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Porque a Noruega tem os 3 bilionários mais jovens do mundo

Eles têm menos de 25 anos e são noruegueses. Juntos, encabeçam a lista dos bilionários mais jovens do mundo da revista Forbes.

Com 21 anos, Alexandra Andresen está em primeiro lugar – ela também liderou a lista em 2016. Sua irmã, Katharina, um ano mais velha, vem em segundo. Ambas receberam suas fortunas de seu pai, dono da empresa de investimentos Ferd.

Johan H. Andresen transferiu para cada uma delas 42,2% da companhia em 2007, quando Alexandra tinha dez anos. A Forbes avalia o patrimônio individual de cada uma delas em US$ 1,2 bilhão (R$ 3,95 bilhões).

Na terceira posição está o “veterano” Gustav Magnar Witzoe, de 24 anos, dono de uma fortuna ainda maior – US$ 1,6 bilhão (R$ 5,26 bilhões). Ele também recebeu essa fortuna de seu pai, que lhe cedeu um percentual do capital da empresa SalMar, uma das líderes mundiais da produção de salmão.

Mas por que a Noruega tem os três bilionários mais jovens do mundo? Ainda que o motivo de eles serem bilionários pareça ser algo simples (o fato de terem herdado esse patrimônio), há fatores que vão além da sorte de terem nascido em famílias muito ricas, como a dinâmica familiar nórdica, o sistema educacional do país e sua economia.

Os países mais ricos

“A resposta parcial a essa pergunta é que Noruega é um dos países mais ricos do mundo”, diz Oyvind Bohren, professor de Finanças da Escola de Negócios da Noruega.

De acordo com a revista Fortune, o país está entre os dez mais ricos do globo. O ranking se baseia em informações do Fundo Monetário Internacional (FMI) de outubro de 2017 sobre o Produto Interno Bruto (PIB) per capita em relação ao poder aquisitivo em cada nação. Isso permite analisar as moedas – seu poder de compra, por exemplo -, e comparar as economia dos países.

Com 5 milhões de habitantes, a Noruega está em sexto, atrás de Catar, Luxemburgo, Cingapura, Brunei e Irlanda, com um PIB per capita de US$ 70.590. Parte dessa riqueza vem das reservas de petróleo, mas o país também diversificou sua economia.

Em 1990, foi criado um fundo soberano com os investimentos feitos a partir das receitas da exploração de petróleo desde o início dos anos 1990. Hoje, é o maior do tipo do mundo, com um portfólio de mais de US$ 1 bilhão. “Hoje, é mais fácil ser rico e jovem na Noruega do que antes do petróleo. Agora, há muitos mais ricos no país, tantos jovens como velhos.”

Esse afã da Noruega por ampliar o perfil de sua economia foi incutido nas empresas familiares do país, como a de Alexandra e Katharina. Ela foi fundada após seus antepassados comprarem uma fábrica de tabaco em 1849 e a transformarem em líder do setor no país por mais de 150 anos.

O negócio foi transformado pelas gerações posteriores e, agora, é um grupo dedicado a investimentos imobiliários e financeiros. A Ferd é um exemplo excelente da importância das empresas familiares norueguesas de se “reinventarem”, diz Marina Mattera, professora de Economia e Negócios Internacionais da Universidade Europeia de Madri, na Espanha.

“Um fator fundamental é que se valoriza muito na Noruega a reinvenção de um negócio. Não é porque se começou como uma empresa de tabaco que vai sempre continuar a ser uma empresa apenas de tabaco. Isso ocorre também na Suécia, na Finlândia e até na Alemanha e na Dinamarca.”

Fomentando a criatividade

A oportunidade de se atrever a inovar e a se transformar deriva de um elemento-chave da sociedade norueguesa: a educação.

O país está entre os 20 nos quais os estudantes melhor resolvem problemas em grupo, segundo o Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o Pisa. E se há um segredo para o sucesso de uma empresa é isso: trabalhar bem em equipe e de forma criativa.

“As economias dos países nórdicos e da Noruega em especial são fortemente influenciadas por um modelo educacional centrado na aprendizagem e do desenvolvimento da criatividade”, afirma Mattera. É algo, diz a professora, que os sistemas de muitos países carecem, porque costumam se concentrar nas notas como uma medida de sucesso acadêmico.

“O mais importante nestes sistemas é que o aluno saiba a matéria, e não que tenha que pensar sobre o que aprendeu. Ele pode ter uma ótima nota, mas isso não significa necessariamente que aprendeu.”

Nos países nórdicos – entre os quais a Finlândia é sempre uma referência, mas tem o mesmo modelo da Noruega -, há três professores na mesma sala de aula atendendo um grupo de 30 pessoas, explica Mattera. “É um nível de cuidado impressionante com o aluno.” Isso permite que o estudante se concentre realmente em aprender, em desenvolver um pensamento divergente e criativo.

Ainda que muitos dos jovens ricos, inclusive os da lista da Forbes, tenham recebido seu patrimônio da família, está claro que tanto os pais como os filhos têm consciência de que devem garantir a continuidade das empresas.

