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Podcast #090 – Dr. Souto Fala Sobre Frutas, Leguminosas, Leite E Bacon Na Dieta Low-Carb E Cetogênica

Low-carb é como um remédio: você vai ajustar a dose para a intensidade necessária, ou seja, para o quão doente a pessoa está.”

Dr. José Carlos Stumpf Souto

Até hoje, já tivemos dezenas de convidados do mais alto calibre em nosso podcast.

E falamos sobre muitos assuntos: de dieta para gestantes até performance esportiva — passando por colesterol, pressão alta, e muito mais.

Sendo que, dentre todos estes convidados, o Doutor Souto se destaca, por ser o mais pedido pelos nossos leitores e ouvintes, e ser um dos episódios mais populares que já tivemos.

Então, após mais de 2 anos desde a primeira entrevista, eis que trazemos o Doutor Souto novamente para nosso podcast.

A ideia era guardarmos este episódio para ser o número 100 — mas o conteúdo ficou tão bom que a Gente não se segurou.

E, ouvindo o podcast até o final, você vai entender o porquê: olha alguns dos assuntos que tratamos.

  • feijão e leguminosas na dieta low-carb: quem pode comer, e quem deveria evitar,
  • a verdade sobre beber caldo do feijão (sem comer o grão),
  • por que a low-carb pode ser um remédio,
  • leite e low-carb: por que o Dr. Souto tem adicionado leite ao seu café,
  • a importância de reconhecer os alimentos que são “gatilhos” para você,
  • o bacon e a ilusão do “zero carboidrato”,
  • como ler os rótulos (e o que olhar quando for comprar alimentos),
  • conservantes, corantes, aromatizantes, emulsificantes e afins — o que pode comer, e o que é melhor evitar,
  • frutas são saudáveis? Talvez não da maneira como você imagina,
  • por que você pode estar em cetose e engordar (e como entrar em cetose para emagrecer),

e muito, muito mais.

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Abaixo você encontra nosso agradecimento aos apoiadores que possibilitam este projeto ser um sucesso.

E também a transcrição completa do episódio.

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Tem episódios novos todas as segundas e sextas-feiras.

Obrigado Aos Apoiadores Do Podcast

Bem-vindo a mais um podcast do Senhor Tanquinho. 

Somos Guilherme e Roney, e aqui a nossa missão é deixar você no controle do seu corpo. 

Antes de irmos ao episódio em si, queremos agradecer aos apoiadores que tornam este projeto possível.

Apoiador #1 — Loja Online Tudo Low-Carb

Este podcast é um oferecimento da loja online Tudo Low-Carb

A Tudo Low-Carb é uma loja que vende somente produtos que se encaixam numa dieta low-carb e cetogênica

Lá você vai comprar de tudo, desde farinhas low-carb até adoçantes como xilitol, eritritol, e estévia.

Além de temperos e produtos naturais, feitos com comida de verdade. 

Nós conhecemos pessoalmente Eliana, fundadora da loja.

E ela nos garantiu que monitora constantemente os valores para que a Tudo Low-Carb tenha os melhores preços dos adoçantes xilitol, eritritol e da farinha de amêndoas.

Então, se esse é seu caso, se você quer comprar ingredientes para receitas low-carb, recomendamos acessar a Tudo Low-Carb — porque lá é garantido que você vai encontrar. 

Apoiador #2 — Medidor de cetonas Uaiketo

Esse podcast também é um oferecimento do Uaiketo — e o que é o Uaiketo? 

O Uaiketo é um aparelhinho que serve para medir o seu nível de cetose através do hálito. 

A gente achou muito interessante esse aparelho porque você pode saber o seu nível de cetose sem ter que furar o seu dedo ou fazer um exame de sangue para isso. 

É um aparelho realmente revolucionário no mercado — e o mais legal é que o Uaiketo é uma tecnologia 100% brasileira. 

O Iago, criador deste aparelho, entrou em contato com a gente, e a gente achou super legal divulgar essa iniciativa —  é por isso que hoje o Uaiketo é um dos patrocinadores aqui do podcast. 

A gente recomenda que você conheça esse aparelho, se a sua intenção é saber o seu nível de corpos cetônicos. É só acessar uaiketo.com.br.

Apoiador #3 — Nossos alunos do Guia Dieta Cetogênica

Este podcast só existe graças aos alunos do nosso programa VIP Guia Dieta Cetogênica

O Guia Dieta Cetogênica é um curso em vídeo com todas as informações, passo a passo, para você seguir uma dieta cetogênica de sucesso. 

E como bônus para você que escuta os nossos podcasts, a gente colocou dentro do programa, na área de membros especiais, todos os nossos livros e manuais digitais já publicados até hoje. 

Então, são centenas de receitas. Tem também o nosso livro de apoio, com 120 dúvidas sobre alimentação saudável respondidas, com prefácio do Dr. José Neto, um livro super elogiado por profissionais como Dr. Rodrigo Bomeny, Danilo Balu e por vários e vários convidados que já passaram pelo nosso podcast.

E ainda tem tabelas, infográficos, textos explicativos, resumos em pdf, um grupo secreto no Facebook e muito, muito mais. 

Então, convido você a conhecer o nosso programa Guia Dieta Cetogênica.

Transcrição Completa Do Episódio Com O Dr. Souto

Guilherme: Olá, Tanquinho, olá, Tanquinha, sejam bem vindos e bem vindas a mais um episódio do nosso podcast. 

