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O Filme Achado de Hoje: Marcas da Maldição (Incantation) - Quase acertam.

Em pleno 2022, um filme surge na Netflix como inédito, sobre o gênero já muito difundido que tanto amo.


Por conta da velha maldição da Netflix, eu fiquei incrédulo quanto a qualidade deste found, mas, tomei coragem e fui assistir.

E como resultado, estou bem decepcionado.

Falarei Tudo o que achei, e não evitarei spoilers.

Boa leitura.

Found Footages...

Sabe, sempre que me desafio a assistir e escrever sobre filmes desse gênero, a primeira coisa que me vem a mente é "Será que dessa vez acertarão?".


É que, um erro muito comum no mercado cinematográfico está em acreditar que filmes assim são baratos, e por causa disso, o esforço de seus idealizadores e desenvolvedores deve se focar na atuação, história, produção, marketing e pós edição, valendo-se do baixo orçamento com a falta do uso de câmeras e tratamentos de imagens mais refinados, pra não temer com cobranças do público na qualidade geral.

Mas na verdade, todo o esforço deveria se focar numa única característica: Verossimilhança. 


O que torna um found footage bom não é o fato de ser assustador, de ter uma história excelente, de ser intrigante, ou de ser bem feitinho. O que faz dele bom é a capacidade de nos convencer de que o que vemos, é real, foi real, ou pode ser real. 

O filme pode ter Fantasmas (Atividade Paranormal), Suspense (Bruxa de Blair), Drama (Buscando...), Brutalidade (Spree), Psicopatas (Creep), Monstros (Cloverfield), Super Heróis (Poder Sem Limites), Ficção Científica (Projeto Almanaque) e até Humor (Untitled Horror Movie), mas pra que funcione, ele tem que nos convencer que é real, mesmo que não seja.


Causar essa dúvida e inquietar nossa mente com perguntas é o que torna todos os demais elementos que compõe a obra, bem sucedidos. Não basta ser assustador, não basta ser bizarro, nem ter uma história bacana, não no caso dos Found footage. Aqui, nesse estilo "simplório", é preciso haver convencimento.

E é aqui que entra "Incantation", filme Tailandês da Netflix que foi traduzido como "Marcas da Maldição" (chega perto do significado original, mas foge do conceito por incrível que pareça). A proposta por trás do filme é bem óbvia: Ele tenta nos amaldiçoar, com um encantamento contínuo.


O uso do estilo found footage é pra nos induzir a suspeitar das verdadeiras intenções do longa, uma vez que ele supostamente retrata uma história real, de uma pessoa amaldiçoada tentando salvar alguém importante pra ela, jogando a praga na gente.

Logo de início ele já nos horroriza e impressiona, com imagens, sons, e toda uma atmosfera que faz jus ao terror asiático. Mas ai que tá, a atmosfera foi tomando controle de tudo.


Por mais que ele consiga nos causar agonia em algumas cenas, e nos deixe apavorados com algumas ótimas ideias, o filme nos perde ao sair do real e apostar no terror convencional.

Sustos, mortes sanguinárias, suspense, aquele clichê de sempre. Infelizmente ele mergulha de cabeça nisso e vai largando a mão do que poderia funcionar, pra se apoiar no básico.
 

O primeiro e principal erro que ele comete é abusar dessa atmosfera, com uma ótima Trilha Sonora, muito bem encaixada e que causa tensão, emoção, e aguça nossas sensações, tudo que funcionaria muito em um filme de terror convencional, mas por incrível que pareça não em um found footage.

Uma regrinha simples mas constantemente esquecida é a de que, a vida real não tem trilha sonora, pelo menos não normalmente. Nesses filmes é viável encaixar músicas, e até podem ter edições visíveis, desde que isso faça sentido pra realidade da obra. É preciso que haja justificativa pra que isso seja possibilitado dentro do enredo, e caso essa justificativa não surja, automaticamente nos desprendemos do real, e entramos no cinematográfico. E nesse caso... qual a lógica de usar o estilo Found Footage?

Marcas da Maldição: 
Bom terror, péssimo footage.

