Chico e seu bordão : " E o salário, ó!"
Pouca gente percebeu, mas a mudança foi radical: sumiram com os bordões.
O “bordão” - que ainda encontramos em personagens da Praça da Alegria, é um dos pilares do nosso Humor latino que provém da Commedia Dell'arte italiana.
O bordão caracteriza cada personagem de comédia popular. Bordões ficaram famosos por séculos e séculos. Sempre funcionaram enquanto nosso humor Tinha por matriz a Península Ibérica e a Comédia Franco Italiana, ou seja, enquanto latinos.
A invasão cultural neocolonialista vinda dos EEU chega arrasando a terra já cultivada. O humor estadunidense não tem bordões. Não tem origem latina. Seguindo esta linha os bordões foram retirados do humorístico na tela platinada.
Sinal dos tempos, e não há jeito de ser de outra forma. Mas é lamentável que até no humor seguimos o modelo norte americano abrindo mão das nossas origens culturais.
Pra quem ainda não localizou o bordão, por exemplo, o Zebedeu tinha um: “Não me queira mal que eu só sei querer bem. ” O Brasilino que eu fazia na Escolinha tinha o seu: “Só se for na França”. O cômico Zé Trindade tinha um famosíssimo em seu tempo: “O negócio é mulher! ”. Zezé Macedo com Dona Bela tinha o bordão “Ele só pensa naquilo!”.
Assim como um dia a turma da praia de Ipanema determinou que Contar Piada era brega e as piadas foram desaparecendo do cenário nacional, assim como a turma do Rio determinou que stand up não pode contar piada e as piadas foram sumindo dos shows de humor, agora são os redatores de humor, mais jovens, que determinam o fim do bordão.
Melhor para o humor? O tempo e os costumes dirão.
Escrito Por Bemvindo Sequeira
Colaboraram: Bemvindo Sequeira; blogdobemvindo.blogspot.com.br