“O fato de que esses países têm altas taxas de empresas familiares de sucesso, que passam de pai para filho, reflete a visão de seus cidadãos da importância da família para o futuro do negócio e, por outro lado, a noção de que é necessária uma educação criativa para que se reinventem constantemente.”

O modelo escandinavo

De acordo com Mattera, costuma-se pensar que “os latinos, os espanhóis, os franceses e os italianos são os que mais valorizam a família”. “Nos países escandinavos isso também ocorre, mas de uma forma diferente. Os latinos têm uma cultura baseada nos relacionamentos, enquanto os escandinavos se baseiam no planejamento e no trabalho, com destaque para os resultados.”

Bohren destaca que “a sociedade norueguesa tem pouca hierarquia, e isso também ocorre nas famílias”. “Por isso, uma possível explicação o fato de costumarem transferir bem cedo a riqueza de pais para filhos é que os filhos são considerados parte da empresa familiar, na sua definição mais ampla, inclusive quando são muito jovens.”

“Portanto, a senioridade e a posição dentro da família têm menos importância, e isso pode ser observado também na hora de decidir quem deve fazer o que na empresa familiar. Mas isso é apenas uma especulação, porque não conheço uma pesquisa confiável sobre esse tema.”

Reflexo da sociedade

Outro fator interessante de se analisar é que a transferência de uma fortuna é feita ainda em vida, o que para alguns especialistas reflete o desejo de evitar problemas após a morte do dono do patrimônio, o que muitas vezes leva a conflitos familiares e, em casos extremos, à dissolução da empresa ou sua venda.

Para Mattera, essa é uma forma de garantir que a empresa não vai fechar as portas. “Se sou o fundador da empresa e divido entre meus filhos um patrimônio tão importante, posso falar com eles e me assegurar que as relações sejam boas e que cada um tenha claro qual é seu papel, ainda que eles não o assumam imediatamente.”

As irmãs Andresen ainda não estão envolvidas ativamente na empresa. Katharina estuda em uma universidade holandesa, e Alexandra se dedica à sua carreira esportiva de amazona. Como elas têm a mesma participação acionária, “nenhuma poderá ter um papel mais importante do que a outra”, diz Mattera.

“Isso fará com que as decisões sejam mais consensuais, que ambas tenham as mesmas chances de sucesso no futuro, e esse equilíbrio entre os membros da família faz com que muitas empresas norueguesas e nórdicas em geral não apenas tenham êxito, mas continuem sendo familiares.”

Além disso, as sociedades nórdicas criaram políticas para evitar a discriminação entre filhas e filhos e promover a igualdade de gênero. Segundo o Fórum Econômico Mundial, os três países com a maior igualdade de gênero no mundo são a Islândia, a Noruega e a Finlândia.

“No caso norueguês, a sociedade foi inteligente, e a grande riqueza trazida pelo petróleo está sendo usada para fomentar políticas avançadas em prol da equidade de oportunidades”, diz José Luis Álvarez, professor de Economia da Universidade de Navarra, na Espanha.

A Noruega é líder entre as 188 nações listadas no Índice de Desenvolvimento Humano de 2016 da Organização das Nações Unidas (ONU). Talvez seja uma das razões que explicam por que os noruegueses são “as pessoas mais felizes do mundo”, segundo o Relatório Mundial de Felicidade de 2017 da ONU, que analisou esse critério em 155 países.

Razões fiscais

Para Álvarez, não é coincidência que os três bilionários mais jovens do planeta sejam da Noruega, e parte da explicação está na área fiscal. “Para pagar menos impostos, é melhor transferir a riqueza aos filhos, especialmente quando eles são novos, inclusive menores de idade”, afirma.

A Noruega é um dos poucos países do mundo que têm um imposto sobre a riqueza, em que um indivíduo rico deve pagar por ano quase 1% do valor do seu patrimônio líquido (já subtraídas as dívidas), explica a Forbes. “Esse imposto é pago a partir dos 17 anos”, destaca o pesquisador.

Em 2014, o país eliminou o imposto sobre heranças. “Ele foi zerado quando o governo conservador assumiu, há quatro anos. Isso foi bem surpreendente em um país que tradicionalmente tem usado impostos sobre os ganhos financeiros para fazer com que a distribuição de riqueza seja mais uniforme entre toda a população”, afirma Bohren.

Por isso, é provável que os pais transfiram seu patrimônio aos filhos antes do previsto, avalia o especialista. Álvarez resume: “Ao ceder parte de minha riqueza aos meus filhos, evito problemas com herança após minha morte e evito impostos.”

Além dos motivos fiscais, fica claro que a Noruega não apenas tirou proveito de seu petróleo e de ser um país pequeno, mas construiu instituições fortes e, como diz Bohren, “é o país com o maior nível do mundo de confiança mútua (entre sua população)”. Talvez esse seja seu verdadeiro segredo.


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