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Conversas do além


É um assunto meio mórbido, mas algumas pessoas já me perguntaram como são os rituais quando os chineses de Hong Kong, ahn, batem as botas. Os funerais em Hong Kong são um pouco diferentes do que os no Brasil. No Brasil, quando alguém falece, é normal que o velório e enterro aconteçam poucos dias depois. Sendo um país predominantemente católico, a idéia é que parentes e amigos tenham alguns dias para absorver a notícia e se despedir do falecido, que é enfim enterrado (ou cremado) para finalmente descansar em paz e ir para o céu. Para nós parece natural, não é?

Ma como eu falei, as por aqui as coisas são um pouco diferentes. Em Hong Kong, o período entre o falecimento e o enterro pode levar duas semanas ou mais! Isso pode acontece por duas razões. A primeira é que muitas famílias que seguem o calendário e horóscopo chinês fazem uma análise para escolher a data mais “prsopícia” para o enterro, ou seja, uma dia onde o falecido possa ir para o além com mais conforto e fortuna. Tradicionalmente, os chineses não veêm problema em esperar mais de dez dias para o enterro, e durante esse tempo, o corpo do falecido fica embalsamado na casa funerária.

Dá para ver que os túmulos ficam colados uns nos outros (Foto: Antony Dickson /AFP/Getty Images)

A segunda razão é a falta de espaço nas funerárias e cemitérios de Hong Kong. A cidade sofre com a hiperpopulação até nos cemitérios! Muitas vezes a família tem que esperar um bom tempo para uma vaga disponível para o enterro. Ou seja, até na morte você tem que esperar na fila.

A falta de espaço também faz com que o preço dos lotes nos cemitérios sejam caríssimos, forçando muitas pessoas a ‘enterrar’ os falecidos nos columbários, onde as cinzas dos entes queridos ficam guardadas em pequenos nichos comemorativos, como se fosse um cemitério vertical. Para tentar resolver o problema da falta de espaço, o governo tenta promover algumas alternativas, como espalhar cinzas em jardins funerários especializados ou no mar. Porém, essas alternativas não são bem aceitas po certas religiões pelas gerações mais antigas, por uma razão bastante curiosa.

Famílias tradicionais que ainda habitam vilas e áreas rurais de Hong Kong tem seus próprios túmulos que normalmente ficam nas encostas de colinas e montanhas (foto: Zolima Magazine)

Na cultura chinesa, mesmo após a morte, a manutenção do túmulo (no cemitério ou columbário) é muito importante. Em Hong Kong existem dois feriados (Ching Ming em abril e Chung Yeung, em outubro) onde a tradição manda os familiares visitarem o jazigo dos falecidos para limpar, trazer flores e até comida e maços de dinheiro falso para ‘presentear’ os mortos. Bom, se os seus restos mortais estão espalhados em um jardim ou no mar, fica mais dificil receber os tão aguardados presentes!

Eu não sou expert em religiões, então não sei detalhes das tradições de outros grupos religiosos. Para falar a verdade, tanto a China como Hong Kong não são lugares muito religiosos. Mas o que eles não tem de religião, eles compensam em superstições, seguindo as  práticas e rituais até na hora da morte. Nunca se sabe, né?


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