Hoje, recebemos novamente o nosso querido Dr. Souto. 

Nós já o entrevistamos no episódio 26, e foi o convidado mais pedido para retornar aqui no podcast. 

Tudo bem, Dr. Souto, como é que você está?

Dr. Souto: Tudo bem, obrigado pelo convite.

Roney: Muito obrigado pela presença, Souto. Hoje vamos abordar com você algumas das perguntas que a gente mais recebe dos nossos fãs, leitores e seguidores. 

Feijão E Leguminosas Na Low-Carb

E, vamos começar com a seguinte, é possível encaixar, consumir leguminosas no contexto de uma dieta low-carb?

Dr. Souto: Então, essa é uma pergunta que ela é feita, eu acho que muito em função da dieta paleolítica.

A ideia que vem ali dos anos 2000, onde isso bombou, especialmente com o livro da Paleo Diet, the Paleo Solution, que falava que os nossos antepassados não plantavam grãos.

Eles não tinham agricultura.

Então não tinha trigo, centeio, aveia, cevada, mas também não tinha o consumo de leguminosas — que seriam o feijão, lentilha, o grão de bico, e o amendoim, por exemplo. 

Acontece que as leguminosas têm uma variação grande nos seus macronutrientes. 

Se nós formos ver, o amendoim é relativamente pobre em carboidratos e bastante rico em gorduras.

Enquanto que, se a gente for olhar o feijão, por exemplo, ele é cerca de 70% amido.

Se a gente for olhar uma lentilha, em torno de 50% amido. 

Então, salvo se a pessoa tem alguma intolerância especificamente às leguminosas — e existe uma teoria não comprovada, mas é uma teoria de que as leguminosas aumentariam a permeabilidade intestinal e poderiam ser um problema para as pessoas que têm doenças autoimunes

Tirando esse aspecto, eu acho que para quem não tem essa limitação…

O consumo de amendoim, por exemplo, pode tranquilamente ser feito dentro da low-carb.

E existem graus de low-carb: então nós temos desde os indivíduos que precisam fazer uma dieta cetogênica, para ter um melhor controle do seu diabetes, ou para controlar melhor o seu peso, e nós temos indivíduos que são metabolicamente saudáveis, que já estão no peso, para os quais uma low-carb moderada basta. 

O que seria uma low-carb moderada? A pessoa vai tirar grãos, farináceos, trigo, aveia, centeio, cevada, e açúcar. 

Mas pode consumir ainda frutas, pode consumir ainda tubérculos, como batata, mandioca, batata doce.

E nesses casos, se a pessoa quiser comer um pouco de feijão ou lentilha, eu não vejo nenhum problema. 

Seria ainda uma low-carb, mas uma low-carb moderada e não uma cetogênica

E O Caldo De Feijão?

Guilherme: Com certeza, Dr. Souto. 

E uma pergunta que a gente recebe quando explica essa questão dos carboidratos, do feijão, as pessoas muitas vezes replicam com, “e se eu beber só o caldinho, sem comer o grão, ainda pode ou não pode?”. Como que funciona?

Dr. Souto: Eu acho que a pessoa tem que ter ideia, do motivo pelo qual ela tá fazendo a low-carb.

Então, digamos que seja um paciente diabético e de difícil controle.

Às vezes aquele amido que tá dissolvido no caldo do feijão pode ter algum impacto na glicemia.

Porque afinal, o caldo do feijão originalmente era água — como é que ele engrossou? 

Se ele engrossou, é porque algum amido ali tem. 

Mas vai ter menos amido do que no grão do feijão.

Então um pouquinho de caldo provavelmente não vai ser um problema. 

Se você é uma pessoa que tem dificuldade de controle da glicose no contexto do diabetes, eu sugiro fazer o que eu sugiro que todo diabético faça, que é medir na ponta do dedo, no glicosímetro, o impacto.

Quer dizer, você mede antes de consumir, consome o alimento, mede 60 ou 90 minutos depois para ver se teve uma elevação significativa da glicemia ou não. 

O que eu sugiro para esses ouvintes, é que eles comam as carninhas que estão dentro da feijoada: então a linguicinha, a costelinha de porco, que vão ter o sabor do feijão — mas certamente com menos carboidrato.

Low-Carb É Como Um Remédio

Roney: Certo, com certeza, Souto. 

Então, basicamente, se a pessoa não tem intolerância aos antinutrientes do feijão, não tem nenhum tipo de reação quando ingere as leguminosas — a gente fala feijão, mas inclui feijão, lentilha… 

E também não tá numa low-carb tão restrita, não tem esse problema do controle da glicemia sanguínea, então a gente pode dizer que provavelmente é ok ela consumir feijão.

Mas se, por exemplo, ela entrar no famoso platô de perda de peso, talvez o feijão seja aí uma primeira coisa para se mexer, né.

Dr. Souto: Acho que sim, eu diria que para quem está buscando a abordagem low-carb visando perda de peso, eu sugeriria que a pessoa tirasse o feijão e a lentilha, e talvez considerasse reintroduzi-los depois, numa fase de manutenção, se quiser, se desejar. 

Eu me refiro mais àquelas pessoas que fazem uma low-carb moderada buscando saúde, mas que não têm nenhum problema de peso e nem um problema metabólico.

