Às vezes dou comigo a pensar na vida e como ela consegue ser injusta.

Se não é injusta é no mínimo estranha e sem sentido.

A meio de Dezembro morreu-me uma Prima.

Um mês e meio depois, morreu-me outra prima.

Eram irmãs.

Eram novas.

Que se passa??

Eram filhas de uma prima (muito mas muito querida) do meu pai, que já tinha perdido um filho e o marido.

De uma família grande, agora ficam dois…

Porquê?

Lembro-me de lá ir e a casa estar cheia.

Lembro-me da azáfama daquela casa, onde nem todos tinham os mesmos horários.

Todos tão trabalhadores e bem dispostos.

É assim que me lembro daquela casa.

Subia as escadas e encarava sempre com um sorriso…

Lembro-me da galhofa que era cada vez que me encontrava com a prima I…

E as conversas sobre rapazes que tinha em adolescente com a prima E…

E as cartas que eu lhes escrevia… tantas!

Tenho a certeza que nunca mais será assim.

A próxima vez que subir aquelas escadas o que vou encontrar?

Um vazio…

Uma Mãe de alma vazia…

E o meu primo como será que ele se vai levantar desta queda de perder as duas manas?

Não, ninguém se levanta de uma queda destas!

Aprende-se a viver com a dor.

Sou assaltada por este pensamento várias vezes:

Será que Deus Sabe Mesmo o que faz?

Sei que a vida não é medida por justiças, mas não é justo tirarem as duas meninas à minha prima.

Não é justo, o meu primo ser um dos quatro filhos e agora ser filho único…

Não é justo…

♥

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