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Logística Reversa e a Responsabilidade Empresarial

Os bens industriais apresentam ciclos de vida útil de algumas semanas ou de alguns anos, após o que serão descartados pela sociedade, de diferentes formas, constituindo os Produtos de pós-consumo e os resíduos sólidos em geral. Estes produtos ou materiais de pós-consumo, se não retornarem ao ciclo produtivo de alguma forma, em quantidades adequadas, constituir-se-ão em acúmulos que excederão, em alguns casos, as diversas possibilidades e capacidades de estocagem dos mesmos, transformando-se em problemas ambientais com visibilidade crescente no limiar de nosso século. (Quadro abaixo).

A Logística Reversa, área da Logística Empresarial, preocupa-se em  equacionar a multiplicidade de aspectos logísticos do retorno ao ciclo produtivo destes diferentes tipos de bens industriais, dos materiais constituintes dos mesmos, bem como dos resíduos industriais, através de reutilização controlada do bem e de seus componentes ou da  reciclagem dos materiais constituintes, dando origem a  matérias primas secundárias que se reintroduzirão ao processo produtivo.


As diferentes alternativas e formas de comercialização, desde a captação dos bens de pós-consumo ou dos resíduos industriais até a sua reutilização ou através do reaproveitamento de seus materiais, constituem os Canais de Distribuição Reversos.


A redução do ciclo de vida mercadológico Dos Produtos, a introdução de novas tecnologias e materiais na constituição dos mesmos, a obsolescência precoce dos produtos, a vertiginosa febre de novos lançamentos de produtos, o alto custo de reparos face ao preço do bem, entre outros motivos, tem aumentado as quantidades de bens descartados.


Este Novo Momento Histórico, de alta descartabilidade, tem gerado uma crescente sensibilidade ecológica na sociedade, pela proximidade ao seu cotidiano, causada pela visibilidade progressiva dos excessos destes descartes, somando-se à crescente proximidade dos desastres ecológicos.


Esgotam-se as capacidades dos Sistemas de Disposição Final Tradicionais destes bens de pós-consumo, os aterros de diversas classificações e a incineração, aumentando os custos ecológicos a serem pagos pela sociedade se  não  adequadamente equacionados.


A Logística Reversa tem sido utilizada como uma importante ferramenta de aumento de competitividade e de consolidação de imagem corporativa, quando inserida na estratégia empresarial e em particular na estratégia de Marketing Ambiental, em empresas que privilegiam uma visão de Responsabilidade Empresarial em relação ao Meio Ambiente e à Sociedade.

Para tanto, é necessário equacionar corretamente os diversos aspectos envolvidos no estabelecimento dos Canais de Distribuição Reversos dos materiais e produtos de pós-consumo, ambiente de atuação da Logística Reversa, estabelecer as adequadas  relações de parcerias entre as empresas das cadeias reversas, o Supply Chain Reverso, estabelecer  relações positivas na busca de soluções com diferentes áreas de  governo, permitindo melhor aplicabilidade das Legislações Ambientais e detectar as Tendências Ecológicas da sociedade que darão o suporte às estratégias modernas de Marketing Ambiental. e valorizarão a imagem corporativa da organização.


Fatores Tecnológicos, Econômicos, Legislativos, Logísticos, e mais recentemente, os Ecológicos influem diferentemente na organização destes Canais de Distribuição Reversos, e as empresas necessitam planejar convenientemente suas estratégias adequando-as aos novos paradigmas e tendências de consumo da sociedade moderna.


Esta atuação de Responsabilidade Ambiental, além de impactar positivamente na imagem institucional das empresas, permitirá que uma Nova Economia de negócios se intensifique com enormes possibilidades de geração de empregos, de serviços e de desenvolvimento tecnológico, tanto mais visível quanto maior a consciência da sociedade ao desenvolvimento sustentado.


