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X-Men: Dias de uma cronologia maluca

Uma trilogia dos X-Men, um filme terrível do Wolverine, um reboot dos X-Men, outro Wolverine. Vários diretores, roteiros ótimos e ruins, visões diferentes e o objetivo de consertar a linha cronológica de uma vez. Assim surgiu X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, ou pelo menos foi a justificativa que deram para fazerem o filme!

Até então, X-Men: Primeira Classe (2011) já era um reboot. Mesmo com a pequena participação do Wolverine, o filme seguia caminho próprio, trazendo diferenças que haviam sido apresentados na primeira trilogia. Como por exemplo: o Professor X conta que conheceu o Magneto quando ele tinha dezessete anos e os dois foram responsáveis pela criação do Cérebro. Enquanto no filme, vimos que eles se conheceram já adultos e que Hank McCoy, o Fera, criou o Cérebro.

Quando Bryan Singer assumiu novamente o posto de diretor, ele trouxe de volta o elenco da primeira trilogia e o Primeira Classe deixou de ser um reboot e passou a fazer parte da cronologia, mas iniciou um grande número de incoerências e depois ainda teve o Wolverine: Imortal (2013), que se passa após os eventos de X-Men: O Confronto Final (2006) que meio que ignorou o X-Men Origens: Wolverine (2009). Agora eles precisavam de uma história que conseguisse juntar os dois elencos e ajustar a cronologia e lá se vai a tentativa de adaptar outra das melhores histórias em quadrinhos dos X-Men.

Dias de um Futuro Esquecido, escrito por Chris Claremont e John Byrne, se passa em 2013, no meio de um holocausto Mutante. Vários Mutantes foram assassinados pelos Sentinelas (robôs gigantes que caçam humanos com o Gene X) e um grupo de sobrevivente tem o plano de enviar a consciência de Kitty Pryde para o passado no seu corpo de menina (no presente dos quadrinhos, em 1980) e que ela impeça a Mística e a Irmandade de Mutantes de assassinar o Senador Kelly (o mesmo que apareceu no filme em 2000), o que iniciaria as consequências que levaram ao holocausto no futuro!

No filme, os Mutantes estão à beira de um apocalipse e resolvem mandar a consciência do Wolverine para o seu corpo no passado e ele deve juntar o jovem Xavier e Magneto para que eles impeçam que a Mística assassine Bolívar Trask, criador dos Sentinelas. Aí você junta a maior figura da trilogia anterior que era o Wolverine e coloca ele para interagir com os astros de Primeira Classe!

No filme, ao invés de viajar no tempo, Kitty Pryde é a responsável por enviar a consciência do Wolverine para o passado!

Na teoria, Dias de um Futuro Esquecido funciona perfeitamente. Fazer um filme que unirá as duas linhas temporais e evitar mais erros cronológicos. Contudo, na prática, não é bem assim. Todas as questões que eram difíceis de explicar foram ignoradas: o Xavier, que teve seu corpo obliterado e transferiu sua consciência para um corpo catatônico, retorna aqui ileso; cenas que o Xavier aparece em pé velho, mas vimos ele ficando paraplégico no Primeira Classe; a falta de interação da Mística e do Xavier na primeira trilogia; o Wolverine que perdeu as garras de adamantium no Wolverine: Imortal, mas que retorna com elas aqui etc. Sem falar que o filme queria terminar com o problema de cronologia, mas coloca aquela terrível cena final, dando a entender que o Stryker (aquele mesmo do X-Men 2 e responsável pela Arma X) era a Mística e que ela teria sido responsável pela inserção de adamantium no corpo do Wolverine?!

Não é um filme decepcionante, mas a decepção é por conta de Bryan Singer. O homem que apresentou os X-Men nas telas lá atrás e inovou com eles, trouxe um filme divertido, com momentos de ação excelentes, mas que perde várias oportunidades. Novos Mutantes aparecem aqui e são personagens excelentes na ação. O Bishop e a Blink são o destaque das cenas do futuro, enquanto no passado o Mercúrio rouba a cena, mas são personagens jogados na história. Você não sabe de onde eles saíram, não há uma brecha na história para que o Wolverine tenha conhecido o Mercúrio em algum momento na trilogia anterior (só se tivesse um Mercúrio adulto), mas a cena dele é tão boa que o público acaba ignorando!

A decepção com Singer continua se você lembrar do que ele fez nos dois primeiros X-Men sobre a questão da minoria e de como ela era vista com preconceito pela sociedade e ele deixa passar a oportunidade de explorar na figura de Bolívar Trask esse debate. Nos quadrinhos, o personagem é um homem, de estatura comum, que cria os Sentinelas para deter os Mutantes. No filme, eles contrataram Peter Dincklage, um anão, para fazer o personagem e toda essa questão da aparência e da estatura “fora do normal” poderia ser explorado e inserido como desenvolvimento do personagem, tornando-se um reflexo de ódio aos Mutantes pela forma que as pessoas olham para ele como se ele fosse uma aberração. Uma pena não ter sido abordado!

