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Editoras apostam em biografias e diários de jovens celebridades para atrair novos leitores

Tags: livro

Livros que contam a trajetória de artistas como Larissa Manoela, Kéfera Buchmann e Luan Santana estão entre os mais vendidos do país

Ana Clara Brant, no UAI

O cantor sertanejo Luan Santana tem 25 anos. A vlogueira e apresentadora Kéfera Buchmann tem 23. O astro teen norte-americano Justin Bieber completou 22 anos. Já a atriz e cantora Larissa Manoela, revelação do SBT/Alterosa, tem apenas 15 aninhos.

Mesmo com pouca idade, esses artistas já lançaram biografias ou diários em que relatam suas trajetórias de vida. E o mais curioso é que essas obras se tornaram verdadeiros best-sellers.

O diário de Larissa Manoela, por exemplo, publicado há menos de um mês e que apresenta a história da atriz, as dificuldades pelas quais passou até chegar ao estrelato e seu cotidiano de celebridade, já é um dos livros mais vendidos do país. Até o fim da semana passada, ele tinha alcançado o número de 46.685 exemplares.

Luan Santana – A biografia, do jornalista Ricardo Marques, chegou ao mercado há pouco menos de um ano e já soma 40 mil livros vendidos.

Muito mais que 5incominutos, sobre a sensação da internet Kéfera, foi a publicação mais vendida da Bienal do Rio de 2015, com cerca de 400 mil exemplares, e chegou a ganhar elogios de Paulo Coelho e Gregório Duvivier.

“Há hoje, como nunca antes no Brasil, um público jovem leitor e consumidor. É natural que o mercado editorial tente a atender a esse gosto. E isso é um fenômeno não só daqui, mas de vários países. Livros sobre artistas jovens fazem sucesso no mundo todo. A novidade brasileira é que hoje temos um público para esses lançamentos. Isso, sim, um fenômeno: a garotada, entre 14 e 17 anos, que tem na leitura o principal entretenimento. É mercado novo que se abre. E é também uma chance para que tenhamos, nos próximos anos, um novo público leitor adulto”, comenta Carlos Andreazza, editor executivo de não ficção e ficção nacional da Editora Record, responsável pela biografia de Luan Santana.

Editora da Gutenberg, Silvia Tocci Masini também defende essa tendência e acredita que essas obras aproximam o artista do público.

“Ainda que todas as informações estejam nas redes sociais, você tem bastante informação em um lugar só. O livro meio que eterniza o autor. Ele deixa a sua marca, sua história registrada. As redes sociais permitiram a aproximação dos fãs como ‘amigos’ desses popstars e um movimento de aquisição de qualquer produto ou informação que seja da personalidade em questão. Quando existe o livro, você reúne em um só lugar essas informações e até mesmo de maneira mais aprofundada, eternizando essa personalidade”, opina.

A grande maioria dos leitores dessas publicações é formada por fãs das celebridades, mas isso não impede que outras pessoas possam se interessar ou mesmo estimular a leitura entre essas pessoas. É o que defende Carlos Andreazza.

“É um público composto basicamente de fãs. Mas daí pode surgir interesse em outros livros, daí pode surgir um leitor. Temos de apostar nisso, no óbvio: leitor só se forma com leitura. Se há um jovem lendo, não importa o que, há esperança. Todo mundo tem biografia, eu, você. A questão é saber se essa biografia interessa a alguém”, defende.

Boa parte das jovens celebridades que tem publicado livros é formada pelos youtubers. Muitos deles vão “invadir” a 24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que ocorre no fim de agosto, para participar de lançamentos, sessões de autógrafos e debates.

A própria Kéfera Buchmann se prepara para lançar no evento sua segunda obra, Tá gravando. E agora?, novamente pela Editora Paralela, do Grupo Companhia das Letras. Nele, a estrela da web conta como surgiu seu canal 5incominutos, atualmente com mais de 8 milhões de assinantes, e revela detalhes até então inéditos.

