Quando se trata de garantir a segurança na esterilização de instrumentos médicos, seguir normas técnicas é fundamental. Duas normas que se destacam são a NBR 11816, aplicada no Brasil, e a BS EN 285:2015, utilizada na Europa.
Ambas as normas visam garantir a eficácia da esterilização e a segurança dos pacientes, mas entre elas há algumas diferenças especialmente nos parâmetros de qualidade da água.
Mas quais são as diferenças e semelhanças entre elas? E como essas normas impactam a qualidade dos processos de esterilização?
A importância da esterilização de instrumentos médicos
Os instrumentos médicos, principalmente os de metal, são frequentemente expostos a fatores que podem comprometer a segurança. Entre os problemas mais comuns estão:
- Corrosão: Pode enfraquecer a estrutura dos instrumentos, criando fissuras que comprometem a segurança e eficácia durante os procedimentos médicos.
- Formação de Biofilmes: Microrganismos que aderem às superfícies dos instrumentos, formando camadas difíceis de eliminar e que aumentam o risco de infecção cruzada.
- Depósitos Minerais: A água com alta dureza pode causar a formação de depósitos nos instrumentos, bloqueando canais e reduzindo a eficiência.
- Danificação de Superfícies: Resíduos de limpeza inadequados podem danificar as superfícies dos instrumentos, tornando-os menos resistentes à esterilização.
Qualidade da água para a esterilização de instrumentos cirúrgicos
As autoclaves são dispositivos utilizados em hospitais e clínicas para a esterilização de instrumentos cirúrgicos, equipamentos médicos e outros materiais que entram em contato direto com pacientes.
A autoclave é utilizada após cada uso de instrumentos e equipamentos médicos, antes de serem reutilizados em outros procedimentos.
Esse procedimento é fundamental para prevenir a transmissão de doenças, estejam livre de microrganismos e contaminantes que possam causar infecções, protegendo a saúde dos pacientes.
Como é o processo de esterilização em autoclaves por geração de vapor?
A geração de Vapor ocorre através do aquecimento de água até que ela se transforme em vapor, que é então usado para eliminar microrganismos presentes nos materiais.
O processo de esterilização em autoclaves por geração de vapor geralmente ocorre em temperaturas de 121°C a 134°C, com tempos de exposição variando de acordo com o tipo de material e o nível de contaminação.
Este é um método eficiente e amplamente utilizado para eliminar microrganismos, incluindo esporos resistentes, de instrumentos e equipamentos médicos. A seguir, o passo a passo de como esse processo ocorre:
1. Preparação do Material:
- Limpeza Prévia: Antes da esterilização, todos os instrumentos e equipamentos devem ser devidamente limpos para remover resíduos de matéria orgânica e sujeira. A limpeza é essencial, pois a presença de resíduos pode proteger micro-organismos do vapor.
- Embalagem: Os itens são embalados em materiais permeáveis ao vapor, como papel grau cirúrgico ou tecido. Isso permite que o vapor penetre e atinja todas as superfícies dos instrumentos.
2. Carregamento da Autoclave:
- Organização: Os materiais são organizados no interior da autoclave, garantindo que o vapor possa circular livremente ao redor de todos os itens. A sobrecarga ou o empilhamento inadequado podem impedir a penetração uniforme do vapor.
3. Fechamento e Vedação da Autoclave:
- A porta da autoclave é fechada e selada hermeticamente para criar um ambiente pressurizado necessário para a geração de vapor.
4. Vácuo Inicial (se aplicável):
- Em autoclaves que utilizam o método de pré-vácuo, o ar é removido da câmara para garantir que o vapor possa penetrar completamente em todos os itens. Isso é especialmente importante para materiais porosos ou com lúmens (canais internos).
5. Aquecimento e Geração de Vapor:
- Aquecimento da Água: A água dentro da autoclave é aquecida até o ponto de ebulição para gerar vapor.
- Geração de Vapor: O vapor é gerado e introduzido na câmara, aumentando a pressão interna. O vapor saturado atinge uma temperatura elevada (geralmente entre 121°C e 134°C), essencial para a destruição dos micro-organismos.
6. Tempo de Esterilização:
- Exposição ao Vapor: Os materiais são mantidos sob uma temperatura e pressão específicas por um tempo determinado, geralmente de 15 a 30 minutos, dependendo do tipo de carga e nível de contaminação. Durante esse tempo, o calor úmido do vapor destrói microrganismos e esporos, desnaturando suas proteínas e ácidos nucleicos.
7. Exaustão do Vapor:
- Após o tempo de esterilização, o vapor é gradualmente liberado, e a pressão na câmara retorna ao normal. Este processo deve ser controlado para evitar danos aos instrumentos.
8. Secagem (se aplicável):
- Alguns ciclos de esterilização incluem uma fase de secagem, onde o vácuo é aplicado novamente para remover o excesso de umidade dos materiais esterilizados, garantindo que estejam secos e prontos para uso ou armazenamento.
9. Descarregamento da Autoclave:
- Resfriamento: Antes de abrir a autoclave, os materiais devem ser deixados para esfriar para evitar queimaduras.