Então, indivíduos magros, que fazem atividade física, que não têm diabetes, não têm resistência à insulina

Bem, essas pessoas podem fazer a retirada do açúcar e dos farináceos, que é o que realmente mais causa problemas, mas não vejo que essas pessoas precisem, necessariamente, parar de comer frutas, ou parar de comer batata, batata doce ou feijão. 

Então, tem que individualizar a situação. Low-carb é como um remédio: você vai ajustar a dose para a intensidade necessária, ou seja, para o quão doente a pessoa está.

A Verdade Sobre O Leite Na Dieta Low-Carb

Guilherme: Excelente, perfeitas colocações. 

Outro alimento que gera dúvidas e até polêmica entre os nossos leitores e seguidores é o leite.

Isso acontece porque muita gente se acostuma facilmente a trocar o Leite, deixa de lado — troca por creme de leite, por exemplo — enquanto outros não ficam sem. 

E, recentemente, a gente soube que o senhor anda fazendo café com espuma de leite, isso também deu o que falar. 

Qual é a verdade do leite no contexto da dieta low-carb?

Dr. Souto: Isso prova que qualquer coisa pode dar o que falar, né. 

Bom, vamos lá, pessoal. O leite tem cerca de 10 gramas de carboidrato em 200 ml, então um copo de leite vai ter cerca de 10 gramas de carboidrato. 

Quando eu faço espuminha do leite, eu tô colocando, talvez, uns 20 ml de leite, e eu vou usar aquele mini mixer para colocar a espuminha. 

Então, vamos fazer a regrinha de três: se em 200ml de leite tem 10g de carboidratos, em 20 ml tem 1g.

Um grama de carboidrato é menos carboidrato do que tem na gema do ovo. 

Vocês sabiam que a gema do ovo tem carboidrato? Para quem não sabe, tem glicogênio ali, e o glicogênio é o carboidrato, tem cerca de justamente 1,2 gramas de carboidrato, mais ou menos. 

Então, ninguém tá propondo uma dieta de zero carboidrato, seria realmente difícil você fazer uma dieta de zero carboidrato: se você comer fígado, tem glicogênio ali, tem carboidrato também. 

Quando você come uma alface, tem um pouquinho de carboidrato. 

Então, 20 ml de leite e nada em termos de carboidrato, é a mesma coisa, e diria mais, o carboidrato do leite é lactose, lactose é 50% galactose e 50% glicose. 

Só a glicose vai impactar significativamente a sua glicose no sangue, a sua glicemia, de modo que galactose, metade dela, que é a glicose, vai ter um impacto. 

Então, não dá para superestimar a quantidade de glicose. 

Lógico, se a pessoa for beber um litro de leite por dia, aí nós estamos falando de cerca de 50% gramas de carboidrato, aí é muito né.

Guilherme: Bastante: ainda mais na forma de leite, que por estar na forma líquida não traz tanta saciedade quanto se a pessoa comesse isso nos vegetais, por exemplo, nos legumes de baixo amido.

Dr. Souto: É, então, tem gente que não digere bem a lactose, aí são outros problemas.

A pessoa poderia até, se fizer muita questão, tomar um leite sem lactose. 

Mas existem alternativas, o pessoal pode usar um leite de coco, leite de amêndoas, um leite de castanhas, se quiser muito ter aquela… vamos dizer, um líquido branco para que o shake não fique aguado. 

Agora, para quem digere razoavelmente a lactose, não é 20 ml de leite que vai fazer diferença na low-carb de ninguém.

E vou dizer mais para vocês, eu tenho às vezes paciente de consultório que o indivíduo tem uma ligação muito sentimental com aquele café com leite que ele toma de manhã.

E eu negocio isso, eu digo assim: olha, desde que você não coma pão, não passe geleia, não fique comendo arroz, batata, farinha, biscoito…

Desde que você evite esses carboidratos piores, eu tô aceitando que você tome esse seu café com leite.

Vai ter o que, 150 ml de leite ali. Então, se você fizer as contas, 150 ml de leite vai dar cerca de 7 gramas de carboidrato, dos quais metade é galactose. 

Então, é bom botar em perspectiva, é bom fazer as contas. 

E Se Eu Comer Só Um Pouquinho…

Roney: Sem dúvidas, Souto, então mais uma vez, assim como no caso das leguminosas, também é um pouco de questão de quantidade.

E também de saber se você tem algum tipo de intolerância ao leite. 

E, nesse caso, a pessoa que tá ouvindo a gente pode tentar expandir esse pensamento e falar, “ah, mas se então eu posso tomar um pouquinho de leite, então, será que eu posso comer um pedacinho daquele chocolate normal, sem ser o 99% cacau? Será que eu posso por colherzinha de açúcar no meu café?”, que também vai ter aí os seus 2, 3, 4, 5 gramas de carboidratos.

Dr. Souto: É uma boa pergunta, eu acho que a gente tem que pensar na resposta da seguinte forma.

O leite, vamos combinar que é um produto nutricionalmente bem completo, tá certo, é aquilo que a natureza escolheu para fazer aleitamento exclusivo no início da vida humana, por exemplo, por pelo menos seis meses. 

Então, ele é um alimento nutricionalmente denso; a colherzinha de açúcar não é nutricionalmente densa, ela tá acrescentando apenas açúcar no seu café, e então eu acho que cada caso deve ser levado, assim, individualmente. 

