Meu avô, olho-te de baixo. Sinto-te de cima. Tua ausência é uma presença que me encontra, me encanta, me balança. Sua imagem é um tesouro que me enriquece, me enaltece, me amolece. Te Quero aqui, te quero perto. Te necessito aos berros!
Sua constante me imunda, me sucumbe, me dilacera. Te quero aqui, te quero perto. Te necessito aos berros!
Sou nada, sou tudo. Tenho medo, tenho o mundo. Que amor é esse que me endoidece? Que ferida é essa que nunca te esquece? Te quero aqui, te quero perto. Te necessito aos berros!
Vovô, esse lençol tá molhado. Esse travesseiro só fica amassado. Volta e organiza essa cama. Volta e me dá teu colo na varanda.
Vovô, meus pés tem calo. Não sei voar sem teu chamado. Volta e me abraça. Volta e me fala que lá em cima tu deu o ar da tua graça.
Vovô, te necessito. Meus ouvidos não aguentam mais os gritos. Volta e me faz perder a fala. Volta e surpreende essa voz que só chora.
Vovô, na minha escrivaninha só vejo teu retrato. Na minha vida, tu é o maior estrelato. Volta e me levanta. Volta e apaga esse coração que permanece em chamas.
Vovô, volta e arrebenta essa porta. Volta e me dá sua mão, me dá sua bênção, me dá sua aprovação.
Vovô, só quero viver por você. Só quero morrer pra te ver. Volta e traz a cura pra essa dor. Volta e emenda esse buraco que tu deixou.
Vovô, volta. Vovô, fica. Esquece pra onde tu foi ou me deixa ir com quem te buscou.
Vovô, volta. Vovô, fica. Vovô, volta. Vovô, fica.