Diversos autores caracterizam as atitudes ou fases empresariais relativamente ao meio ambiente, entre os quais o Council of Logistics Management (CLM), que em uma pesquisa junto a 17 empresas, ainda na década de 90, constatou 3 principais atitudes empresariais neste sentido: Atitude Reativa, Atitude Pró Ativa e Atitude de Busca de Valor.

A atitude empresarial reativa em relação ao meio ambiente é caracterizada pelo cumprimento da legislação e regulamentos, revelando uma visão introspectiva, ou em outras palavras, os impactos de seus produtos ou processos ao meio ambiente não fazem parte das reflexões estratégicas da empresa. No sentido de se desembaraçar de seus resíduos utiliza a venda ou a simples retirada dos mesmos evitando custos de disposição final. Desta forma a organização empresarial não prevê atividades especiais para a gestão do meio ambiente e nenhum comprometimento da hierarquia superior.

Empresas que revelam uma visão proativa em relação à responsabilidade ambiental caracterizam-se pelo comprometimento da hierarquia superior com os problemas ambientais designando, em sua organização, áreas especializadas para o equacionamento dos problemas ligados à gestão ambiental e visando antecipar-se aos regulamentos e legislações, adquirindo experiência em sua especialidade setorial e colaborando eventualmente com os poderes públicos no correto estabelecimento destas legislações. Estabelece programas e diretrizes de gestão de resíduos e desenvolve suas redes logísticas reversas evitando os impactos negativos de seus produtos e processos ao meio ambiente. Desenvolve vantagem competitiva através de performance superior no cumprimento das legislações existentes, através de modificações em seus produtos tornando-os menos agressivos ao meio ambiente.



Empresas que se encontram na fase de agregar valor aos seus produtos, processos e serviços, através da responsabilidade ética com a sociedade e com o meio ambiente, caracterizam-se por desenvolver as atividades com visão sistêmica da empresa em sua cadeia produtiva, ou seja, desenvolveram capacidade empresarial de agregar valor aos seus produtos e serviços na medida em que sejam efetivamente perceptíveis aos clientes e à sociedade através de uma cultura empresarial comprometida com estes valores. Esta cultura permeada ao longo de todos os níveis hierárquicos garante um elevado grau de satisfação e orgulho dos colaboradores que se traduzirá em maior criatividade em suas funções e em processos de melhorias constantes.

Desta forma, empresas nesta fase de desenvolvimento organizacional, elaboram suas estratégias através desta visão holística do novo ambiente empresarial, obtendo retornos em reduções de custos operacionais, ganho de competitividade, e reforço de sua imagem corporativa. Dentre suas principais ações estratégicas neste sentido incentiva as diversas áreas especializadas na concepção e operação de redes de distribuição reversas, de sistemas de reciclagens internos e em parcerias nas cadeias reversas, além de outras atividades relacionadas. As empresas que apresentaram esta visão estratégica, nesta pesquisa, são as de melhor performance e normalmente líderes em seus setores de negócios, tendo como principais metas:

- Criação de imagem diferenciada e de novas oportunidades de lucros através da introdução das preocupações ambientais em sua reflexão estratégica corporativa.


- Busca constante de produtos e processos de menor impacto ao meio ambiente em acordo com os princípios do desenvolvimento sustentado.


Selecionamos, a seguir,algumas atitudes típicas destas empresas líderes que buscam agregar valor às suas atividades empresariais através desta visão ética e responsável quanto ao impacto de seus produtos ao meio ambiente:

Avaliação dos produtos e processos através da Análise de Ciclo de Vida Ambiental

A Análise do Ciclo de Vida Útil dos Produtos estuda o impacto ambiental dos produtos desde a extração das matérias-primas para a sua fabricação, seus insumos, transportes, distribuição direta e reversa, uso, manutenção, até a sua disposição final, tornando-se também conhecida com a expressão: “análise dos produtos do berço ao túmulo”.

