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A Geografia e os nomes dos brasileiros – onde estão os seus xarás?

Mapa dos habitantes brasileiros chamados Raimundo, em relação ao total de habitantes, por estado

O IBGE possui um Censo Nacional de Nomes. Isso mesmo: com base nos dados do Censo Demográfico de 2010, podemos consultar quais os nomes próprios mais populares no Brasil por sexo e por década, a evolução do uso de um Nome ao longo das décadas, a presença de um determinado nome em cada estado ou município, dentre outros dados.

Além da simples diversão, este serviço também pode ser um excelente recurso para o professor de Geografia. Investigar a presença de determinados nomes em diferentes estados ou regiões e em diferentes épocas, permite abordar em sala de aula temas da Geografia Cultural: a partir da observação das origens de tais nomes, pode-se perceber traços culturais marcantes que dizem muito sobre a formação do povo brasileiro, as influências e transformações culturais ocorridas ao longo das últimas décadas, dentre diversos outros aspectos.

Abaixo, alguns exemplos de como é possível explorar estes dados.

Gráfico de distribuição do nome Romário

É notória a proliferação repentina de Romários entre a população brasileira nos anos 1990, com uma abrupta queda na década de 2000. O período coincide com o momento de maior destaque na carreira do futebolista Romário, momento em que Este Nome passa a receber maior destaque midiático, especialmente durante e após a Copa do Mundo de 1994. Isto demonstra a influência do futebol sobre a cultura brasileira.

Gráfico de distribuição do nome Pietro

Um nome pouco comum no Brasil até a década de 1990. Com o avanço da globalização, nomes estrangeiros passam a ser mais conhecidos entre os brasileiros, por conta do avanço das trocas culturais e das telecomunicações/mídia. Dadas tais condições, nomes até então incomuns entre nossa população passam a se repetir com maior frequência.

Gráfico de distribuição do nome Maria

Segundo o IBGE, Maria é o nome que mais se repete no Brasil, havendo mais de 11 milhões de pessoas com este nome. Ou seja, a cada 20 brasileiros e brasileiras, alguém se chama Maria.
Este nome tem forte conotação religiosa para os cristãos, havendo três personagens bíblicas chamadas Maria, o que dá origem ao nome Três Marias para o cinturão da constelação de Órion. O gráfico permite constatar que este nome sempre esteve presente de forma maciça entre a população brasileira. Sofre um boom juntamente com o boom demográfico da população, entre as décadas de 1950 e 1960, e sofre um gradual declínio entre as décadas de 1970 e 1990, quando outros nomes começam a se popularizar. A partir dos anos 2000, o nome volta a ter sua profusão destacada. Este período coincide com a expansão das religiões neopentecostais, o que me fez inicialmente acreditar que houvesse alguma relação entre os dois fenômenos. Entretanto, um amigo professor atentou ao fato de que a maioria dos neopentecostais não confere grande importância ao papel de Maria mãe de Jesus, a principal Maria bíblica.

Gráfico de distribuição do nome Gabriela

O nome Gabriela começa a se popularizar na década de 1960, atingindo forte profusão a partir da década de 1970. O período coincide com a popularização do livro Gabriela, Cravo e Canela, do escritor baiano Jorge Amado. A obra foi adaptada para tv em três produções, sendo uma da Rede Tupi (1960), e duas da Rede Globo (1975 e 2012), além de cinema (1983), quadrinhos (1975) e fotonovelas (1975).
No gráfico, fica claro que a profusão do nome aumenta de forma coincidente com o período que a obra literária ganha mais adaptações audiovisuais, a partir da década de 1970.

Tabela: habitantes brasileiros chamados Raimundo

Conforme já era possível visualizar no mapa do início do post, Raimundo é um nome mais popular nas regiões Norte e Nordeste. Isto pode ser checado mais detalhadamente na tabela acima, e coincide com o fato de que há grande devoção a São Raimundo Nonato, santo católico que, inclusive, batiza uma cidade no sertão do Piaui e um dos clubes de futebol mais populares do Amazonas.

Gráfico de distribuição do nome Getúlio

O nome Getúlio sofre grande profusão a partir da década de 1930, atingindo seu auge na década de 1950, o que coincide com o auge do getulismo. Com o gradativo declínio desta corrente política, este nome também foi caindo em desuso.

Os nomes e casos aqui citados são alguns exemplos de como o professor pode abordar este recurso em sala de aula. Uma investigação detalhada da origem e profusão dos nomes dos alunos pode vir a calhar, despertando o interesse destes pelos aspectos históricos e culturais, permeados pelo espaço, de nosso povo.

A base de dados completa está inteiramente disponível, de forma gratuita, no site do IBGE.

 


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