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CríticaMorte: Um Lugar Silencioso - Parte 2

A parte dois da história dos Monstros que seguem sons e forçam geral a um lockdown silencioso acaba por ser simplória, forçada, e até mesmo repetitiva se considerar os eventos da primeira parte. No entanto, pode divertir se desconsiderar falhas como o roteiro fraco, cheio de um terror focado em conveniências e decisões ignorantes dos personagens.


Irônico que eu jurava que tinha visto o primeiro na Netflix, mas na verdade o que vi foi o Bird Box lá, e acabei assimilando os dois títulos. Porém, sim, eu já vi o primeiro (cito ele na crítica de Bird Box) mas irei me focar no segundo aqui.

Boa leitura... e já adianto: Eu não gostei, e tem spoilers.

Sinceramente, este filme soa muito mais interessante e "divertido", além de assustador, em seus primeiros 20 minutos, onde mostra os eventos anteriores ao primeiro longa, que apesar de também contar com certas conveniências muito forçadas, consegue sim tirar o fôlego de quem assiste.


Mas, depois disso a história parte exatamente do ponto em que o primeiro filme acabou, com os personagens tendo em mãos ferramentas para acabar com a ameaça monstruosa, mas optando por enrolar mais um pouco.

Lembro-me de ter me animado com o primeiro filme, pois além de um terror inesperado que focava no silêncio absoluto pra segurança dos personagens, também contava com a presença de uma protagonista surda, onde essa deficiência fazia dela ainda mais vulnerável a ameaça (afinal, ela nem saberia quando estaria fazendo barulhos altos, e nem notaria os monstros por perto).


Isso alimentava sim o terror, e ainda combinando esse detalhe com uma família grande, que a qualquer momento poderia ser posta em perigo por causa dessa garota, só deixava tudo mais inquietante.

Mas também me lembro de ter achado as conveniências meio incômodas, e isso meio que se agravou aqui.

Tem tantos momentos em que os personagens tomam decisões completamente absurdas e sem qualquer motivo, apenas para dar andamento a parte do terror do filme e nos deixar apreensivos com o destino deles, que enjoa.


Destoa muito do que esperamos ver. Poxa vida, a família que sobrou tem uma arma espetacular que pode deixar os monstros frágeis. Ao invés de investirem nessa arma e lutarem pela sobrevivência, eles optam por sair pelo mundo em busca de um novo lar. Isso é lógico? Pense comigo, se você tem uma arma que pode destruir os monstros que ameaçam a humanidade, você vai tentar enfrenta-los? Vai lutar pra defender sua família e proteger seu lar? Ou vai abandonar tudo indo pro desconhecido, despreparado? Essa última alternativa parece ser o mais lógico aos olhos dos roteiristas.

E o pior, é que esse tipo de decisão não se restringe apenas a esse momento. Tudo parte de ideias irreais e implausíveis, que surgem para dar continuidade a um enredo pra lá de furado (Explorar o mundo descalços, é um deles, ainda mais depois de descobrir que Pregos fazem um baita estrago).


Quer momentos como exemplo? Eis alguns:

Uma mãe recém viúva, isolada num bunker com 3 filhos: uma garota surda porém teimosa, um garoto com a perna quase amputada e precisando de curativos, e um bebê quase sem oxigênio. Além disso, o bunker não é dela, e sim de um antigo amigo de família que ficou isolado por mais de um ano e, perdeu tudo, e ainda por cima é responsável pela quase amputação da perna de seu filho por armadilhas anti-humanos plantadas em seu quintal.


Qual a decisão mais plausível na sua opinião? A mãe preservar a vida de seus filhos se mantendo distante do estranho? A mãe sair em busca de remédios pro filho deixando as outras crianças com o estranho? A mãe preferindo pedir ao estranho que busque por remédios? Ou a mãe tentando formar um acordo com o estranho para que todos sobrevivessem, oferendo por exemplo a arma anti-monstros que seu ex-marido criou?

Pois é, nenhuma dessas opções é seguida. Sabe o que a mãe faz? Ela implora pro estranho ir atrás de sua filha, que por sua vez teve a brilhante ideia de viajar pelo mundo sozinha, usando a tal arma (que é seu aparelho auditivo e um amplificador de som), deixando sua própria família pra trás. Depois, ela mesma opta por deixar seu filho ferido e seu bebê num bunker desprotegido, e despreparados é claro, pra ir até um lugar super distante, sepultar seu marido (simbolicamente, pois nem tinha o corpo), e só então buscar por recursos como Oxigênio e Medicamentos, se arriscando bastante no processo é claro.