Eu tendo a sugerir para as pessoas que não usem o açúcar no café.

Eu acho que aí é você acrescentar apenas coisa ruim, é diferente de você colocar um alimento mais completo como o leite — além do que o leite não é exatamente uma coisa que vai deixar você viciado. O açúcar vai. 

Então, o açúcar você vai beber, e aquele açúcar vai dar vontade de beber mais coisas com açúcar, vai dificultar o desmame do açúcar em outras coisas. 

Eu acho que o mesmo raciocínio, a gente pode pensar em termos do chocolate. 

Você realmente vai conseguir comer só um pedacinho daquele chocolate normal, com açúcar? 

Porque eu consigo comer só um pedacinho de um chocolate 85% ou 90%, porque ele é pouco doce, ele não gera aquele desespero do vício. 

Agora, um chocolate 60% cacau, por exemplo, já é uma coisa que se eu experimento e me dá vontade de comer a barra inteira

Porque aquilo reaviva dentro da pessoa aquele vício por doce, que vamos combinar, boa parte de nós têm, e a maioria das pessoas que sofre ou já sofreu com sobrepeso ou obesidade, tem algum grau de compulsão alimentar

Então, acho difícil que alguém seja compulsivo pelo leite, mas as pessoas são compulsivas por açúcar, então eu diria que o ideal mesmo é minimizar o açúcar. 

Se você acha que você vai conseguir comer só uma pequena pontinha do chocolate, aquele com mais açúcar, provavelmente não vai fazer muita diferença. 

Vamos pegar um outro exemplo, o mel. 

O mel é 80% sacarose, então o mel basicamente é a mesma coisa que açúcar de cana com um pouquinho de água, e se a pessoa disser, “ah, mas eu vou usar só uma colherzinha de chá rasa de mel”, isso provavelmente não vai nem tirar uma pessoa da cetose, de tão pouco carboidrato que é, se ela tiver fazendo uma dieta cetogênica. 

E, se ela conseguir comer essa pequena quantidade, se isso a satisfaz, daqui a pouco não é um problema, então eu acho que é sim uma questão de quantidade. 

Eu tendo a ser um pouquinho mais radical com açúcar porque eu acho que ele leva a compulsão e acaba sendo uma espiral de consumo.

Conheça Seus Gatilhos

Guilherme: Perfeita colocação, e eu gostei de uma frase que você falou, que foi no sentido de, eu acredito que ninguém é compulsivo, viciado em leite. 

Mas, se alguém que tiver ouvindo a gente agora, sabe que é compulsivo e viciado em leite, aí nesse caso, talvez, para essa pessoa em específico — que com certeza é uma minoria perto do tanto de pessoas que têm essa vontade despertada pelo açúcar, pelo chocolate — para essa pessoa talvez seja melhor minimizar o leite também, se também vai ser um alimento gatilho para ela. 

Dr. Souto: Guilherme, você colocou muito bem.

E eu acrescentaria, isso vale para alimentos low-carb também, então eu volto e meia comento isso, muita gente já sabe que eu adoro pasta de amendoim. 

Pasta de amendoim é um alimento low-carb.

Mas eu evito de comprar na minha casa porque eu não tenho maturidade para ter um pote de pasta de amendoim aberto, que eu não consigo parar de comer, mesmo ele sendo baixo em carboidrato. 

Queijo vai ser um problema para emagrecimento para muitas pessoas, embora seja um alimento extremamente pobre em carboidratos. 

Mas ele é hiperpalatável, ele é muito gostoso, ele tem mais gordura do que proteína, então, nesse sentido, ele não favorece tanto o emagrecimento. 

Então, realmente, se a pessoa quando bebe um pouco de leite, acaba bebendo um litro, melhor não comprar. 

Guilherme: Com certeza, eu passo esse problema com o queijo que você mencionou. 

E aí a gente acaba se conhecendo e criando algumas regrinhas: eu gosto muito de queijo, e justamente por isso eu não compro sempre, eu compro uma vez por semana no máximo, para comer ao longo do final de semana.

E depois eu não tenho no dia a dia, porque é necessário a gente ter esse grau de conhecimento e de controle. 

A gente tem que saber que mesmo alimentos que são nutritivos como o queijo, se consumidos em excesso, e se a gente tem propensão a consumi-los em excesso, podem atrapalhar os nossos objetivos.

Dr. Souto: Uhum, concordo. 

A Importância Da Nuance

Guilherme: E um outro ponto também interessante, só complementando aquilo que a gente falou da questão das quantidades, é que muitas vezes as pessoas, parece que elas tem o desejo de buscar o sim ou o não: “esse alimento é low-carb ou ele não é low-carb”.

Uma linha binária, que coloca os alimentos entre bons e maus, e às vezes elas querem achar justamente as exceções, a ponto de buscar “ah, mas é só um pouquinho, só um pouquinho”.

E às vezes é difícil estabelecer esse limiar, igual a gente mencionou: 10 ou 20 ml de leite para fazer uma espuma não é nada, um litro de leite é muito.

Mas algum ponto aí no meio a balança começa a virar de um lado pro outro. 

Então, também é importante ter um pouco de senso crítico para poder moderar essa questão das quantidades, porque não é tão preto no branco, “pode ou não pode”. Muitas vezes a gente até gostaria de que fosse para poder simplificar as respostas, as análises ou o que seja.

