer em bom plano diante de oponentes com outro estatuto como a França (2-0) e os Países Baixos (2-1). Um momento determinante na caminhada desta Alemanha aconteceu a 22 de Fevereiro de 2024, quando Toni Kroos anunciou que regressaria à seleção naquela que entretanto sabemos será a sua despedida em definitivo dos relvados. Com o quarterback do Real Madrid como organizador, jogadores com ADN vencedor (o 11 misturará Bayern Munique, Bayer Leverkusen e Real Madrid) e talentos geracionais como Musiala e Wirtz, a Alemanha pode sonhar.
Para dificultar a vida aos da casa, e focados em escrever um trajeto notável, temos Escócia, Hungria e Suíça. Em comum, a disposição tática alicerçada em 3 centrais, muitíssimo diferente porém nas dinâmicas (Suíça e Hungria usarão melhor os corredores, a Escócia irá povoar mais o corredor central com vários médios combativos).
Destas três nações, a Suíça é quem tem apresentado maior sucesso recente. Os helvéticos passaram sempre a fase de grupos em todas as grandes competições desde 2014 (3 mundiais e 2 europeus, caindo sempre nos oitavos exceto em 2020, quando chegaram mesmo aos quartos-de-final). No entanto, a qualificação não foi brilhante (2º lugar atrás da Roménia num grupo bastante acessível) e há dúvidas se Murat Yakin estará à altura dos trabalhos de Petkovic ou Hitzfeld.
Quanto à Hungria, é inequívoco o crescimento desta seleção: basta pensar que em 2018 estavam na Liga C da Liga das Nações e entretanto estão no patama A) Os húngaros, orientados há 6 anos pelo italiano Marco Rossi, festejaram um primeiro lugar sem qualquer derrota no apuramento (deixaram a Sérvia, teoricamente com outros argumentos, em 2º) e convém não esquecer a impressionante Liga das Nações 22/ 23, quando no Grupo 3 da Liga A conseguiram superar em pontos Alemanha e Inglaterra. Dominik Szoboszlai, hoje jogador do Liverpool, é o capitão e o talismã, carregando a sua seleção jogo sim, jogo sim.
A Escócia também está mais forte com Steve Clarke, ex-adjunto de José Mourinho no Chelsea. Os escoceses confirmaram o seu bilhete com apenas uma derrota num grupo ganho pela Espanha (Escócia venceu a Espanha, com um bis de McTominay, em Glasgow) e no qual a Noruega de Haaland e Odegaard terminou 6 pontos atrás dos scots. Com menor qualidade técnica mas muita energia, os jogos desta equipa prometem ser bom entretenimento caso o 5-4-1 não se deixe afundar num bloco muito baixo.
Ao antecipar o Grupo A, temos que apontar a Alemanha ao 1º lugar, com a equipa da casa a poder totalizar 7 a 9 pontos. Logo na primeira jornada, o Hungria-Suíça será determinante nas contas do grupo, interessando em particular o duelo à distância entre Gulácsi e Sommer. Teremos uma fluida Alemanha, uma Hungria em que os jogadores vão levantar a cabeça e procurar o inspirado Szoboszlai, podendo faltar golo à Suíça e à Escócia.
- Guarda-Redes: Manuel Neuer (Bayern Munique), Marc-André Ter Stegen (Barcelona), Oliver Baumann (Hoffenheim)
- Defesas: Joshua Kimmich (Bayern Munique), Benjamin Henrichs (RB Leipzig), Jonathan Tah (Bayer Leverkusen), Robin Koch (Eintracht Frankfurt), Waldemar Anton (Estugarda), Antonio Rüdiger (Real Madrid), Nico Schlotterbeck (Borussia Dortmund), David Raum (RB Leipzig), Maximilian Mittelstädt (Estugarda)
- Médios: Toni Kroos (Real Madrid), Robert Andrich (Bayern Munique), Aleksandar Pavlovic (Bayern Munique), Pascal Gross (Brighton), Ilkay Gündogan (Barcelona)
- Extremos/ Avançados: Thomas Müller (Bayern Munique), Florian Wirtz (Bayer Leverkusen), Leroy Sané (Bayern Munique), Jamal Musiala (Bayern Munique), Chris Führich (Estugarda), Kai Havertz (Arsenal), Deniz Undav (Estugarda), Niclas Füllkrug (Borussia Dortmund), Maximilian Beier (Hoffenheim)
Baixas: Serge Gnabry, Timo Werner; Ausências: Mats Hummels, Leon Goretzka, Julian Brandt.
Equipa-Base (4-2-3-1): Neuer; Kimmich, Tah, Rüdiger, Mittelstädt; Kroos, Andrich; Wirtz, Gündogan, Musiala; Havertz
Depois de muito experimentar, Nagelsmann estabilizou satisfeito com uma ideia. O 4-2-3-1 alemão, ocasionalmente mais 4-3-3 ou mais 4-4-2 losango de acordo com os momentos do jogo, terá Toni Kroos como pensador. Toda a Alemanha vai passar pelos pés do jogador, que qual relojoeiro vai procurar controlar e ditar o ritmo de jogo.
Neuer é o preferido de Nagelsmann, tendo mostrado em jogos recentes (meias-finais da Champions e num amigável da Seleção) ser capaz de borrar a pintura depois de somar defesas extraordinarias, e Tah-Rüdiger têm a confiança do selecionador, que riscou Hummels mesmo depois do central do Dortmund ter sido o melhor defesa na Liga dos Campeões. Mittelstädt procurará dar sequência à boa temporada no Estugarda, tal como Andrich, jogador-chave de Xabi Alonso no Leverkusen, que será o guerreiro protetor de Kroos.