- Remoção dos Itens: Após o resfriamento, os itens são removidos e transferidos para um local estéril até o momento do uso.
10. Armazenamento:
- Armazenamento em Condições Estéreis: Os itens esterilizados devem ser armazenados em condições que preservem sua esterilidade até serem utilizados em procedimentos médicos.
11. Verificação e Controle de Qualidade:
- Indicadores Químicos e Biológicos: O uso de indicadores que mudam de cor ou de testes biológicos confirma que as condições de esterilização foram atingidas, garantindo a eficácia do processo.
Esse método de esterilização é amplamente utilizado em hospitais e clínicas devido à sua confiabilidade e capacidade de esterilizar uma ampla variedade de instrumentos médicos de maneira segura e eficiente.
Fatores regionais e suas influências nos padrões de qualidade da água:
As diferenças nos parâmetros de qualidade da água entre a NBR 11816 e a BS EN 285:2015 refletem uma combinação de fatores ambientais, econômicos e regulatórios.
Embora ambos os padrões visem garantir a eficácia da esterilização e a segurança dos pacientes, eles são adaptados às realidades regionais, levando em conta a qualidade da água disponível, os recursos de tratamento e as prioridades ambientais.
- Qualidade da Fonte de Água: No Brasil, a água pode conter mais minerais, como ferro e silício, devido à geologia local, justificando limites mais altos de contaminantes na NBR 11816. Na Europa, com legislação ambiental mais rígida, a água passa por tratamento mais rigoroso, permitindo limites mais baixos para contaminantes na BS EN 285:2015.
- Dureza da Água: A dureza da água, influenciada pelo teor de cálcio e magnésio, é maior em algumas regiões da Europa, necessitando de tratamento para evitar depósitos de calcário.
- Regulações Ambientais e Industriais: As políticas europeias são mais rigorosas em relação ao controle de poluentes, refletindo em limites mais baixos para cloretos e metais pesados na BS EN 285:2015. No Brasil, as normas são mais flexíveis para se adequar à realidade econômica e industrial local, permitindo adaptações para o setor de saúde em crescimento.
Análise Comparativa dos Parâmetros de Qualidade da Água
A seguir, apresentamos uma comparação entre os principais parâmetros estabelecidos pela NBR 11816 e pela BS EN 285 :2015
VMPs por Norma | Unidade | NBR 11816: 2003 | BS EN 285: 2015 | Observação |
Aparência (Aspecto) | – | Incolor, límpida e sem sedimentos | Incolor, límpida e sem sedimentos | igual |
Cádmio | mg/L | ≤ 0,005 | ≤ 0,005 | igual |
Chumbo | mg/L | ≤ 0,05 | ≤ 0,05 | igual |
Cloretos | mg/L | ≤ 3 | ≤ 0,5 | diferente |
Condutividade | µS/cm | ≤ 50 | ≤ 5 | diferente |
Dureza | mmol/L | ≤ 0,1 | ≤ 0,02 | diferente |
Ferro | mg/L | ≤ 0,2 | ≤ 0,2 | igual |
Fosfato | mg/L | ≤ 0,5 | ≤ 0,5 | igual |
pH | – | 6,5 a 8 | 5 a 7,5 | diferente |
Resíduos de Evaporação (Resíduo Seco) | mg/L | ≤ 15 | ≤ 10 | diferente |
Resíduos de Metais Pesados | mg/L | ≤ 0,1 | ≤ 0,1 | igual |
Sílica | mg/L | ≤ 2 | ≤ 1 | diferente |
Tabela Comparativa dos Parâmetros de Qualidade da Água (NBR 11816 versus BS EN 285 :2015)
Como monitorar os parâmetros da água utilizada no processo de esterilização?
Para garantir a eficácia dos processos de esterilização em autoclaves e a segurança dos pacientes, é necessário monitorar continuamente a qualidade da água utilizada através de análises regulares.
Como a Microambiental pode colaborar com a NBR 11816 e com a BS EN 285:2015?
A Microambiental oferece uma gama de serviços especializados para monitorar e melhorar a qualidade da água em processos de esterilização. Nosso enfoque é garantir que todas as etapas do processo estejam alinhadas com as melhores práticas de higiene e esterilização.
Descrição das soluções disponíveis:
- Análises de Água: Realizamos análises mensais da qualidade da água, focando nos pontos críticos de consumo. Essas análises são fundamentais para identificar qualquer desvio nos parâmetros de qualidade e tomar ações corretivas imediatas.
- Serviço de Cloração: Verificamos a qualidade da água de abastecimento, garantindo que ela atenda aos limites estabelecidos pela Portaria 888 antes de ser utilizada na purificação e geração de vapor.
- Limpeza e Higienização de Reservatórios de Água: Oferecemos serviços de limpeza de caixas d’água e higienização de reservatórios em intervalos regulares para prevenir a acumulação de partículas, incrustações e o desenvolvimento de micro-organismos que podem comprometer a qualidade da água.
Entre em contato conosco hoje para saber como podemos ajudar a proteger o seu processo de esterilização em autoclaves.
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