As recentes normas ISO 14000, sobre Sistemas de Gestão Ambiental, contemplam esta técnica nos capítulos referentes ao inventário, avaliação do impacto e interpretação do ciclo de vida dos produtos.

A ideia fundamental é a de que se tenha um instrumento para decidir qual o nível de impacto ambiental de um produto ao longo de sua vida e poder compará-lo em todas as fases desta, o que poderá trazer muitas surpresas às considerações atuais.

Altamente científico e complexo poderá tornar mais claro alguns casos clássicos como o da escolha da melhor alternativa: embalagem retornável ou descartável. Do ponto de vista econômico analisaríamos os custos comparados de produção para o mesmo volume envasado, os custos logísticos integrados, os custos administrativos, ganhos em vantagens competitivas, etc. Do ponto de vista do impacto ambiental examinaríamos que a retornável possui longa vida e, portanto, produção menor facilitando sua reciclabilidade, entre outros, enquanto que a descartável é mais leve e tem melhor concepção logística acarretando menor poluição no transporte, etc.

Possivelmente haverá maior clareza nas decisões da sociedade sobre qual o ônus de cada agente  que intervêm na forma de destinação final dos produtos. Nesta nova visão poderiam ser imputados, de forma objetiva, os correspondentes custos ecológicos até a disposição final do produto, em função de sua maior ou menor reciclabilidade.

Estas mesmas técnicas têm sido empregadas, mais recentemente, por organismos oficiais visando esclarecer definições e classificações ambientais dos produtos e processos, de forma a regulamentar o utilizações de rótulos ou selos ambientais, cuja tendência ao uso será crescente no mercado global.

Concepção dos produtos visando reduzir impactos ao meio ambiente e facilitando o ciclo reverso do pós-consumo (Design for Recycling)

O projeto dos produtos é o momento ideal para a consideração dos impactos dos mesmos e de seus materiais constituintes ao meio ambiente prevendo a facilidade de desmontagem, separação dos materiais constituintes, identificação dos mesmos.  O projeto das linhas de desmontagens de automóveis, computadores, eletrodomésticos, etc., permitem grandes economias e redução dos impactos ambientais. A redução dos 10 tipos diferentes de plásticos para 1 único tipo na construção dos computadores pela empresa IBM  e o sistema de 1 parafuso de desmontagem utilizado nos computadores japoneses permite facilidade nas linhas reversas de desmontagens.
Corresponde a desenvolver, modificar, produtos e serviços que satisfaçam às tendências de novas exigências que os consumidores passam a apresentar por maior sensibilidade ecológica.

Criação de Vantagem Competitiva através da Distribuição Reversa

Utilizando-se de relações de parcerias e constituindo o verdadeiro Supply Chain Reverso estas empresas líderes e de alta responsabilidade ética têm conseguido excelente retorno mercadológico e de imagem corporativa através da criação das redes de distribuição reversas (Take Back Products Programs) de bens duráveis ou de seus componentes e através de diferentes formas de montagem das redes reversas de semiduráveis e descartáveis. São conhecidos os exemplos de empresas como a Dupont e Xerox nos Estados Unidos, e diversos exemplos de empresas bem sucedidas nas áreas de descartáveis, como as embalagens de latas de alumínio, óleos lubrificantes, listas telefônicas, papel de imprensa, etc.

Estas empresas antecipam-se às legislações e restrições impostas pela sua regulamentação, participando em sua concepção e se responsabilizando pela coleta e tratamento de seus produtos e materiais, terminada a sua utilidade inicial, evitando os impactos negativos ao meio ambiente.

Extensão dos Conceitos de Responsabilidade Ambiental

Empresas com este posicionamento estratégico exigem comportamentos éticos e de responsabilidade ambiental de seus parceiros de negócios, rede de fornecedores e clientes. Tratando-se de uma atitude empresarial de demonstração de cultura de Qualidade Total, além da certificação ISO 14000, as empresas deverão apresentar-se com estas características na disputa de competitividade nos mercados globais.


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