Dr. Souto: É, por isso que algumas estratégias bem simples acabam tendo sucesso, embora elas sejam mais rígidas e mais difíceis, assim, de seguir como, bom, vamos comer apenas bicho e planta. 

Quer dizer: carne, peixe, frango, ovos, salada e só. 

É difícil errar com uma estratégia desse nível de simplicidade, aí você está abolindo todos os laticínios, então você não vai nem ter o exagero de calorias do queijo, nem daqui a pouco os carboidratos do leite, você também não vai o exagero de calorias e a hiperpalatabilidade das pastinhas, pasta de amendoim, castanha de caju, que é uma delícia. 

Então, se você exclui todas essas coisas, a chance de dar certo é altíssima, o problema é as pessoas viverem com esse nível de restrição no longo prazo, então eu prefiro pensar da seguinte forma, vamos pensar nesse núcleo que eu comentei, que são as carnes de todos os tipos, carne, peixe, frango, porco, ovelha, ovos e saladas, no sentido de folhas e legumes que a gente refoga, coisas como brócolis, berinjela, abobrinha, pimentão. 

Então, se você ficar com esse núcleo, e de vez em quando der uma escapadinha com alguma frutinha doce, com um pouquinho de uma pasta de amendoim, com um pouquinho de leite para uma espuminha e tal, aí você consegue organizar o pensamento, porque se não é isso que você disse, as pessoas se perdem em detalhes. 

O Bacon E A Ilusão Do Zero Carboidrato

Roney: Exatamente, Souto, e nessa questão aí de dividir os alimentos que o Guilherme tinha tocado, tem também muita gente que vem perguntar pra gente de um outro símbolo tão famoso das dietas low-carb e cetogênica, que é o bacon

As pessoas falam, “nossa, mas eu fui comprar bacon no mercado e tinha um ou dois gramas de carboidratos por porção” — eu não sei se essa porção é de 30 gramas ou de 100 gramas — “então aí eu não comprei, eu preciso me preocupar? Qual bacon que vocês consomem? Onde vocês compram?”. 

E a gente fala, mas é justamente essa questão do leite, e o que eu vou falar pra essas pessoas, assim, que têm essa divisão de alimentos zero carboidratos ou não serve. 

Dr. Souto: É porque, provavelmente, as pessoas têm a ilusão do zero carboidrato.

Então é importante que elas se deem conta de que uma coisa tem 1 ou 2 gramas de carboidrato, é irrelevante.

Porque a dieta ocidental padrão, essa dieta que leva tanta obesidade, tanto diabetes, ela é uma dieta que frequentemente ultrapassa 300 gramas de carboidrato — e carboidrato do pior tipo, carboidrato refinado, farináceo e açúcar. 

Então, você tira a maioria disso e você vai ficar com que, com aqueles carboidratos que estão presentes nos vegetais, por exemplo. 

Quando você come um tomate, você tem muito mais carboidrato do que no bacon, então você vai comer um tomate, vai comer o que, 3 ou 4 gramas de carboidrato líquido ali, descontando a fibra. 

E as pessoas não estão tão preocupadas assim com brócolis e tomate, então talvez haja essa ilusão de que o carboidrato tem que ser zero. 

Por que que se usa açúcar no bacon? Muitas vezes é por questões tecnológicas, do processo de cura da carne, é uma quantidade mínima, tanto que frequentemente você vai olhar o rótulo e consta ali o açúcar como ingrediente, mas na tabelinha às vezes tá zero carboidrato.

Porque, quando é abaixo de meia grama por porção, você pode arredondar para zero, então é tão pouquinho que isso me lembra aquelas pessoas que perguntam, “nossa, tô em jejum, mas eu tive que tomar um Tylenol, e aí eu vi que tinha amido no comprimido, e aí foi tudo por água abaixo, sai da cetose, quebrei o jejum“. 

Então, bom senso né pessoal, imagina a quantidade de carboidrato que tem num comprimido, olha o tamanho do comprimido.

O Que Olhar Nos Rótulos Dos Alimentos

Guilherme: Com certeza, com certeza. 

Acredito que muito vem também da surpresa das pessoas de falar “vou comprar um tipo de carne curada”, que no caso o bacon, e vê que tem açúcar nos ingredientes, ou lactose e fala, “nossa, mas isso não deveria estar aqui”.

É a sensação de que não deveria ter açúcar ali ou mesmo alguns conservantes, algumas coisas assim que o pessoal identifica nos rótulos.

E a gente sabe que às vezes têm alimentos, nutrientes, ingredientes que talvez não devessem estar lá.

Se você for pegar aqueles peitos de peru, ou muitos presuntos, apresuntados comerciais, vai ter um monte de coisas ali além do peito de peru, por exemplo. 

Mas às vezes eles estão presentes em quantidades pequenas, então, quando o pessoal vai ler o rótulo nesse tipo de coisa, especialmente de alimentos curados, especialmente, mas pode ser para outros alimentos também, que tipo de coisas são às vezes sinais vermelhos que eles tem que ficar atentos? Ou que tipos de coisas pode deixar passar?

Dr. Souto: A resposta é um pouco mais complicada do que parece. 

Eu diria, assim, a primeira coisa que todo mundo tem que prestar atenção é que o rótulo é dividido em duas partes: uma parte descritiva que tem os ingredientes, eles estão em ordem do que tem mais para o que tem menos, e aí tem uma tabelinha. 

