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AnáliseMorte: The Medium

Fazia tanto tempo que não jogava algo de terror, e assim que vi este novo título eu parei tudo que tava fazendo e me dediquei exclusivamente a ele.

The Medium

Um Survival Horror raiz, que tem uma das mecânicas e visuais mais incríveis e surreais que já pude testemunhar.

Espero que goste e... tem spoiler.

Boa leitura.

Como eu amo jogos bem feitos, meu deus. The Medium é uma das coisas mais maravilhosas que pude jogar, e olha que ele nem é grande ou complexo.

É um simples survival horror, que nem tem sistema de batalha, e ainda por cima conta com um enredo praticamente linear. É quase como um filme, que você assiste enquanto manipula os personagens.

No entanto ele é intrigante, instigante, assustador, e muito, mas muito dinâmico. Eu já esperava algo impressionante só pelo contexto que ele apresenta, e o estilo de câmera por assim dizer, mas não esperava algo tão incrível assim.

Bem, pra iniciar, a câmera é naquele estilo clássico dos jogos mais antigos do gênero, com ela fixa em cantos do cenário, mudando a cada tela que o personagem atravessa.

Lembra muito os primeiros Silent Hills, não só na câmera mas na jogabilidade e enredo também, além de também lembrar jogos como Rule of Rose, os primeiros Resident Evil, e até Fatal Frame.

Mas a parte que se destaca dele é o elemento duplicado.

Tipo, o jogo tem duas versões paralelas que são mostradas ao mesmo tempo, ou intercaladamente. É tipo aquela ideia de mundos alternativos, como em Silent Hill, só que aqui são ao mesmo tempo.

Explicando, por se tratar de uma história de uma garota que existe tanto no Mundo Físico (dos vivos) quanto no Plano Astral (mundo dos mortos), ela pode ver esses dois mundos, ao mesmo tempo.

Pra ilustrar isso, o jogo genialmente mostra duas câmeras, cada uma com uma versão da protagonista (seu lado Espiritual e seu lado físico) ambos fazendo exatamente os mesmos movimentos, mas em cenários distintos.

O Mundo Espiritual jamais é idêntico ao Físico, então o tempo inteiro a protagonista se vê em ambientes parecidos, mas com vários obstáculos que variam do físico pro espiritual, e cabe ao jogador superar tudo isso. Um bom exemplo disso são as portas: As vezes tem uma porta no mundo físico que não existe no espiritual, mas ela não pode atravessar no espiritual pois o corpo não vai junto, criando assim uma barreira invisível no espiritual.

Esse esquema de mostrar duas câmeras é tão bem aproveitado, que as vezes, em diálogos, uma câmera foca algo, enquanto a outra foca a protagonista, nos dando uma percepção muito maior do que ta acontecendo e uma imersão impossível de replicar em outros jogos.

Tem muitos momentos em que ela vê espíritos e interage com eles, mas no mundo físico não tem nada, então a interação com tais entidades tem duas perspectivas, com as vezes uma câmera se aproximando mais do espírito enquanto a outra mostra as ações da protagonista, e também tem vezes em que as duas câmeras ficam sincronizadas, com a versão física mostrando as consequências das ações espirituais.

É muito bacana de se assistir cada cena dessas, e foi uma cartada de mestre dos realizadores.

Mas o brilhantismo não fica apenas ai. Tem muito mais, principalmente com o enredo se desenrolando. No início eu me pegava criticando a proposta "desperdiçada" do jogo, e na verdade eu tava sendo enganado na cara dura.

É que, a história em si parece algo totalmente relacionado apenas a protagonista. Tipo, a falha que eu via era que, pra um jogo com uma gama tão grande, se limitar a eventos relacionados apenas à protagonista era bobagem. Explicando:

A personagem principal pode estar nos dois mundos, então, ela tem o hábito de ajudar pessoas que não conseguiram descansar após morrerem, dando-lhes conforto com seus poderes. Pra isso tudo que ela precisava era ter o nome da pessoa em vida.

Então, o tempo inteiro ela se via em situações assustadoras no mundo real, com objetos se mexendo, sombras surgindo, luzes piscando e vozes sussurrando, mas ao invés de se assustar ou fugir, ela ia adiante até que sua visão do mundo espiritual mostrasse que, tinha alguém ali pra ser resgatado.

Isso abre um precedente sem igual, uma vez que o jogo poderia facilmente se estender com ela em missões pra aliviar almas perdidas. E isso de quebra nos aproximaria da personagem nos fazendo entender quem ela é, e como ela é poderosa e importante.

