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[CENA] 12 ― A velha na janela

Da Velha casa de alvenaria as crianças corriam. A aparência da velha senhora os assustava. Muitas eram as histórias que contavam umas as outras em noites do pijama, histórias de terror sobre bruxas comedoras de dedos do pé. Mesmo repreendendo tais histórias os pais acabavam incentivando a imaginação dos infantes com ameaças quando se comportavam mal. “Comporte-se ou te levo pra velha da janela”, diziam em tom ríspido.

Sempre que o sol começava a se por corriam para ver a velha senhora na Janela, agindo estranhamente. Escondiam-se rápido quando ela os percebia trepados no muro. Ouviam a gargalhada rouca da velhota e sentiam o arrepiar na espinha. Tinham muito medo.

Do outro lado da janela a velhinha ria sozinha.

Sabia das gracinhas das crianças com as histórias sobre ela, não se importava. Até se divertia. Mudara sua rotina para manter-se à janela no mesmo horário para a diversão de fim de dia. Apesar do tempo que vivera, tinha as mãos rápidas e era levada. Uma longa faca de açougueiro firme em sua mão Esperava as crianças para uma nova simulação de terror. Ela tamborilava os dedos sobre o parapeito. Procurava. Sorriso largo nos lábios finos. Encontrava. Atuava. Ria. As crianças fugiam.

Todos os Dias eram assim.

Mal sabiam as crianças que dona Helga os esperava para uma nova sessão de gargalhadas. Todos os Dias Ela esperava. Todos os dias ela imaginava uma nova forma de travessura. Quem diria que uma velha senhorinha seria tão sapeca? Quem diria que uma janela seria algo de tamanho entretenimento para os dias silenciosos de uma vida aposentada?




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