Se não bastasse essa sucessão de decisões erradas, o jovem ferido prefere, ao invés de esperar no bunker em silêncio, sair pra explorar (com a perna ferida não esqueça) os arredores, deixando o bebê sozinho numa caixa isolada, com pouco oxigênio restando (essa caixa foi uma invenção pra transporta-lo e mantê-lo seguro contra os monstros, pois um bebê não tem controle do choro). Consequência? É óbvio né: Nada acontece.

Na verdade, é claro que os monstros aparecem em todos os núcleos mostrados, mas ninguém se dá mal de verdade, pelo menos não no elenco principal, afinal, eles cometem os erros, mas os coadjuvantes pagam o pato.

E, quando digo coadjuvantes, me refiro a personagens totalmente descartáveis que só surgem pra serem mortos e lembrar que os monstros são perigosos. Ninguém, além do novo pai da família (o tal estranho), tem qualquer relevância na história.


Incluíram pessoas num pier que, eram pra ser ameaçadoras e misteriosas, mas resultam em personagens idiotas que tem decisões ainda mais idiotas. Afinal, o que eles queriam fazer exatamente? Tipo, eles criam uma armadilha usando uma criança, pra prender outras pessoas e, avalia-las posteriormente? Eles desarmam a garota surda e, iriam fazer exatamente o que com ela? Iriam sequestra-la e cobrar recompensa? Iriam abusar dela? Iriam usar ela como sacrifício pras criaturas? Iriam devora-la? Iriam recrutar ela? Iriam o que???

No fim o que o filme nos mostra é que, esses personagens misteriosos eram apenas carne fresca pra servir de escudo vivo pros protagonistas fugirem. É até engraçado pois, pense comigo: Os vilões isolam dois estranhos pra fazer alguma coisa com eles, mas em momento algum os silenciam. O que impediria que uma das vítimas gritasse e atraísse monstros (que é exatamente o que ocorre, mas de um jeito enfeitado), e por consequência matasse todo mundo ali? Pois é né...


Cheguei até a pensar quando eles apareceram, que o filme faria uma reviravolta e mostraria que, a ameaça real não eram os monstros, mas as pessoas e o que elas se tornaram depois que os monstros apareceram (imaginei um tipo de mutação, ou até mesmo loucura mesmo), mas isso não passou de um devaneio repentino em busca de algo mais interessante pra ver, que nunca surge, afinal, são só coadjuvantes da história da Família sobrevivente.

Outro grupo de coadjuvantes é a comunidade ilhada, que por sua vez não tem qualquer medida de segurança contra os monstros, pois sabem que eles não sabem nadar. E, simplesmente ignoram o fato de existirem barcos? E se algum monstro for transportado por um barco? Ninguém pensou nisso, além do roteirista?


Pois é, e até mesmo nos momentos em que esses personagens parecem ter tido um pingo de inteligência, eis que dão vários passos pra trás e lembram que são só coadjuvantes. Como no momento em que um cara pega os dois protagonistas que chegaram na ilha (esperto ele) e leva num carro, buzinando pra atrair o único monstro que os seguiu (esperto ele), até a estação de rádio onde poderia por a Arma Anti-monstros lá (esperto ele), e ai... ele se toca que é coadjuvante e tem crise de burrice, dizendo "Ah não, despistamos o monstro, preciso conferir para morrer e deixar os heróis continuarem, pois sou só coadjuvante!". Ai ai viu.

O filme fica o tempo todo apontando os momentos que podem sair muito errado, e eles saem, mas não com as consequências esperadas. Os resultados são sempre muito leves ou, sem grande impacto nos personagens principais, e o máximo que temos são sustinhos.


Me vi decepcionado com as possibilidades desperdiçadas em troca de soluções facilitadas pelo roteiro, e isso é impossível de ignorar.

O próprio desfecho, que faz uma rima com o final do primeiro filme, mas agora invertendo a mãe pelos seus dois filhos, é bem infeliz em seu impacto, forçando uma continuidade mas ao mesmo tempo, tirando qualquer vontade de assisti-la.