Então, por exemplo, se o primeiro ingrediente for uma coisa completamente absurda, do tipo, açúcar, do tipo, amido, então você já descarta, obviamente ele não é um alimento adequado para quem vai fazer uma dieta low-carb. 

No entanto, se você tem, vamos pegar um exemplo típico que é consumido por muita gente que faz low-carb, o chocolate amargo, o chocolate 80% cacau, você vai ter cacau como um dos primeiros ingredientes — até porque ele é 80% cacau, então o que mais vai ter é cacau. 

Mas depois lá adiante, você vai encontrar o açúcar.

Então, é importante ver que esse açúcar não é o primeiro nem o segundo ingrediente, ele está mais adiante, e aí você vai para a tabelinha para ter uma ideia de quanto carboidrato tem na porção. 

Então, se você descobrir que aquele chocolate que você vai comer, três quadradinhos dele tem 5 gramas de carboidrato, bem, aí você compara com outras coisas que você come, como o tomate, e vê assim, olha, está mais ou menos no mesmo patamar. 

Então, vocês veem que não basta só ver se tem amido ou se tem açúcar, ou não. 

A gente tem que ter a noção da quantidade, porém, quando a gente tava reunido bolando os critérios de certificação da ABLC, da Associação Brasileira low-carb, um dos critérios que a gente pensou é o seguinte: olha, o produto está alegando ser low-carb, ele quer uma certificação low-carb, bom, então não faz sentido que ele tenha um ingrediente presente numa quantidade significativa — que seja, sei lá, aveia, quando nós sabemos que nós podemos substituir aquilo ali por uma outra farinha que seja mais low-carb. 

Nós temos alternativas, então, se eu poderia fazer aquilo com farinha de coco, se eu poderia fazer farinha de amêndoas, não faz sentido eu um produto igual, mas que é com aveia ou amido de milho. 

Então, digamos, não é que determinados ingredientes sejam proibidos: o próprio açúcar pode estar presente um pouquinho no bacon, mas é um pouquinho. 

Eu acho que algumas coisas que vocês devem ter em mente, que a gente tem que estar de olho é a maltodextrina, então maltodextrina é sinônimo de amido, ele normalmente é utilizado, porque é muito barato, e é usado para baratear mesmo a produção. 

Então, um produto que… pega lá um requeijão, esse requeijão ele não precisaria ter nenhuma farinha, nenhum amido ali, ele pode ser feito só com leite, só com fermento lácteo, sal, etc.

Então se você pega um requeijão que tem maltodextrina, eu não compro mesmo que a quantidade seja pequena, por princípio.

Porque eu sei que tem outro requeijão que não tem maltodextrina, então pra que que eu vou consumir esse?

Uma coisa é eu consumir um carboidrato do tomate, com todas as coisas boas que o tomate me dá, ele tem o direito de me dar um pouquinho de carboidrato, ou o chocolate amargo, que é uma delícia, e ele tem um pouquinho de açúcar.

E tá bem, eu vou consumir um pouco de açúcar, mas é por uma causa nobre, é um chocolate delicioso. 

Agora, requeijão, uma vez que o requeijão sem maltodextrina vai ser mais gostoso, do que o com maltodextrina, eu vou consumir aquele carboidrato sem nenhum valor nutricional, que é basicamente puro amido — para quê? 

Então, acho que esse é um outro critério. 

Maltitol, guardem esse nomezinho — porque tem o xilitol, que é um adoçante que é ok, tem o eritritol, que é um adoçante que é ok, tem o sorbitol, que é um adoçante que é ok, e aí tem o maltitol. 

O maltitol eleva a glicose mais do que os outros polióis, e facilita lembrar o nome porque ele já começa malto, maltitol, ele é do mal, esse é o tipo de produto que eu vou evitar. 

Claro, daqui a pouco você pode pegar um produto com maltitol, eu cheguei à conclusão que ele é o quinto ingrediente, você olha na tabela lá e tem bem pouquinho carboidrato e você pensa assim, bom, é bem pouquinho maltitol, tá bem.

Mas, se tiver um outro produto que ao invés de maltitol for eritritol ou xilitol, eu vou escolher um desses dois por princípio, que nem a história da maltodrextrina. 

Não sei se ficou muito complicado ou se deu para entender a lógica.

Conservantes, Corantes, Aromatizantes E Afins

Roney: Eu acho que ficou claríssimo, Souto. 

Ainda nessa questão dos rótulos, você citou vários ingredientes que representam tipos de carboidratos que podem ser adicionados aos produtos.

Mas também tem vários ingredientes estranhos, assim, que não são necessariamente carboidratos — como conservantes, emulsificantes, corantes, aromatizantes que às vezes têm nos rótulos dos produtos.

Por exemplo, no bacon mesmo, geralmente tem algum desses ingredientes além do açúcar. 

No creme de leite, muitas vezes quando a gente usa creme de leite nas receitas, as pessoas perguntam, “ah, mas qual creme de leite você compra? Porque o de caixinha é cheio de conservantes, é cheio de ingredientes”. 

Qual seria o ponto desses ingredientes que não são carboidratos? E que geralmente estão presentes em muitos desses alimentos, mesmo que sejam low-carb.

