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Seguindo os dias



Antes mesmo do sol nascer - eram precisamente 5 horas da madrugada... - tocou hoje meu telefone. Nunca é coisa boa quando o telefone toca numa hora dessas. Eu atendi depois da minha Lolinha - que tem uma extensão no criado-mudo ao lado de sua caminha, minha preocupada princesa... - e a voz, do outro lado da linha (reconhecendo a minha voz) foi logo dizendo:

-"Oi, Rosa... Aqui é a Isabel. Desculpa eu ligar neste horário, mas eu vi que você já tá acordada... Olha, o meu Guilherme faleceu esta madrugada, eram 3 horas..."

Eu não sei o que dizer quando isso acontece, vocês sabem? Dona Isabel é minha vizinha de frente, cujo marido vinha lutando contra um câncer de vesícula desde o começo de 2015. Desta vez, internado prá retirar mais metástases que se enroscavam em sua coluna, impedindo-o de andar, sucumbiu a uma bactéria feroz adquirida no hospital...

Não sei o que dizer e nem me lembro o que disse, na verdade... Sorte minha que Meu Marido quis pegar o telefone - ainda estava dormindo e acordou todo assustado - e ele sim sabe o que dizer. 

Eu nem no velório posso ir - não sirvo prá consolar ninguém. Sou totalmente imprestável. Olho prás pessoas chorando, sofrendo e acabo chorando e sofrendo mais do que elas... No velório de uma das queridas tias do meu marido eu chorava tanto, quietinha no meu cantinho, que o irmão mais velho dele até zombou de mim, dizendo que eu nem era da família, que meu choro devia ser fingimento, necessidade de atenção... Todo mundo conversando normal uns com os outros, falando do carro novo, do emprego, da vida - e a pobre da velhinha deitada gelada com seu rostinho curtido pelo tempo parecendo falar comigo sobre a inevitabilidade da morte, a brevidade da vida...

Por sorte meu marido me entende, sabe que meu coração é um mosaico de caquinhos quebrados, que por vezes derrete como manteiga no sol - e aí tem que me deixar chorar até secar o que me molha a alma.

Bom, o certo é que finalmente "seu" Guilherme voltou prá casa. Parou de sofrer - e estava sofrendo muito o pobrezinho. Homem forte: participava todo ano da Corrida de São Silvestre (e sua esposa conta, orgulhosa, que mesmo com aquela idade chegou no lugar 68 da última vez que participou). Aqui na vizinhança ele era muito querido: trocava telhas, vidraças quebradas, remendava calçadas, levava gente no médico, quando a pessoa não tinha quem ajudasse. Prá meu marido chegou a alugar um dos carros, uma vez anos atrás quando nosso poizé tava no conserto...

Mas não retornei ao blog prá falar de coisas tristes - pelo menos não apenas delas.

Minha enteada está bem melhor, graças a Deus. O hematoma gigante que ela tinha no útero já está diminuindo de tamanho, parte foi embora em um dos sangramentos, parte foi absorvido pelo corpo dela  - e a gravidez segue seu curso, bem monitorada. Graças a Deus e à toda família ajudando.

Fiz um rosário prá dar de presente prá minha irmã Fátima. Sonhei que fazia um rosário prá ela - no sonho ela ficava tão feliz! Acordei animada, peguei um colar de cristais que eu tinha - cristais brancos -, peguei um crucifixo de madrepérola que comprei nas férias passadas, numa feira de artesanato em Aracaju (que eu planejava usar numa corrente ao redor do pescoço, mas sempre adiava comprar a tal corrente... )- procurei uma sobra de frio Susy branca (de uma blusa linda que fiz prá Naninha) e enfiando as contas no fio duplo eu crochetei o tal rosário (ou terço, como queiram chamar). Olhem como ficou lindo:








Acondicionei numa caixa bonita que eu tinha - acho que era de relógio, nem me lembro... Ela adorou, como no meu sonho. Às vezes os sonhos viram realidade, não é bom?

Estes meses passados foram tão corridos! Apesar de muitas coisas passarem batidas, algumas delas a gente percebe de um jeito ou de outro, por imposição da vida - parece até que a vida faz questão que a gente preste atenção nelas e então as esfrega bem na nossa cara, já perceberam?