No entanto, logo de cara nos encontramos presos em uma narrativa que se centra apenas na protagonista. É ela buscando a origem de seus poderes, ajuda pra si própria, e se deparando com descobertas sobre seu passado.

O erro nisso é que, acaba deixando a parte realmente interessante de escanteio, e as almas penadas que poderiam ser muito interessantes, soam como esquecidas... pelo menos é isso que eu achava até ver que na verdade, o jogo estava sim aproveitando e muito as almas perdidas.

Toda hora tem um documento ou alguma "Memória" revitalizada pela protagonista. São emoções ou lembranças perdidas no espaço espiritual que ela pode sentir. Tudo parece ser ao acaso, mas no fim está tudo relacionado a ela, e também, aos muitos espíritos que ela ajuda sem perceber.

Tem também vários espíritos que nem conseguem mais se mover, de tão debilitados que estão, e acabam sendo ajudados só pra abrir caminho. Parece um recurso simples pra expandir a jogabilidade, mas isso acaba mostrando muito do cenário assustador no qual eles se encontram: A existência das pessoas passou a ser negada!

Logo de cara o jogo nos revela que o mundo espiritual não é tão inofensivo quanto parecia. A protagonista tem coragem de sobra pois sabe que os espíritos não podem feri-la, só que ao descobrir que alguns espíritos podem não só mata-la, mas também drenar sua alma e fazê-la virar um peso morto no mundo espiritual, em agonia constante e sem jamais poder descansar... ai sim a coisa fica tensa.

Os perigos do mundo físico também a assustam é claro. Altura por exemplo, é algo que evidentemente causa tremores nela. Porém o pior fica pro mundo dos espíritos e os "demônios" que la existem.

Bora explicar tudo isso, falando da mecânica e posteriormente, da história.

Mecânica

A protagonista tem a habilidade de visualizar dois mundos, as vezes ao mesmo tempo e as vezes intercaladamente, e ela sempre pode contar com habilidades específicas em cada mundo.

Mundo Físico

Além de é claro, Andar, a protagonista pode ler documentos e coletar itens dos cenários. É importante frisar isso pois, no mundo espiritual, os itens são diferentes dos que ela encontra no físico, mesmo quando um está conectado com o outro.

Sua forma física não tem qualquer habilidade de luta. No máximo ela pode agachar e andar lentamente pra não chamar a atenção.

Ou então, ela pode prender a respiração pra que sua presença fique ainda mais silenciosa. Isso é importante em alguns momentos em que o que não pode ser visto, também não pode nos ver (vou explicar depois) mas pode ouvir e ser ouvido.

Ela também pode Correr, e nesse caso depende muito da situação. As vezes essa função torna-se desabilitada para que haja contemplação do cenário ou algo do tipo, mas na maioria das vezes ela permite que a protagonista acelere o passo, nada muito rápido, só pra não enrolar muito.

Porém, em alguns momentos, ela corre como se sua vida dependesse disso, em sessões de Perseguição. O jogador tem pleno controle da corrida, precisando segurar o botão específico para tal e direcionar a personagem. Se parar ou desviar o caminho, é game over.

Aliás, a personagem não tem uma barra de vitalidade ou HP, porém tem uma certa tolerância aos danos que sofre. Ela só pode ser ferida espiritualmente (isso inclusive faz parte do enredo), sendo que sua maior vulnerabilidade está no mundo espiritual. No entanto, sua resistência é mostrada através da tela escurecendo e acinzentando. Se escurecer totalmente, ela morre e o jogo volta pro último ponto de salvamento (que é automático). Caso ela escape do que quer que esteja lhe ferindo espiritualmente, ela se recupera.

Voltando ao mundo Físico, ela pode se equilibrar em tábuas pra atravessar alguns locais, o que exige que o jogador direcione ela com calma pra não cambalear e cair. Na verdade creio que nem seja possível cair (exceto numa parte que faz parte do roteiro) e no máximo ela perde o equilíbrio brevemente e para de andar. 

Ela também pode e precisa subir em alguns pontos. Nesse caso sempre tem o ícone de interação quando da pra subir em algum lugar.

Além disso, ela pode se esgueirar nos cantos das paredes pra passar por buracos, sempre bem lentamente e com calma pra não cair. Esses movimentos também são usados no mundo espiritual, mas não passam de atividades físicas comuns.

Algo especial que ela pode fazer em ambas as realidades, mas acaba sendo mais útil no mundo Físico, e a habilidade de Focar a Visão.

Ela se concentra, e tudo que a distrai (como os barulhos ao redor) somem, e sua visão fica mais aguçada, permitindo que veja coisas escondidas, pegadas, ou até silhuetas de espíritos.

