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Periféricos - 1ª temporada

 A promoção de Periféricos do Prime Video criou uma cilada para si mesma, ao enfatizar que a série é dos mesmos criadores de Westworld. Uma vez que por mais que tenha tropeçado nas temporadas mais recentes, a série dos robôs cowboys da HBO tem uma das primeiras temporadas mais impecáveis já vistas. Nos fazendo esperar bastante desta nova ficção-científica. E a expectativa é um perigo!

Em um Futuro próximo Flynn (Chloe Grace Moretz) vive uma vida tranquila em uma cidadezinha do interior. Seu irmão Burton (Jack Reynor) ex militar consegue melhorar a renda da família jogando on-line com seus companheiros de pelotão. Quando convidado a testar uma suposta nova tecnologia de realidade virtual em troca de dinheiro Burton pede a Flynn, mais habilidosa que ele, que cumpra a missão. E a moça se vê envolvida em uma guerra silenciosa décadas no futuro, enquanto pilota um periférico. Um robô ultra realista.

Comandar androides remotamente de outro período no tempo.  Jonathan Nolan e Lisa Joy deram um passo à frente na complexidade de suas narrativas com robôs. Um mérito que na verdade é de William Gibson romancista responsável pelo livro homônimo no qual a série é baseada. Mesmo assim a dupla de criadores parece a escolha perfeita para trazer o mistério cyber-punk às telas. E de certa forma é.

A dupla consegue apresentar com eficiência os complexos conceitos utilizados para construir a trama. Jogos em realidade virtual, implantes que criam conexões aumentam capacidades dos usuários, androides comandados remotamente, comunicação entre diferentes momentos no tempo e suas consequências, estão entre as explicações difíceis que a série resolve com facilidade. 

Construir um futuro próximo, sutilmente modificado pela tecnologia também é tarefa fácil para eles. Criando uma familiaridade com a realidade de Flynn, acreditamos com facilidade que em alguns anos, estaremos imprimindo qualquer objeto ou medicamento em impressoras 3D, que soldados podem usar tecnologia para funcionar melhor em grupo, ou ainda em veículos mais eficientes para amputados que cadeiras de rodas. Bem como compreendemos como aquelas pessoas tocam a vida, e o que esperam dela. É na hora de entregar o mistério que a produção escorrega no excesso de segredos. O que afeta diretamente o núcleo do futuro distante.

Na tentativa de criar um mistério mais intrigante, e segurar os segredos pelo maior tempo possível, a série acaba apresentando mal personagens, motivações e construção de mundo. Ok, entendemos que o apocalipse de certa forma atingiu o mundo, e que entre os que sobraram, forças distintas continuam em conflito. Mas quem são essas forças? Pelo que exatamente disputam? Como esse mundo funciona? Como é governado? Quais os motivos pessoais dos personagens envolvidos? E suas relações com essas facções rivais? 

À exceção de Wilf (Gary Carr), que busca pela irmã Aelita (Charlotte Riley), não compreendemos muito quem é quem, e o que pretendem. E mesmo com Wilf, não sabemos quais suas reais relações com o tal grupo a que se aliou. Será só encontrar a irmã mesmo? A economia de informações sobre essas pessoas é tanta, que passamos a temporada inteira sem ter certeza de quem de fato é Ash (Katie Leung), mesmo que a personagem tenha função vital no desfecho. 

O resultado é uma narrativa desequilibrada, há muito mais conexão e interesse com o futuro próximo, do que com a grande trama apocalíptica do futuro. Tanto pela compreensão de mundo e personagens, quanto pelo risco real, já que no futuro os protagonistas pilotam periféricos que podem ser consertados. É em sua verdadeira linha do tempo que está o perigo real, e as sequencias de ação e tensão realmente empolgantes. 

Logo, não é de surpreender que a tentativa de romance entre Wilf e Flynn também nunca decole. A relação é desigual, ele sabe muito mais sobre ela, e sua conexão é em parte criada por tecnologia. Além disso, por mais que se esforcem, Chloe Grace Moretz e Gary Carr nunca conseguem alcançar a química correta para a dupla. 

E por falar em Chloe Grace Moretz, a eterna Hit Girl consegue carregar a série com facilidade. Sua protagonista, é humana cheia de medos, ansiedades, comete erros, ao mesmo tempo que é determinada e corajosa quando preciso. E a atriz se encarrega bem de boa parte das cenas de luta. 

Outro personagem que surpreende, é Tommy ( Alex Hernandez). O policial pacato que está sempre por perto, se envolve sem saber na trama do futuro, e desavisado desce ao fundo do poço, em uma jornada inesperada. Louis Herthum é outro ponto forte do elenco, o ator que deu um show como Abernaty em Westworld, aqui ganha o merecido espaço ao dar vida ao mafioso que comanda a cidadezinha. 

Tecnicamente impecável, a produção acerta em cheio em figurinos e cenários. Criando dois momentos na história bastante distintos, a familiar e decadente época de Flynn. E o arrasado, porém maquiado e altamente tecnológico futuro. Onde tudo parece mais belo do que de fato é, literalmente. 

Uma premissa complexa e rica, combinada com uma ânsia de preservar os mistérios à todo custo. O resultado é uma série que te envolve, mas te deixa com mais dúvidas que respostas, não apenas dos grandes segredos, mas de detalhes básicos deste mundo. Visivelmente há planos para uma segunda temporada. E espero, que então a série apresente melhor seu grande embate, e os envolvidos. 

A nova série com robôs e ação de Lisa Joy e Jonathan Nolan não tem uma primeira temporada tão impecável quando sua incursão anterior, mas tem potencial para se desenvolver muito bem. Se as falhas forem observadas e corrigidas. Eu espero pelo melhor, para assim podermos apreciar o pior deste novo fim do mundo. 

Periféricos tem oito episódios com cerca de uma hora, todos disponíveis no Prime Video. 

Tem crítica de todas as temporadas de Westworld aqui no blog!



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