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O Que É — E O Que Não É — Conteúdo para EaD

Há 14 anos trabalhando com a produção de programas de Educação a Distância (EaD), nunca vi uma etapa tão negligênciada quanto a produção de conteúdo. E não importa se estou falando de cursos no mundo corporativo, ou no mundo acadêmico — ambos pecam nessa etapa, em aspectos diferentes.

No Mundo Corporativo, se peca pela falta. Quase todo cliente que diz ter “todo conteúdo prontinho”, refere-se a alguns arquivos de PowerPoint de treinamentos internos desatualizados, alguns PDFs de instruções e mais alguns comentários feitos numa reunião de Diretoria na qual ficou clara a necessidade do treinamento. Como Designer Instrucional (DI), não é estranho você se ver cercada desses materiais, tendo que extrair daí algo com começo, meio e fim — para roteiros de telas, vídeos, games e, se ainda possível, alguma avaliação de curso.

Já no Mundo Acadêmico, se peca pelo excesso. Módulos online com duração de 20 a 30 minutos recebem apostilas enciclopédicas, com páginas e mais páginas de texto — engessado na maior parte das vezes — contendo todos os pontos possíveis, imagináveis e levemente relacionados ao assunto em questão; com referências e citações de todas as pessoas que possam um dia ter pensado sobre o tema (ou que ainda venham a pensar).

Em comum nos dois casos, apenas uma coisa:

ISSO NÃO É CONTEÚDO PARA EaD!

Por conta desses desafios, a maior parte dos Designers Instrucionais está acostumada (embora nem sempre preparada ou qualificada) a fazer essa ponte entre o conteúdo e as atividades de Design Instrucional propriamente ditas (Planejamento, Roteirização, Storyboard etc.). Mas se o seu foco é produzir conteúdo para cursos online independentes, ou mesmo produzir cursos corporativos e acadêmicos por conta própria, e você não é um profissional de EaD — e nem sabe se poderá contratar um para lhe ajudar, existem algumas coisas que eu gostaria que você prestasse atenção, pois irão aumentar muito a qualidade do seu conteúdo.

1. Conteúdo é Discurso.

Não importa se o seu curso será pura leitura, pura narração, uma mistura dos dois, vídeo-aulas, games ou composto da interação que for: escreva como se estivesse conversando com alguém sobre o assunto. Pense em discurso, pense em TED Talks. Um DI pode lhe ajudar para que seu conteúdo tenha começo, meio e fim — e para que ele seja apresentado da maneira mais interessante e eficiente, no meio ou ferramenta que você desejar — mas só o especialista (que chamamos de conteudista) pode saber o que dizer sobre o tema, como dizer e em que profundidade. Não deveria ser responsabilidade do DI preencher lacunas ou editar conteúdo sobre tópicos que não domina completamente.

2. O Objetivo do Conteúdo é Transformar.

Poderia dizer muita coisa sobre “Objetivos de Aprendizagem” — mas esse não é o momento, nem essa a questão fundamental por aqui. A verdadeira questão é: que diferença seu conteúdo pretende fazer na vida daqueles que entram em contado com ele? De uma maneira bem prática mesmo, por exemplo: treinamento para padeiros, depois dessa módulo espera-se que ele seja capaz de fazer pão. Boa parte das empresas que procuram uma empresa de EaD para produção de um curso online querem que este curso resolva um problema: aumente vendas, mude comportamentos específicos, resolva alguma deficiência da equipe etc. E quase todas, também, tentam fazer isso com um conteúdo que “dê ciência” sobre determinado tema. Seu problema é aumentar vendas? Vamos falar sobre técnicas de venda. Seu problema é segurança? Vamos falar sobre segurança. Como o profissional que recebe o treinamento vai traduzir esse conhecimento em prática diária, fica por conta dele.

Seu conteúdo só é relevante na medida que consiga oferecer uma proposta de transformação de um determinada realidade (ponto A) a outra determinada realidade (ponto B) — um DI pode “gameficar” o quanto você desejar seu conteúdo, mas se essa transformação não for pensada na coluna dorsal do seu conteúdo, se ela não estiver presente nele, o efeito do conteúdo mais interativo do mundo é nulo. E se informação e “ciência” sobre um determinado assunto é tudo o que você pode ou quer oferecer no momento, talvez seja melhor dar um livro e não produzir um curso — não há porquê se envolver no meio de uma produção complexa, custosa e de alto comprometimento, quando alguns livros podem ser muito mais transformacionais, gastando muito menos.

3. Conteúdo é um “Entregável”.

Esta é uma questão bem clara para quem produz cursos online independentes — mas me surpreende o quanto ela não é compreendida no Mundo Corporativo — tanto porque não o produzem dessa maneira quanto porque não contratam essa etapa — afinal de contas, o conteúdo “está prontinho” não é mesmo?

Vamos usar nosso exemplo de “Vendas” — a empresa X quer produzir um curso que melhore o desempenho dos seus vendedores. Eles identificaram que seus vendedores:

  • Não conhecem o produto.
  • Não sabem como abordar o cliente.
  • Não sabem esclarecer as principais dúvidas que surgem sobre o produto.

Assumindo essa ótima situação (clareza no porquê do treinamento), no melhor dos cenários, você vai receber:

  • As fichas técnicas do produto.
  • Um material de “Técnicas de Venda” que o contratante goste (um arquivo PowerPoint de um treinamento interno, a indicação de um livro ou profissional de vendas que eles admiram).
  • Um FAQ que muitas vezes está disponível no site — mas é claro, não está atualizado para as últimas especificações do produto.

Se você acha que isso está ok, volte ao primeiro tópico. Se você já entendeu para onde estamos indo: ISSO NÃO É CONTEÚDO. Esses são insumos que uma pessoa (seja o especialista/conteudista ou o especialista em treinamento) irá transformar em discurso; com começo, meio e fim; sobre o tema. Isso pode ser produzido por um Designer Instrucional? Em alguns casos, diante da complexidade do assunto e competências profissionais do DI, pode — mas não faz parte das atividades base do DI relacionadas a planejamento, roteirização e storyboard. E definitivamente não faz, quando se orça uma produção de curso online com o compromisso de que “o conteúdo está prontinho”. Tempo específico deve ser alocado, e uma entrega específica (normalmente uma apostila com texto e imagens relacionadas) deve ser definida.

Somente com esse conteúdo em mãos — essa apostila final que define o recorte e escopo completo daquilo que deverá ser trabalhado online – o DI poderá fazer um trabalho competente de planejamento, roteirização e storyboard.



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