Com isso ela também pode ver Rachaduras de Memórias em objetos que tem uma grande carga emocional. Fazendo isso, ao travar a atenção no ponto brilhante por um tempo, a memória daquele objeto é revelada e escutada, contando mais do enredo e do passado.

Com esses recursos, o jogador só precisa resolver uma série de enigmas, coletar objetos e deposita-los nos locais correspondentes, pra abrir o caminho.

É possível usar alguns objetos como um Alicate, pra quebrar correntes e abrir portas. Mas tudo depende do momento do jogo.

Certos objetos só funcionam no mundo físico, e outros no mundo espiritual. Por exemplo, o Alicate é algo que serve pra quebrar correntes e cadeados no mundo físico, mas no mundo espiritual tem uma Navalha forjada por sentimentos negativos, que pode cortar alguns obstáculos espirituais. Mas depois falo melhor disso.

Dentre tudo o que a protagonista carrega, algumas coisas podem ser combinadas no inventário, pra serem utilizadas em locais e momentos bem específicos. No fim, são apenas itens pros puzzles diversos que existem.

Por fim, ela tem uma habilidade que permite sair do corpo temporariamente. Isso funciona somente quando a Tela ta dividida em duas, pois serve justamente pra que ela atravesse locais que estão abertos no mundo Espiritual, mas não estão no mundo físico, como Escadarias que no mundo físico se quebraram, mas la ainda existem.

O interessante dessa habilidade é que, ela tem um tempo limite. Quanto mais tempo a protagonista ficar no modo Espiritual sem contato com seu corpo, mais ele se desfaz e dissolve até que não reste muito e ela morra, caso não desative.

Esse poder também serve pra explorar os arredores e até despistar um certo inimigo, pois quando ela desfaz a separação, seu espírito sempre volta pra exata posição do seu corpo físico.

Mundo Espiritual

No mundo espiritual ela já ganha alguns poderes extras, como a capacidade de absorver energia com seu braço meio distorcido.

Alguns objetos acabam recebendo tanta carga emocional, que ficam impregnados com isso. Alguns tem emoções positivas, as quais podem ser absorvidas em forma de luz pela protagonista.

Essa luz gera energia elétrica no mundo físico, caso seja depositada em Caixas de Eletricidade, que no mundo espiritual ganham uma forma diferente.

Também é possível criar uma Bolha de Energia que protege a protagonista contra qualquer criatura hostil, os afastando.

Porém, seu braço só pode aguentar um pouco de energia, e ao utiliza-la ele descarrega, sendo necessário absorver mais pra reutilizar.

Ela também pode visualizar memórias gravadas no espaço, que são projetadas quase como fantasmas fragmentados. Ao entrar em contato com esses fragmentos, o jogador precisa posicionar o analógico ou o mouse na direção ideal pra que os fragmentos se reúnam e formem as silhuetas das memórias. 

Com isso, as memórias são projetadas em um diálogo que pode ser escutado ao fundo.

A Navalha que citei é a arma que ela encontra e passa a usar pra abrir caminho no mundo espiritual. Tecnicamente é um objeto formado por sentimentos negativos, e tudo que tem no mundo espiritual é resultante de alguma emoção que tomou forma. 

O que existe no mundo dos espíritos pode ou não estar conectado com algo do mundo físico. Mas, no geral, cada mundo tem seus próprios elemento. Além disso, da mesma forma que não da pra ver as coisas do mundo espiritual no físico, não da pra ver as do físico no espiritual. Isso faz com que os Fantasmas não sejam capazes de ver ou perceber o mundo físico.

Legal que assim, o jogo explica objetos que se movem paranormalmente no mundo dos vivos: Se um espírito mexe com algum objeto que tem sua contraparte no mundo físico, o mesmo se move, simples assim. Mas o espírito nem sabe o que ta fazendo.

Apesar da protagonista as vezes ficar dividida entre os dois mundos, há muitos momentos em que ela fica ou totalmente no mundo físico, ou totalmente no mundo espiritual, sem tela dividida.

Quando isso acontece, alguns de seus poderes ficam neutralizados (como o de projetar sua alma longe de seu corpo), e normalmente ela não tem escolha ou controle desse poder. 

Não até descobrir os Gatos e os Espelhos. Quando ela coleta duas estátuas de Gatos, uma em cada mundo, ela ganha a capacidade de escolher em qual mundo estará, apenas tocando em Espelhos.

Lembra muito as transições de cenários de Silent Hill Origins, mas aqui, ela não "teletransporta" pra outra realidade, ela apenas assume a perspectiva de seu "Eu Espiritual", ou "Eu Físico", sendo possível ainda visualizar seu corpo se movendo pelo reflexo do espelho, seguindo seus exatos passos. 

