Em um futuro não tão distante (2044), a sociedade colapsou. A energia é escassa. Faltam empregos, alimentos e moradia à Maior Parte da população. OASIS, uma plataforma on-line de realidade Virtual é a grande válvula de escape para Wade Wilson, órfão que vive com sua tia pouco afetiva em um trailer superlotado, em um amontoado de outros trailers. O criador do sistema – que muito mais do que um jogo, é uma segunda ou talvez a primeira vida de muitos – o biliardário James Halliday, bate as botas sem deixar herdeiros. Seu testamento é um vídeo no qual anuncia uma espécie de concurso. Em algum lugar do imenso território virtual de OASIS está o “easter egg” de Halliday. Quem encontrá-lo herda toda a fortuna do defunto.

Wade Wilson então se torna um “caça ovos” e dedica seus dias à busca do prêmio. Halliday, que viveu sua infância nos anos 80 e era aficionado pela cultura pop/nerd da época, baseia a caçada no conhecimento sobre games de Atari, arcade e PCs antigos. Séries e filmes, especialmente os do diretor e roteirista John Hughes (Curtindo a Vida Adoidado), também permeiam as dicas e desafios que guiam ao grande easter egg.

A obra de Ernest Cline, primeiro livro do autor, é feita de nerd para nerd. Especialmente os nascidos  em meados dos anos 70 e que viveram o ápice de suas infâncias na gloriosa década de 1980. Há uma profusão de referências, muitas (especialmente as de games) até um pouco obscuras. Estas menções ocorrem de forma tão fluída e são descritas o suficiente para que qualquer leitor, mesmo que ainda não nascido nestes anos dourados da nerdice, possa desfrutar da divertida trama. Contudo, algumas “googladas” certamente expandem a experiência.

Ao virar das páginas, a imersividade daquela Realidade Virtual onde a maior parte da história se passa parece mais factível. Por consequência, toda narrativa ganha força e você passa a torcer pare que em breve os atuais óculos VR (Virtual Reality) cheguem àquilo. Há um certo quê de Indiana Jones, com todas as sutilizas que a intersecção entre o real e o on-line podem trazer. Afinal, desplugado o mundo de Wade, ou Parzival (seu nome de usuário do OASIS) é uma distopia tão terrível quanto próxima. Para exemplificar, o antagonista da trama tem CNPJ e deseja elitizar o democrático território cibernético criado por Halliday, sem medir esforços para tal fim.

Se você ainda não se convenceu de que Jogador n° 1 é um dos livros mais divertidos lançadas nos últimos anos, saiba que está em fase de pré-produção o longa metragem da obra, cuja atual previsão de lançamento é 29/03/2018 e que será dirigido por ninguém menos que Steven Spielberg.