Claro, assim que começamos a assistir, sabemos que é tudo falso, uma história encenada para nos causar medo, porém a magia do estilo found footage está em flertar o com o real, e nos fazer temer tudo em dobro: pelo filme, e pelo que o filme pode significar.


"Marcas da Maldição" tenta insistentemente nos fazer participar da história, não apenas como espectadores, mas como coadjuvantes. Nos pedem para que contribuamos com ações e pensamentos, na promessa de que haverão consequências.

Cientes que é um filme de terror, obviamente nem todos entrariam na brincadeira e acabariam desviando o olhar nas cenas que pedem tais contribuições (o que convenhamos, é uma ótima reação em prol do filme). Enquanto os corajosos se desafiariam a ver, porém temendo por dentro, daquilo ter um pingo de verdade, e de alguma forma os afetar. Era assim que o filme deveria funcionar... e quase consegue.


O que o faz falhar, são os clichês empregados ao longo de toda sua história. Eles nos relembram constantemente que é tudo artificial, tudo muito falso, ao mesmo tempo em que ele constrói sim um bom enredo com boas ideias.

O fato da história ser contada em datas diferentes, mas justapostas, editadas de forma que não revela muito, antes da hora certa, é bem interessante e bom de acompanhar. Mas quando tudo passa a ser conveniente de mais, e responsivo de mais, começa a soar bobo.


Os mistérios vão aos poucos se revelando e se encaixando, e as respostas surgem, sem deixar pontas soltas. No entanto, são sempre respostas razoáveis, sem grande choque ou reviravolta, sem nada tão impressionante.

Destes mistérios, devo salientar que o maior de todos é sem dúvida o "Vídeo Amaldiçoado", que é tão temido pelos personagens que nós começamos a temer que acidentalmente vejamos. Mas no final, ele é escancarado na nossa cara, e é estúpido de tão ruim.


Chega a ser anticlimático, pois ele é, antes de tudo, totalmente editado (o que não é justificado na história), mas o pior, ele é cheio de sustos baratos, e nada que corresponda ao grande temor dos personagens.

É um vídeo com dois caras achando um monte de rituais meia boca num túnel, e mexendo com eles, fuçando nas coisas e até quebrando, pra no fim se depararem com uma estátua de uma divindade diabólica, com o rosto tampado, que nem se mexe, mas afeta suas mentes para que se matem. Essa é a grande ameaça.


De certa forma, acredito que funcionaria bem colocar uma entidade completamente invisível para atormentar as pessoas, com a ideia dela poder inserir pensamentos ruins ou afins nas mentes das vítimas. Porém, o mesmo filme que aposta nisso como seu "monstro maior", também usa de mãos saindo de paredes, vultos pretos no teto, vermes de CGI se arrastando por ai, e claro, gente possuída correndo na direção da câmera (sempre da câmera, nunca do cineasta), o que apenas nos faz perder toda a experiência "boa", de acreditar.

Há partes bem legais, como quando usam ilusão de ótica pra colar uma imagem em nossas retinas, enquanto alegam que a maldição nos pegou. Isso foi cruel, medonho, e confesso que eu ficaria preocupado, se não conhecesse esse efeito antes (uma imagem de fundo escudo na tela por alguns longos segundos, com um fundo totalmente branco tomando seu lugar repentinamente, faz com que vejamos o desenho de antes nele). O truque funciona pois no meio do círculo os kanjis em vermelho vão mudando com suas respectivas traduções logo abaixo, juntinho, ainda no centro. Prestamos tanta atenção que nossa visão foca no meio, e quando ocorre a transição abrupta pra tela branca, o simbolo fica memorizado em nossos olhos (temporariamente, faça o teste, olhe no ponto vermelho por uns 15 segundos, depois olha pra uma parede clara).


Também ei de confessar que os cânticos ritualísticos repetidos o tempo todo são relativamente preocupantes. A gente sente que tão rogando alguma praga de verdade... mas aí vemos os personagens reagindo das formas esperadas em filmes de terror bobos, morrendo após fazer uma descoberta, entrando em pânico após fazer as maiores burrices, e isso nos bota de volta na nossa realidade, simplesmente nos faz desacreditar.