É que, já da pra prever o que virá a seguir: Um filme inteiro mostrando como uma jovem surda faz para reencontrar sua mãe e irmãos que, ela nem sabe se sobreviveram, em meio a um mundo cheio de criaturas que atacam seguindo sons.


É mais do mesmo.

Aliás, eu também senti um incômodo enorme ao ver como apresentaram o "fim do mundo" de forma reduzida e centralizada. No primeiro filme, nós não precisamos ver, nem ter uma noção ampla de como as criaturas acabaram com o planeta, mas já entendemos que isso foi uma catástrofe global só pelo que acompanhamos da família principal. Porém aqui, como eles viajam e exploram um pouco mais, acabamos vendo e até sendo induzidos a acreditar que foi apenas uma ameaça regional mesmo.


Sim, varreu o que parece ser um estado inteiro, e tem muitos corpos deteriorados espalhados ao longo do caminho... mas ao mesmo tempo a sensação que dá é que, tudo ocorreu somente numa cidade, e que as criaturas não são uma ameaça tão grande assim.

Por mais que a história tente empurrar o fato do exército ter enfrentado os monstros, e terem sugerido pra população medidas de sobrevivência e tal, através de diálogos, o que vemos é muito diferente e pequeno de mais, sendo difícil de acreditar.


Sério mesmo que, ciente que as criaturas não podiam atravessar o mar (pois não sabiam nadar), a população inteira do mundo morreu? Eles não fizeram bases navais em pleno oceano, nem criaram medidas de resgate? Não passaram a colonizar ilhas, nem inventaram métodos de sobrevivência baseados em fronteiras com água? Tipo... os monstros simplesmente brotaram nos locais e, ninguém pensou em bloquear pontes e tal?

É muito ilusório pensar que, cidades seriam reduzidas a minúsculas comunidades por conta de uma ameaça desse tipo. Ainda mais quando nos é revelado que nem tem tantas criaturas assim. Ao que parece, são uma dúzia e pronto. Tá, podem ter milhares (o filme passa a ideia que existem milhares pelo suspense), mas quando elas aparecem, são sempre em unidades ou no máximo, duplas.


E tá bom, beleza que os monstros que se movem pelo som são imunes a todo tipo de dano, incluindo explosões, a menos que seus ouvidos sejam desestabilizados com sons agudos. Mas sério mesmo que ninguém notou isso? No planeta inteiro? Somente uma garota que, por pura sorte (ou azar) tinha um aparelho auditivo com defeito?

É claro que o filme não nos mostra como o mundo reagiu, e foca sim apenas numa família... mas do jeito que tudo é contado, parece até que essa é a família escolhida pra salvar o mundo, pois tudo sempre acontece com eles.


A resolução da vez nos mostra a mesma garota com deficiência auditiva, buscando compartilhar sua descoberta sonora com todo o mundo, ignorando sua família e as necessidades da mesma, e indo em busca de uma mensagem sonora que, somente ela percebeu, ninguém mais, e encontrando uma estação de rádio ilhada, onde apenas bota seu aparelho e faz a magia acontecer.

Eu até esperei ver os monstros tendo suas cabeças explodidas pelo amplificador mas não, eles só ficam atordoados mesmo, o que não reduz a ameaça deles (foi inclusive mostrado anteriormente, que atordoa-los não é o mesmo que vencê-los, e eles não fogem do som, eles atacam depois de um tempo expostos, justamente para parar o barulho!). Daí, a tal solução na verdade não muda absolutamente nada, e só nos leva pro mesmo lugar de onde partimos.


Entende onde o filme desagrada? Ele soa como uma história longa que nada conta, pois todos seus problemas são consequências de decisões bobas, e todas suas soluções são vazias e sem resultados.

Não há perdas, não há vitórias, não há nada. Só uma falsa alusão ao empoderamento dos personagens que no fim, seguindo a lógica do filme anterior somada ao resultado deste aqui, não vai levar a lugar algum.

E se, o que vale é a experiência do suspense angustiante, e do medo silencioso... pois é... o primeiro filme se sai melhor nisso, sendo este aqui só uma cópia da fórmula, que não consegue se sustentar sem apelar pra sorte ocasional do roteiro.

Eu não curti... mas é só minha opinião. Vai de gosto pra gosto... só não achei este um filme de terror legal não.

É isso.
 


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