A Ford anunciou um corte profundo em 90% de seu lineup nos EUA. A montadora americana vai tirar do mercado a maior parte de seus sedãs, buscando assim focar mais em produtos de rentabilidade, como picapes e utilitários esportivos. A mudança de rumo não é novidade para quem acompanha os rumores sobre o assunto. A gigante de Dearborn já vinha desenhando essa ação, que agora tornou-se oficial.

Com isso, a Ford vai tirar de cena os modelos Fiesta e Focus atualmente vendidos por lá, bem como Fusion e Taurus. Permanece o esportivo Mustang, mas a alteração também levará um produto europeu para o mercado americano, o aventureiro Focus Active, que deve ser importado, pois não há planos para produção desta geração nos states. Note que a marca está quase desesperada para que seu portfólio seja quase que totalmente “fora de estrada”.

O motivo é a busca por lucratividade no setor, visto que quase todo o lucro obtido em 2017 veio de operações americanas, amargando prejuízos em regiões importantes, como a América Latina e a China. Apenas a Europa, fora dos EUA, teve lucro. Ainda assim, a Ford registrou lucro líquido de US$ 1,74 bilhão ante US$ 1.6 bilhão de 2016, mas a margem caiu de 6,4% para 5,2% no mercado americano. A montadora quer ter margem de lucro de 8% globalmente e 10% nos EUA até 2020.

Para isso, vai cortar tudo o que não der dinheiro. Se antes os US$ 14 bilhões previstos em cortes de custos era enorme, agora será ainda maior: US$ 25,5 bilhões. É como se a Ford tivesse que pagar o Dieselgate da Volkswagen, por exemplo. Mas, quem vai pagar mesmo é o cliente Ford, que não terá muitas opções dentro da marca, exceto de SUVs e picapes.

Com este movimento, a Ford também quer reforçar sua posição na China, mantendo todos os modelos cortados nos EUA. Nessa mudança de rumo, quem sai perdendo é o México, que deixará de produzir Fiesta, Focus e Fusion, exatamente os modelos vendidos no Brasil, mas que de lá apenas o último vem. O Fiesta nacional já mudou para se sustentar por mais algum tempo, ficando isolado.

O Focus argentino deve dizer adeus, pois nenhum movimento foi feito para trazer a nova geração. E por fim, é pouco provável que a Ford traga o Mondeo da Espanha, visto que até lá o futuro do modelo é incerto, devido ao custo elevado de uma próxima geração, pois haverá menos compartilhamento de peças e também porque crossovers e SUVs ganham terreno também no continente.

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