- Guarda-Redes: Yann Sommer (Inter), Gregor Kobel (Borussia Dortmund), Yvon Mvogo (Lorient)
- Defesas: Silvan Widmer (Mainz), Fabian Schär (Newcastle), Nico Elvedi (Gladbach), Cédric Zesiger (Wolfsburgo), Leonidas Stergiou (Estugarda), Manuel Akanji (Manchester City), Ricardo Rodríguez (Torino)
- Médios: Denis Zakaria (Mónaco), Ardon Jashari (Luzern), Vincent Sierro (Toulouse), Remo Freuler (Nottingham Forest), Granit Xhaka (Bayer Leverkusen), Michel Aebischer (Bologna), Fabian Rieder (Young Boys)
- Extremos/ Avançados: Dan Ndoye (Bologna), Steven Zuber (AEK), Renato Steffen (FC Lugano), Xherdan Shaqiri (Chicago Fire), Rubén Vargas (Augsburgo), Breel Embolo (Mónaco), Noah Okafor (AC Milan), Zeki Amdouni (Burnley), Kwadwo Duah (Ludogorets)
O grande desafio de Yakin estava em encontrar quem desse largura e acrescentasse velocidade a partir da esquerda, e Dan Ndoye parece ser uma excelente solução para a até então lacuna. Quem tem Xhaka e Freuler tem qualidade a recuperar e pensar, restando apenas dúvidas relativamente ao trio da frente - Shaqiri tem apenas 32 anos mas está afastado da alta roda há vários anos, e não nos surpreenderá se Okafor e Amdouni reclamarem como suas as posições que em teoria estariam entregues a Embolo e Rubén Vargas.
(Previsão: Oitavos-de-final, eliminada pela Ucrânia)
- Guarda-Redes: Peter Gulácsi (RB Leipzig), Denes Dibusz (Ferencváros), Péter Szappanos (Paksi)
- Defesas: Loïc Nego (Le Havre), Bendegúz Bolla (Servette), Endre Botka (Ferencváros), Willi Orban (RB Leipzig), Attila Szalai (Friburgo), Ádám Lang (Omonia), Márton Dárdai (Hertha), Botond Balogh (Parma), Milos Kerkez (Bournemouth), Zsolt Nagy (Puskas Akadémia), Attila Fiola (MOL Fehérvár)
- Médios: Ádám Nagy (Spezia), Mihály Kata (MTK), András Schäfer (Union Berlin), Dániel Gazdag (Philadelphia Union), Krisztofer Horváth (Kecskeméti TE), László Kleinheisler (Hajduk Split), Callum Styles (Sunderland), Dominik Szoboszlai (Liverpool)
- Extremos/ Avançados: Kevin Csoboth (Újpest FC), Roland Sallai (Friburgo), Martin Ádám (Ulsan Hyundai), Barnabás Varga (Ferencváros)
Equipa simples nos seus processos (eficazes) e com o onze totalmente identificado, a Hungria apresentará no certame alemão um 3-4-2-1 com muita energia nos corredores e 100% pensada para retirar o melhor aproveitamento do melhor jogador que apareceu no futebol húngaro desde os tempos antigos.
O trio de centrais não é incrível, mas é bem protegido por Nagy e Schäfer (Kleinheisler poderá ser um bom suplemento vitamínico no refrescar do meio-campo) e nos corredores Nego à direita e Kerkez à esquerda terão ordem para subir sem pedir licença.
Varga e Sallai não são nenhuns portentos de técnica mas são jogadores muito esforçados, e é provável que se deixem contagiar por Dominik Szoboszlai. Esta equipa é dele.
- Guarda-Redes: Angus Gunn (Norwich), Zander Clark (Hearts), Liam Kelly (Motherwell)
- Defesas: Anthony Ralston (Celtic), Liam Cooper (Leeds United), Grant Hanley (Norwich), Scott McKenna (Copenhaga), Jack Hendry (Al Ettifaq), Ryan Porteous (Watford), Kieran Tierney (Real Sociedad), Andy Robertson (Liverpool), Greg Taylor (Celtic)
- Médios: Ross McCrorie (Bristol City), Kenny McLean (Norwich), Ryan Christie (Bournemouth), John McGinn (Aston Villa), Billy Gilmour (Brighton), Callum McGregor (Celtic), Ryan Jack (Rangers), Scott McTominay (Manchester United), Stuart Armstrong (Southampton)
- Extremos/ Avançados: James Forrest (Celtic), Lewis Morgan (NY Red Bulls), Tommy Conway (Bristol City), Lawrence Shankland (Hearts), Che Adams (Southampton)
Enquanto que Suíça e Hungria terão bem marcadas as linhas de 3 e de 4 na disposição dos seus jogadores em campo, a Escócia pode cair na tendência de se afundar com um quinteto atrás. Essa pode ser, aliás, uma estratégia de Steve Clarke para deixar o campo curto para os adversários, forçando-os a tentarem cruzar e cruzar, sem sucesso.
Angus Gunn é um guarda-redes bastante capaz, e na defesa a principal dúvida está no papel de Hendry. Com qualidade a sair a jogar, coisa que Hanley ou Porteous não têm, o jogador do Al Ettifaq tanto pode surgir como central do lado direito ou mesmo como ala, relegando Ralston para o banco.