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A Máquina


             Olivetti, lexicon 80... lexicon,parece nome de remédio, mas na verdade é nome de máquina de Escrever.Uma que foi achada por acaso, consertada e, graças à falta de prática do redator, foi muito mal usada para fazer o rascunho desse texto.  
            
             Mas deixarei o redator de lado para falar do que realmente importa, a máquina de escrever, é claro. Velha como a democracia e pesada como pornografia infantil, essa é uma feia relíquia toda empoeirada e cheirando a mofo.
             
             Se fosse uma pessoa, essa máquina seria um velho de uns 80 anos, daqueles que não tomam banho, meio esclerosado e que insiste que o socialismo salvou Cuba da miséria. Não que eu deteste a máquina de escrever, pelo contrário, adoro figuras excêntricas, mas o que eu realmente gosto nela é o som das teclas: de repente é como se você estivesse no meio de um tiroteio, sempre concentrado para atingir e derrubar as Letras certas; quando sua munição acaba você ouve um simpático “trim”, que lhe avisa que arma deve ser carregada novamente e novas letras precisam ser abatidas, uma por uma em um ritmo frenético. Após serem derrubadas, as letras são mandadas para sepulturas coletivas, ou seja, as palavras, encontrando aí o local de seu eterno descanso.
            
            A máquina de escrever é portanto uma grande máquina de guerra, impiedosa e barulhenta, imponente mas ultrapassada, mas que tem um charme que o tempo não conseguiu vencer.


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