Outros astros da internet – Lucas Rangel, Jout Jout e PC Siqueira –, também vão marcar presença na grande feira. Fenômeno de público, o mineiro Marco Túlio Matos Vieira, de 20 anos, é criador do AuthenticGames, canal no YouTube com 6 milhões de seguidores, em que ele mostra seus gameplays de Minecraft, jogo eletrônico que permite a construção usando blocos (cubos) dos quais o mundo é feito.

Em março, Marco fez sua estreia nas letras e lançou Authentic Games – Vivendo uma vida autêntica, em que os leitores ficam sabendo como surgiu o projeto do canal, quem são os amigos da internet que o Authentic levou para a vida real e um pouco da sua trajetória.

O youtuber também estará na bienal paulista lançando seu segundo livro, Authentic games – A batalha da torre, que dará início a uma trilogia. O segundo sairá em novembro, e o terceiro em fevereiro do ano que vem.

Entre os youtubers brasileiros, o primeiro a se aventurar na literatura foi o carioca Felipe Neto (foto: Reprodução/Facebook)

Mudança no consumo
Entre os youtubers, o primeiro a se aventurar na literatura foi o carioca Felipe Neto, de 28 anos, com o livro Não faz sentido – Por trás das câmeras, que chegou às livrarias em 2013.

A publicação conta a história do garoto que saiu do anonimato até sua exposição meteórica, os bastidores envolvendo seus vídeos, os desentendimentos com as celebridades, o processo de criação do Não faz sentido, considerado o primeiro canal em língua portuguesa a atingir a marca de 1 milhão de assinantes.

Felipe faz questão de deixar claro que seu livro não se trata de uma biografia, apesar de dar detalhes de sua vida e de seu dia a dia.

“Meu canal tinha explodido e desde 2011 eu passei a escrever como o cenário do entretenimento tinha mudado, de que maneira as pessoas estavam consumindo o YouTube. Sempre quis mostrar essa história e não necessariamente a minha história. Ela só serviu de pano de fundo porque mostro a origem do meu personagem, do próprio canal”, explica ele, que também descreve como a internet vai moldar uma nova geração.

Felipe Neto é apaixonado por literatura e conta que começou a escrever aos 8 anos. Criava historinhas de ficção que foram se tornando um verdadeiro vício.

“Por isso, acho muito sério essa banalização do livro. A pessoa pega o que publica ou fala na internet e adapta para um livro. O que mais se vê hoje são jovens de 15, 16 anos publicando diários, biografias, sendo que nem conteúdo para isso eles têm”, alfineta.

O vlogueiro ainda lamenta que essas iniciativas partam das própria editoras, que oferecem rios de dinheiro para que as webcelebridades possam escrever suas trajetórias.

“Eu mesmo já passei por isso e não aceitei. Tem livro sendo escrito da noite para o dia, literalmente. E, muitas vezes, como alguns youtubers não sabem escrever direito, a editora contrata um ghost writer (escritor fantasma) para escrever no lugar deles. É uma vergonha e, sinceramente, acho muito triste”, desabafa.

MAÍSA
Outra jovem atriz que está brilhando nas novelas do SBT/Alterosa vai ganhar seu próprio livro. Maísa Silva, de 14 anos, ficou conhecida do grande público com suas hilárias participações quando criança no Programa Silvio Santos.

Ela também estará na Bienal Internacional do Livro de São Paulo. A obra sairá pela Editora Gutenberg, do Grupo Autêntica, mas não será uma biografia. De acordo com o selo, o livro traz muito da visão e das posições de Maísa, permitindo que o público a conheça a partir desses pontos de vista.

Também não vão faltar trechos com algumas experiências de sua vida. “O que o livro propõe é apresentar discussões mais aprofundadas da atriz como formadora de opinião, que atualmente se posiciona diariamente nas redes sociais. Ela cita algumas experiências vividas para debater ou levantar um assunto, mas não necessariamente conta sua vida no livro”, esclarece a editora da Gutenberg, Silvia Masini.



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