Dias de um Futuro Esquecido funciona muito bem como uma despedida do elenco da primeira trilogia. Toda a parte do futuro é excelente e a cena de conclusão é um tanto tocante. Todavia, o núcleo do Primeira Classe, que deveria ser o principal, acabou prejudicado. Vários personagens introduzidos no Primeira Classe são descartados, sobrando só o Xavier, Magneto, Mística e Fera.

Se por um lado é bom, pois agora em X-Men: Apocalipse irão montar um grupo mais clássico, nesse filme ficou muito de lado e novamente perdeu oportunidades de mostrar os X-Men na cultura dos anos 70, como Primeira Classe fez nos anos 60. Contudo, a melhor coisa continua sendo a atuação de James McAvoy e Michael Fassbender, que entregaram personagens que continuam respeitando seus antecessores e que no momento da junção dos filmes, conseguiram “imitar” as suas versões mais velhas, fazendo o público comprar que eles são as mesmas pessoas. Sem falar que eles tiraram o destaque do Hugh Jackman, o que é muito bom pensando no protagonismo do Wolverine nos filmes anteriores!

Vamos falar da Jennifer Lawrence

Quando foi contratada para interpretar a Mística em X-Men: Primeira Classe, Jennifer Lawrence era uma atriz promissora iniciando a carreira. Entre Primeira Classe e Dias de um Futuro Esquecido, Lawrence protagonizou Jogos Vorazes, que se tornou a franquia adolescente mais popular desde Harry Potter e ganhou um Oscar de Melhor Atriz por O Lado Bom da Vida (2012), o que fez da atriz uma celebridade da noite para o dia. Como dito nos outros textos de X-Men, a Fox nunca se preocupou tanto com os quadrinhos e sim com a figura do ator. No momento em que Jennifer Lawrence virou celebridade e seu rosto tornou-se conhecido, como eles cometeriam o pecado de escondê-lo debaixo de tanta tinta azul? Dessa maneira, a atriz passa boa parte do filme interpretando a Mística, mas sem o figurino, ou melhor a maquiagem!

Claro que muitos podem querer argumentar que em X-Men: Primeira Classe ela também passa boa parte do filme sem maquiagem de Mística. Correto! Entretanto, isso fazia parte do desenvolvimento da personagem. A jovem Raven não aceitava a sua aparência azul e achava que era uma aberração e o filme constrói a personagem para que ela reconheça e se aceite daquele jeito, ter orgulho de ser Mutante – “Mutant and proud”. No final do filme, ela se assume como Mística, com seu visual já conhecido dos cinemas e indo para o lado do Magneto, pronta para se tornar a personagem má que ela é nos quadrinhos!

Toda essa questão de orgulho de ser mutante é jogado fora, colocam ela sem maquiagem boa parte do filme, a clássica vilã dos X-Men se aproxima cada vez mais do status de heroína e quando ela necessita aparecer como Mística, simplificaram a maquiagem para que a atriz não precisasse ficar tanto tempo sendo pintada e para que os fãs reconhecessem a Jennifer Lawrence pintada de azul! Claro que não é só com a atriz que isso acontece. Parece que a Fox tem um fetiche em desassemelhar os personagens dos quadrinhos, colocando Xavier boa parte do filme em pé e Hank McCoy sem a aparência de Fera, sendo que os dois já são paraplégico e um mostro peludo respectivamente desde o Primeira Classe. Entretanto, por causa do protagonismo absurdo que a atriz recebeu e por todo o conteúdo por trás da personagem, é um tanto difícil aceitar o que estão fazendo com ela. Confira o visual da Mística com o passar dos filmes:

(esquerda) Jennifer Lawrence como Mística em Primeira Classe; (direita) Rebecca Romijn que interpretou a personagem na primeira trilogia; (abaixo) Jennifer Lawrence com a maquiagem simplificada em Dias de um Futuro Esquecido.

A discussão sobre a Mística de Jennifer Lawrence e se no final das contas Dias de um Futuro Esquecido funcionou melhor do que um reboot, continua nos cinemas com X-Men: Apocalipse. Na torcida para que Bryan Singer entregue algo tão bom comparado com o que ele fez lá no início. Sua primeira versão dos X-Men foi excelente, mas funcionou naquela época e por mais respeito que devemos ter ao seus filmes, eles não funcionam com aquela estética e linguagem nos dias de hoje. Esperamos que o diretor se renove, senão, é uma boa hora de aposentar as garras!

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