Depois de algumas críticas interessantes que os meus amigos me fizeram chegar de um modo discreto e particular, aqui ficam alguns elementos que talvez elucidem melhor os críticos e, quem sabe, os senhores deputados.
O ponto de partida para o meu artigo anterior foi a recomendação de alargamento das gratuitidades “aos fins-de-semana, feriados e quartas-feiras para as pessoas até aos 35 anos”.
Em primeiro lugar não creio que existam estudos sobre a percentagem de entradas grátis que resultariam de tal medida. Em segundo lugar é discutível que a totalidade do universo de pessoas até aos 35 anos esteja entre os mais desfavorecidos, comparativamente ao grupo de indivíduos com idade superior a 65 anos.
A pergunta que já tinha colocado sobre a estimativa de quanto significaria a perda de receitas após a entrada em vigor desta proposta, também ficou sem resposta, como eu calculava.
Outro ângulo da questão prende-se com a dificuldade de fixação de funcionários qualificados nos museus, palácios e monumentos dependentes do Ministério da Cultura. Poucos o sabem mas os candidatos admitidos nos últimos concursos internos apenas usam estes serviços durante uns meses, pedindo quase de imediato a transferência para outros ministérios, através dos mecanismos de mobilidade, ou candidatando-se por concurso a vagas noutros ministérios.
É muito difícil fixar pessoas com vencimentos na ordem dos seiscentos e picos euros, horários de trabalho que incluem fins-de-semana e feriados sem qualquer compensação extra por isso, e com folgas que não são compatíveis com as dos seus familiares directos. Claro que a desculpa para isto é a falta de verbas para o pagamento do trabalho que Devia Ser considerado extraordinário, ou para considerar que esses trabalhadores estão numa carreira específica e que portanto assim devia ser tratada.
Por último quando se fala em alargar as gratuitidades amais “cidadãos”, podia inferir-se que se estavam a referir a nacionais ou residentes, mas isso não é correcto, porque as gratuitidades são igualmente extensíveis a estrangeiros, talvez mesmo a cidadãos não comunitários, como acontece hoje com os descontos praticados.
A minha pergunta do último post mantém-se: de onde virá o dinheiro para a implementação destas recomendações, sem prejudicar o funcionamento dos serviços?