E essa descrença não deve nem devia aparecer num found footage, isso vai contra o estilo, o que torna ele desnecessário, mesmo que apenas por questão de estética: Pra que usar câmeras ruins, se querem mostrar os personagens reagindo o tempo todo, e pra isso inserem mais câmeras do que a própria trama pede (só a protagonista começa a andar com 3 câmeras ao mesmo tempo, sendo que... ela nem trabalha com isso!). Se for pra isso, seria melhor só filmar tudo do jeito convencional, como qualquer outro filme de terror.


Depois de falar tanto, minha conclusão sobre este longa é que, ele é um bom filme de terror, e provavelmente pegará muita gente mais sensível de jeito. Mas é um péssimo found footage, pois por mais que use suas melhores artimanhas de um jeito excelente, ele também descarta tudo isso ao apelar pra zona de segurança dos filmes blockbusters.

Talvez se tirassem 90% dos sons (principalmente aqueles de ambientação nos momentos de tensão), e não apelassem pra mortes gratuitas, ou para aparições randômicas e irrelevantes de fantasmas em puro CGI, seria uma experiência bem mais apavorante e traumatizante.


Tem coisas jogadas de um jeito tão aleatório que apenas não combinam com o que querem contar. A parte em que o "pai" filma um fantasma agarrando a filha dele, aquilo foi posto no filme sem a menor lógica (ele era descrente nos tempos atuais, mas ele já tinha visto o sobrenatural no passado, e ainda gravou isso! Então? Qual o sentido dele permanecer desacreditando?).


A parte em que eles ficam presos num looping na estrada, dando voltas no mesmo local. Aquilo nem fez sentido dentro da história! E do mesmo jeito que eles chegam no local, eles saem, abruptamente e sem uma derradeira conclusão.

O único ponto alto na minha opinião é o relacionamento materno da protagonista com a garotinha (que convenhamos, atuou bem apesar de bem tímida), que é de encher os olhos de lágrimas, e eu lamentei muito por como a menininha sofreu. Nas partes que a envolvem, a gente acaba torcendo por ela, e sofrendo junto, e isso é o que acaba nos prendendo. Por isso que acho que, se fosse um filme no estilo padrão, seria melhor.


A pergunta que Marcas da Maldição gerou na minha mente ao termina-lo, foi: "Se a mulher morreu, como o filme foi encontrado e publicado pra espalhar a maldição?"

É que, seguindo aquela mesma proposta do clássico "O Chamado", a vítima precisa compartilhar a maldição, através de seu filme, pra que ela própria se liberte (ou pelo menos amenize sua tortura). O porém é que ela morre no fim, e a filha dela (pra quem ela passaria a benção da partilha do filme) nunca veria seu filme, nem jamais colheria seus benefícios pois, o filme morre junto com a protagonista! (O filme é perdido, junto com a protagonista, no fundo do túnel)


No máximo dá pra acreditar que a entidade que amaldiçoa geral, pegou o filme, editou, e assinou contrato com a Netflix pra publica-lo. Mas até isso é meio suspeito afinal, como que o fantasma ia editar se ele não tem olhos???

No fim do filme o rosto dele é mostrado, e é uma cara mó feia com um buraco infinito, cheio de buraquinhos (se você tem tripofobia, o negócio vai te matar de medo). Eu vou colocar ele agora, para compartilhar a maldição com você. 


Que medo né.

Mas não se preocupe, é tudo falso, pode confiar. E caso esteja com medo assim mesmo, apenas repita as seguintes palavras comigo, pode ser em pensamento ou em voz alta:

"Umogu gai feidital, umogu gai feidital, umogu gai feidital."

Pronto, a maldição foi anulada.

Aliás, se quiser conhecer mais filmes desse estilo, ou só ler críticas bobas assim, veja a Lista da Morte 2.0. Ainda há muitos filmes que eu não escrevi a respeito, mas com o tempo vou atualizando a lista. Só clicar aqui.

É isso.

See yah!


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