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Eu sobrevivi ao holocausto. O comovente relato de uma das últimas amigas vivas de Anne Frank.



Livro: Eu sobrevivi ao holocausto. 
           O comovente relato de uma das últimas amigas vivas de Anne Frank.
Editora: Universo dos Livros - São Paulo, 2015
Autora: Nanette Blitz Konig

Nanette Blitz Konig é de origem Holandesa e sobrevivente do holocausto. Mora no Brasil desde o final da década de 1950 onde educou seus filhos junto com o marido John Konig.
Desde 1999 ministra palestras em pról da memória do Holocausto contando sua história e dos Judeus na segunda guerra mundial.
Foi a última amiga a conversar com Anne Frank antes de seu falecimento.

De setembro de 1943 até Maio de 1945, Nanette viveu em campos de concentração..


Do livro:
Quando lemos sobre o holocausto acreditamos, muitas vezes , que veremos mais do mesmo.
Nanette Blitz Konig, em seu livro: Eu sobrevivi ao holocausto, descreve de uma forma extremamente profunda seus dias desde o início da ameaça nazista aos judeus, seus dias no campo de concentração, a morte de seu pai, a separação da família, sua libertação, seu esforço psicológico (inclusive atualmente) para manter viva a lembrança  porém não deixar a carne viva das feridas sangrando.

De acordo com Jeanne Marie Gangnebin devemos manter vivas essas lembranças para cada geração de forma que não sejam esquecidas as atrocidades e jamais sejam repetidas. Sem acesso à história corremos o risco de cometer os mesmos erros....

Em seu livro, Nanette descreve em detalhes sua vida antes, durante e depois. É com muita emoção que a leitura segue....imagino que para ela deve ter sido dolorido escrever o livro e seguir palestrando em escolas, como faz atualmente. As palestras são importantes pois mostram aos jovens um pedaço da história que, por ser tão distante, pode ficar esquecido.

Nanette é uma sobrevivente. Lutou muito ... por várias vezes passou bem perto da morte e, certa vez, talvez até por conta de seu descaso, afinal já que havia perdido sua familia e esperança, desistiram de executá-la.

É difícil imaginar que houveram tantas pessoas mortas e que a situação, tão degradante como foi, era apoiada por pessoas que também tinham famílias.... Pessoas eram deixadas no frio, sem comida.....
Pessoas morreram, mesmo quando libertadas, por se alimentarem..... Imaginem o estrago em seus corpos e suas vidas?!

Não sou capaz de compreender como uma garota , que era Irma Grese, pode mesmo diante da condenação, assumir o que fez e dizer que faria novamente.  Irma Grese foi uma das guardas mais cruéis da SS .

E Josef Kramer que, ao ser questionado sobre seus atos, sequer demonstrou um pouco de arrependimento alegando que apenas cumpria ordens.

O horror é descrito de uma forma emocionante por Nanette. No livro ela mostra as consequências do regime imposto por Hitler que, apesar de sua eleição democrática em 1933, como chanceler da Alemanha, chegava com uma ideologia de superioridade de raça muito perigosa. Com campanha publicitária muito envolvente, trabalhada por Joseph Goebbels , uma grande parte da população Alemã apoiava o Führer, inclusive crianças. (Impossível de imaginar).

Alemães , apoiadores de Hitler, acreditavam que os Judeus eram sujos , trariam doenças, deveriam ser exterminados....

Uma leitura envolvente e emocionante. Muito emocionante! Por vezes o ritmo de leitura diminuía, tamanho choque com a situação narrada... Era uma forma do meu inconsciente fazer 1 minuto de silêncio pelas vítimas daquela atrocidade lida.

Vale a pena cada página. 

Algumas passagens marcantes:

Pag.7
"Infelizmente, não existe botão delete na minha mente. Gostaria de apagar o que vi e vivi, especialmente, a sensação de sofrimento."
" Como o ser humano pôde ser capaz de deixar isso acontecer? Como o ser humano pôde ser capaz de tema já brutalidade e desamor?"
"As histórias dos Campos de concentração fazem adultos terem pesadelos como se fossem crianças indefesas."

Pag. 47
"É incrível como essa situação faz com que seu medo se multiplique à medida que outras pessoas que você ama tornam-se tão indefesas quanto você. "

Pag. 49:
"Desde as primeiras impressões que tive em Bergen-Belsen, me chamou a atenção o fato que não havia passarinhos voando e cantando. Era muito curioso, pois estávamos em uma região bem arborizada, com muito verde no verão, e mesmo assim a natureza parecia não dar sinal de vida. Mas, também, que tipo de canto seria inspirado por esses arames farpados, torres de vigilância, armas e rostos amedrontados? Sem dúvida, não seriam as belas canções dos pássaros em liberdade. A natureza manifestava sua opinião, sua consternação em relação ao que acontecia em Bergen-Belsen, em relação ao que acontecia naquela época terrível."

Pag. 51:
"Estávamos em contato com verdadeiros robôs que seguiam cegamente a estratégia e doutrina de Hitler."

Pag. 91:
"Uma das coisas que eles queriam esconder em Auschwitz, além das câmaras de gás, eram os experimentos macabros realizados - experiências médicas desumanas que, em muitos casos, resultavam na morte dos "pacientes". Josef Mengele, conhecido como "anjo da morte" pelos prisioneiros do campo, realizava experiências com o objetivo de aprofundar as questões racistas e ideológicas que faziam parte da doutrina nazista."

Pag. 116:
"Eu devia ter um olhar tão indiferente, tão isento de qualquer sentimento diante daquele ser brutal, que a sua graça acabou. Era isto que ele queria: que implorasse pela minha vida, morresse de medo na sua frente e, assim, como um grand finale, ele me mataria."

Pag. 135:
"Tomar banho era uma sensação maravilhosa! A água era quentinha! Há quanto tempo eu não tinha aquela sensação de água quente escorrendo pelo corpo? E também toalha e sabonete! Que maravilhosa sensação!"

Pag.149:
"O governo da Holanda não ajudou nenhum dos sobreviventes, ninguém prestou nenhum auxílio mesmo quando todos os nossos bens haviam sido confiscados - ou melhor, roubados de nós."

Pag. 162: 
"Lembro que uma vez eu passei um tempo dividindo o quarto com minha prima surda e ela me disse: "Você quer saber o que você fala durante a noite?". Eu tinha muitos pesadelos que se passavam em Bergen-Belsen. Era algo que não saia da minha cabeça. Essa minha prima, mesmo não podendo escutar o que eu falava à noite, teve a sensibilidade de perceber que eu tinha muitos sonhos angustiantes. Os pesadelos eram parte do cotidiano de todos os ex-prisioneiros. As nossas memórias dos tempos de guerra eram muito traumatizantes, e os nazistas haviam conseguido roubar nossos sonhos bons."

Pag. 186:
"Eu continuo falando em nome daqueles que hoje não podem falar, em nome daqueles que perderam a vida de uma maneira tão brutal e incompreensível naquele período em que a doutrina nazista dominava a Europa."

Pag. 190: 
"Escrevo este livro em pról da liberdade e da tolerância."



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