Alguma borboleta colocou ovos nas folhas das palmeiras do meu jardim - e volta e meia caiam no chão as horríveis e enormes taturanas... Uma delas - não sei como! - passou por debaixo do vão da porta, escalou a cortina da copa e foi ali adormecer:




À noite, com as asas totalmente secas, a danadinha me assustou voando prá dentro da sala, enquanto eu assistia um pouco de TV com o "Marildo". Ele a pegou com muito jeito e soltou fora de casa. 

Hoje pela manhã nasceu mais uma outra - e outras virão, dos casulos escondidos pelo meu quintal. Cada uma a seu tempo, depois de acordarem do seu sono de beleza... Não é mágico? A casquinha do casulo é aquela mesma pele horrível da lagarta...

Talvez a morte seja como o sono da lagarta - e do outro lado a gente acorde com asas (eu gostaria disso...).

Pode ser que minha vizinha Dona Isabel fique ressentida por eu não ir no velório hoje à noite - mas meu marido sempre pode dar a desculpa de eu não estar boa de saúde (desculpa que é a mais pura verdade, aliás... Há duas noites que não consigo dormir por causa das dores no quadril, resultado do frio que anda fazendo. Onze graus não é temperatura prá mim, não mais...).

Bom, mas Deus sabe o que se passa em meu coração. Sempre que posso ajudar, ajudo - e Dona Isabel, quando o inverno começou, veio aqui em casa se socorrer de mim. O marido estava internado, ela havia começado um colete pro neto e mediante tanta preocupação, fazia e desmanchava, fazia e desmanchava o tal colete...

-"Rosa, você faz tricô tão bem, me dá uma luz aqui? Onde é que eu tô errando?... Parece que esse colete não sai!"

Tão magrinha e abatida, pesando uns 36 ou 37 quilos! Eu falei prá ela deixar o tricô comigo, que ela tinha que se cuidar, descansar prá aguentar o tranco das visitas ao marido no hospital... Num instantinho, mesmo com a artrose nos polegares, desmanchei o colete e fiz do zero, no tamanho do neto dela - e com a lã que sobrou fiz um gorro pro menino...


Pelo menos prá isso eu sirvo.

E ando fazendo bolsas e mochilas. Bolsas térmicas. Prá namorada do meu filho, prá irmã dela (que veio de visita à família, mas mora no Chipre!)... Prá Fernanda, outra prá Tia Joanita, uma prá minha enteada.

Preciso trabalhar sempre, me ocupar, nunca jamais posso deixar preocupações e dores me deixarem prostrada, pensando desesperanças e medos. Trabalho é remédio. Trabalho e oração, sempre. Porque o coração, acima de qualquer parte do corpo, precisa permanecer sadio - até porque parece que somente sobre ele eu consigo ter algum controle.

Esta mochila linda eu fiz prá Naninha, depois de assistir um vídeo no Youtube:





O vídeo é este aqui:


A moça que faz a mochila é uma portuguesa com um sotaque lindo demais, adorei assistir várias vezes. Pena que não consegui entrar no blog dela, é só prá pessoas convidadas - e eu não sei como ser convidada, peninha, né?

Mas acho que no blog dela não tem os moldes, pois ela os vende no Face - então eu criei meu próprio molde prá fazer essa mochila - se depois alguém quiser as medidas eu faço uma postagem passando. Foi uma mochila muito fácil de fazer e ficou uma graça, vocês não acham? Só que eu fechei por dentro de um jeito diferente do dela, usando viés interno prá unir as partes - acho que fica mais seguro, do jeito dela pode ficar mais bonito, mas o forro fica solto, meio esfrangalhado, não gosto muito.

Estou pensando em fazer bolsas prá vender - uma amiga minha diz que a irmã dela vende no trabalho por mim, se eu quiser... Torçam por mim prá eu conseguir fazer algumas bolsas prá vender, quero comprar uma máquina de costura nova prá dar de presente prá alguém muito amado que vai fazer muito bom uso dela - e quero ser eu a comprar, nada de pedir pro Marildo ou pro filhinho, a ideia é minha, o trabalho deve ser meu. 

Se esse empreendimento der certo eu ainda mostro prá vocês...

Agora vou lá fora, por roupas no varal. 

E espiar se tem mais borboletas nascendo...


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