Dr. Souto: Eu acho que a low-carb deve ser baseada em comida de verdade, então a maior parte daquilo que você consome deveria nem precisar de rótulo, e sim vir do açougue, da peixaria, da feira, e aí você passa a ter menos problemas com esses dilemas. 

Mas claro: o creme de leite a gente não vai fazer em casa, a não ser que você, sei lá, more numa fazenda que se dedica a laticínios. Você vai utilizar o produto industrializado. 

E, se você puder escolher aquele que tem menos aditivos, menos emulsificantes e tal, será melhor. 

Então, por exemplo, em geral o creme de leite da latinha, você vai ver que o único ingrediente é o creme de leite. 

Já o creme de leite de caixinha, muitas vezes tem múltiplos ingredientes. 

Para quem não conhece, tem o perfil da Sari, que é @decifrandorótulos, aliás, é @lowcarbinspira.

O decifrando rótulos é um produto que ela tem que tem um manual com uma descrição dessas coisas todas, então facilita. 

Eu vou comentar com vocês aqui alguns que são bens comuns. 

Por exemplo, nós temos a carragena

Carragena é um produto que é utilizado como emulsificante para, por exemplo, impedir que o produto separe em fases, uma fase líquida e uma fase gordurosa, aí quando a gente vai ver a história da carragena, quando ela foi aprovada, se usava quantidades mínimas disso. 

Hoje, um monte de produtos têm, e não está bem definido qual é a quantidade máxima que seria segura para o consumo humano, então isso significa o que? 

Não significa que tá proibido de comer uma colherzinha de chá de uma nata, de um creme de leite que tem carragena, mas lembre-se que se você está consumindo requeijão com carragena, nata com carragena, creme de leite com carragena e mais várias outras coisas com carragena, porque se você olhar um monte de coisa tem, você está se expondo a uma quantidade muito grande, coisa que vai ocorrer menos nas pessoas que se baseiam em comida de verdade. 

Já outros desses conservantes, por exemplo, são perfeitamente ok. Pega ácido cítrico, por exemplo, é muito usado e ácido cítrico nada mais é do que o mesmo ácido cítrico que tem no limão, a substância natural, é usado aí em várias conservas e coisas assim. 

Tem uma polêmica dos nitritos e nitratos nas carnes curadas, no bacon, nas linguiças.

E os nitritos e nitratos estão presentes em forma natural em grande quantidade em vários vegetais que a gente come com salada, de modo que eu acho que existe um pânico muito grande com relação à nitritos e nitratos que não se justifica. 

Inclusive tem uma história engraçada, de um artigo que eu vi uma vez, que mostrava que eles estavam tentando a todo custo induzir câncer de intestino em roedores com bacon, e o grupo dos roedores que consumiu bacon teve menos câncer de intestino do que o grupo que não consumiu, e aí eles estavam tentando achar uma explicação para aquilo que, na cabeça deles, nosso bacon tinha que causar câncer por causa do nitrito e do nitrato, e a conclusão era que, como os ratinhos que comeram bacon, e o bacon era salgado, eles bebiam mais água e a água devia estar protegendo eles. 

Então, é uma coisa quase cômica, porque na realidade o fato é, não tem grande evidência in vivo ou em seres humanos — a não ser aqueles estudos observacionais, epidemiológicos — de que o nitrito e o nitrato sejam todo esse problema. 

Mas, como os autores desse estudo aí ficaram absolutamente surpresos que os ratinhos que comeram bacon tiveram menos câncer, eles inventaram que era a água que estava salvando os ratinhos. 

Guilherme: Com certeza o pessoal busca as explicações por mecanismos estranhos depois que a teoria inicial é contradita pela realidade. 

Nesse aspecto que você mencionou que os vegetais têm nitritos e nitratos, e tem um estudo que mostra que na dieta padrão das pessoas, 80% dos nitritos e nitratos vêm dos vegetais, então não é só um pouco, é a maior parte deles vêm dos vegetais. 

Dr. Souto: E, Guilherme, uma outra coisa engraçadíssima também é o seguinte: os nitratos são doadores de óxido nítrico, que é considerado uma coisa boa, porque ajuda na vasodilatação e ajuda na saúde do endotélio, que é o revestimento interno dos vasos. 

Então, eu vi uma vez um slide de uma conferência de cardiologia no qual o palestrante tava colocando que consumir muitos vegetais faz bem para o coração e para a saúde cardiovascular por causa dos nitratos, porque os nitratos provocam vasodilatação e ajudam a diminuir a pressão arterial e a proteger o endotélio dos vasos. 

E aí eu acho muito engraçado, porque o nitrato se tá no vegetal é bom, mas o nitrato se está no bacon é ruim. 

Então, é aquilo que você disse, as pessoas chegam nas suas conclusões baseadas nas suas visões e teorias preconcebidas. 

É que nem uma coisa que eu brinquei muito com o Polesso, no podcast Tribo Forte, que era quando se chegou à conclusão que se achou mais um motivo para não comer carne vermelha, que era o TMAO, e aí descobriram que o tal do TMAO estava muito mais presente no peixe.

Só que o peixe está associado com melhores desfechos cardiovasculares, e aí surgiu um outro artigo para dizer que o TMAO era bom, e aí a gente brincava se ele tem o TMAO e o “TBOM”, dependendo se você está falando da carne vermelha ou do peixe. 

Obviamente, o composto é o mesmo: ele não é nem mal nem bom. 