É algo legal, mas algumas incógnitas são levantadas, pois as vezes, quando ela ta desconectada do mundo espiritual, ela pode atravessar locais que no mundo dos espíritos estão bloqueados, o que faz sentido de certa forma, pois os fantasmas atravessam coisas físicas certo?! Porém, o oposto também pode acontecer, com ela em forma Espiritual podendo atravessar locais em que seu corpo não poderia.

Quase sempre isso é usado como um tipo de atalho, onde ela atravessa os espelhos, e pode usa-los pra passar por locais bloqueados, seja no físico ou espiritual, entrando e saindo do espelho em pontos diferentes. Só que isso meio que permite que ela quebre as leis da física, atravessando de fato paredes ou obstáculos no mundo físico, que não conseguiria. Um exemplo muito bom disso é a Casa Vermelha.

La, ela pode mover um espelho pelos cômodos, usando um tipo de Casa de Bonecas "Mágica". No mundo espiritual, o espelho é vinculado ao espelho miniatura na Casa de bonecas, por isso ele troca de lugar sempre que a protagonista o move na casinha de bonecas. 

Mas sua contraparte no mundo físico, não se movimenta, e permanece parado perto dessa casa, servindo de passagem pra que a protagonista explore os demais cômodos da casa, mesmo sem ter acesso físico (e sem que seu espírito se enfraqueça por se distanciar do corpo). 

Quando a protagonista acessa esse espelho, ela vai pros outros cômodos em espírito, e pode explorar normalmente. O porém é que, seu corpo físico continua se movendo do mesmo jeito que ela, refletindo-a. Nem sempre tem pra onde ir no físico, mas ela se move assim mesmo.

Isso também ocorre com algumas passagens, como paredes, que ela atravessa se usar o espelho, pegando um atalho pelo mundo espiritual e retornando no físico, do outro lado.

Se ela viajasse fisicamente pro mundo espiritual, faria sentido essa transição. Mas como ela apenas muda a perspectiva que já tem, fica estranho. Talvez, pelo que entendi, seu corpo meio que atravessa as coisas de fato, quando ela usa os Espelhos. Ou, os Espelhos mostram seu reflexo mas, é apenas uma projeção de seu espírito no mundo físico, enquanto ela assume a forma espiritual como se fosse a física, invertendo as realidades.

Independente do que seja, esse recurso é usado quando ela tem sua câmera focada em uma única perspectiva.

No entanto, ao que parece essa conexão que a protagonista tem com seu lado espiritual, e dependência, é algo exclusivo dela, pois o outro protagonista acaba por ser desvinculado quase que completamente de seu alter ego espiritual.

E sim, tem dois protagonistas. O segundo é controlado quando a principal fica desacordada. Ele é quase como um sonho, que na verdade são memórias de eventos passados desse outro personagem.

Mas além de ser jogável, ele tem suas próprias habilidades, e até mesmo um mundo próprio a explorar.

Mundo Mental

Na forma física, esse personagem não chega a ser controlado. Porém fica evidente que ele tem uma habilidade de penetrar nas mentes alheias ao focar seu olhar. Ele consegue entrar nas mentes e permitir que seu lado espiritual passeie pela cabeça da vítima.

Algo que também fica claro é que ele não é a mesma pessoa que seu lado espiritual. Cada um tem uma personalidade, o que difere da protagonista, pois esta tem a mesma mente não importa em qual mundo esteja.

No caso desse protagonista, seu lado espiritual é idêntico a ele em aspectos físicos, com algumas variantes devido aos padrões dos espíritos (seus corpos costumam ter roupas adaptadas no outro mundo e algumas falhas dependendo do quanto estão afetados espiritualmente), porém sua personalidade é outra. Tanto que os dois personagens conversam entre si através das realidades, como se fossem de fato pessoas diferentes (mesmo sendo corpo e espírito do mesmo indivíduo).

Quando ele é controlado pelo jogador, somente a versão espiritual é manipulada, já dentro das mentes das pessoas que ele busca afetar, com poderes próprios.

Ele pode criar uma Barreira de Energia Flamejante que queima tudo o que toca, caso ativada no momento certo. Caso contrário apenas bloqueia.

Essa barreira não exige energia coletada (como a protagonista), dando a entender que é uma energia produzida do próprio cara. Detalhe que, diferente da moça, ele usa Energia Negativa.

Isso fica evidente quando sua outra habilidade é mostrada: Ele pode causar uma enorme explosão de fogo, que pulveriza tudo que toca. 



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