Da mesma forma, o nitrato é o mesmo do vegetal e no bacon, o que acontece é que as pessoas fazem teorias, se agarram nessas teorias, e depois elas tentam justificar as suas teorias com esses achados de mecanismos. 

Roney: Com certeza, e uma coisa que a gente sempre gosta de dizer, complementando a pergunta anterior, é que como é pra você basear a sua alimentação em comida de verdade, em bicho, planta, ovos, então não faz muita diferença, como você falou, se você vai comprar qual creme de leite que você vai usar.

Porque teoricamente é para você usar tão pouquinho que, é claro, se você puder preferir o creme de leite artesanal que você mesmo faz, vai ser melhor… só que para consumir tão esporadicamente, se você não tem acesso a esse tipo de creme de leite, o que você conseguir comprar vai estar bom. O ótimo não pode ser inimigo do bom, nessa questão, também.

Dr. Souto: Exatamente, até porque se a gente transformar a dieta numa coisa com tantas regras e detalhes, a pessoa diz assim “bom, isso é impossível de seguir, eu tô frustrada, eu não consigo, tudo que eu faço está errado, eu vou é comer bisnaguinha e pizza”.

Então, a gente que ter uma medida das coisas, e eu concordo plenamente com você, quer dizer, eu não compro no meu dia a dia, sei lá, queijinho fundido, aquele que vem em quadradinhos enrolados em papel alumínio.

Mas se eu tiver com fome e tiver numa situação na rua, na viagem e tiver esse queijinho fundido aí para comprar, ou também, obviamente, ele vai ter vários emulsificantes desses, que eu não quero me encher disso o tempo todo, mas no dia a dia isso não é a minha alimentação. 

Então, eu acho que o problema maior desse monte de aditivos é quando a sua alimentação é basicamente composta deles, mas isso não é a realidade das pessoas que estão fazendo uma low-carb, que vão ter o grosso da sua alimentação feita, repito, no açougue, na peixaria e na feira. 

Guilherme: Com certeza, com certeza com a comida de verdade, baseada especialmente nos legumes, vegetais, frutas, carnes, ovos, peixes, frango, porco, tudo isso comprado fresco você nem tem que se preocupar com esses ingredientes estranhos, excipientes, carragenas, conservantes, emulsificantes, fica bem mais fácil. 

Você vai simplificando, vai garantindo os nutrientes na dieta, vai garantindo justamente um tipo de alimento que tende a facilitar a sensação de saciedade, não tende a ser compulsivo e ainda tem a vantagem de não se preocupar com nada dessas adições, industriais. 

Então, são várias vantagens — e ainda tende a ficar mais barato.

Dr. Souto: Perfeito.

Frutas São Saudáveis? Quanto Pode Comer?

Guilherme: E, Dr. Souto, um outro tópico que a gente mencionou agora, de passagem, foi a questão das frutas.

A gente falou justamente nesse âmbito que elas são pouco processadas e também tendem a ser alimentos que as pessoas gostam de consumir — porque elas têm esse viés, também, de que são saudáveis. 

E a gente sabe — a gente já falou bastante aqui no nosso podcast, nos artigos lá no blog, que as frutas não são essenciais.

Especialmente os alimentos que as pessoas consideram como frutas, as frutas mais docinhas — banana, manga, caqui — , não estamos falando de abobrinha e tomate. Mas, elas podem consumir? Não podem? 

E a gente queria até tocar um pouco nesses aspecto de quem é diabético, com resistência à insulina, como que as pessoas conseguem ceder a fruta na alimentação, assim, de uma maneira mais descomplicada? Quais são os principais contextos para se ter em mente? 

Dr. Souto: Guilherme, eu acho que o exemplo que você citou é muito bom, no sentido, assim, do diabético e do resistente à insulina. 

Porque repito, low-carb é um espectro que vai desde a cetogênica, com pouquíssimo carboidrato, até uma low-carb moderada, no qual as frutas, até uma quantidade bem razoável, podem estar presentes. 

Quando a gente trata pacientes diabéticos, e eles usam aquele sensor contínuo de glicose, um sensorzinho que gruda no braço e mede a glicose o tempo todo, mesmo quando a pessoa está dormindo, fica muito evidente que têm pessoas que não podem consumir frutas doces. 

Então, são indivíduos que se comerem mesmo aquelas frutas que não têm muito açúcar, como moranguinho, a pessoa come cinco moranguinhos e tem uma elevação da glicemia, digamos, de 120 para 190. 

Então, para essas pessoas o ideal é realmente se abster da fruta doce na maior parte do tempo e dar preferência, então, para coco, abacate e para aquelas frutas que a gente não lembra que é fruta. 

Você citou algumas aí, você falou em tomate e abobrinha; tem ainda aí pimentão, berinjela, chuchu, pepino, são coisas que a maioria das pessoas, diz assim, “nossa, mas isso é fruta?”. 

Sim, isso é fruta, do ponto de vista botânico, e a importância é você saber que não tem nenhum nutriente, nenhuma vitamina que esteja presente só em fruta doce, então a vitamina C você vai encontrar no pimentão; o potássio, você vai encontrar no abacate em dobro de quantidade do que você tem na banana. 



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Podcast #090 – Dr. Souto Fala Sobre Frutas, Leguminosas, Leite E Bacon Na Dieta Low-Carb E Cetogênica

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