Get Even More Visitors To Your Blog, Upgrade To A Business Listing >>

Adão Negro

Após de um prólogo interessante, logo nos primeiros minutos de Adão Negro, um determinado personagem se dirige a outro com um tom levemente diferente. Espectadores mais atentos pode, a partir disso deduzir exatamente para onde esta produção pretende seguir. Isso acontece antes mesmo de o personagem título entrar em cena. Familiaridade que só é quebrada pelo ritmo da ação, e que traz prós e contras para o primeiro filme de Dwayne Johnson como protagonista da DC. 

Milhares de anos atrás o povo de Kahndaq precisava de um herói para libertá-los de um líder tirano. Nos tempos de hoje, este mesmo povo está à mercê de um novo governo cruel, e este herói lendário é trazido de volta para novamente salvar a população. O problema é que a verdadeira história e motivações de Teth-Adam ( Dwayne "The Rock" Johnson) não são tão simples e nobres como a lenda conta. 

Uma história de origem bastante tradicional, um herói relutante precisa aceitar seu lugar na batalha a ser travada, ao mesmo tempo que é incompreendido e hostilizado por alguns. O roteiro de Adão Negro é bastante familiar nesta era de cinemas de super-heróis. A diferença encontra-se talvez, no número de embates (leia-se pancadaria) engajado ao longo desta construção de origem. 

Ciente dos predicados de seu astro protagonista, e dos interesses do público que ele atrai, o roteiro busca criar o maior número de situações possíveis para mostra o poder deste anti-herói. Desde a hilária e inexplicável incapacidade do personagem em usar portas, quebrando paredes a cada mudança de cômodo, até a criação de vários embates ao longo da trama. O que por um lado, atende acertadamente a quem busca ação frenética e quase ininterrupta, mas por outro enfraquece a construção de mundo, personagens e motivações. 

A construção da relação entre o protagonista e o garoto Amon (Bodhi Sabongui), por exemplo, é apressada, e insuficiente para tornar-se uma motivação tão forte para o personagem ao longo do filme. A tentativa é criar uma conexão semelhante a do Exterminador com John Connor em O Exterminador do Futuro 2, mas a sensação é que o personagem de The Rock está sempre apenas "aturando" o menino, antes de engajar obcecadamente em sua proteção.

Já a Sociedade da Justiça é jogada na ação sem grandes apresentações para quem não conhece os quadrinhos, e também sem conhecimento claro da batalha que vão engajar. - Falha constante de Amanda Waller (Viola Davis), talvez estejamos vendo um tema recorrente aqui. - Eles vem defender um país, que já precisava de ajuda a muito mais tempo, não conhecem os anseios e necessidades do povo e nem se importam. Ao menos o roteiro é ciente disso, e aponta essa hipocrisia dos propensos salvadores através da luta e torcida dos personagens humanos. O que torna mais nobre a ciência do protagonista, que afirma repetidamente não ser um herói, não se importar com nada daquilo. 

E por falar nos personagens superpoderosos, o Dr. Destino de Pierce Brosnan (que inevitavelmente vai ser comparado ao Dr. Estranho da Marvel) assume um papel curioso de mentor quase involuntário. Influenciando tanto a jornada do protagonista, quanto de seu contraponto o Gavião Negro (Aldis Hodge). Este último vem levantar os temas de moralidade e heroísmo, através da diferença entre o seu ponto de vista e o do herói título. Ciclone (Quintessa Swindell) e Esmaga Átomo (Noah Centineo) completam o time com a função de conversar com o público mais jovem. O herói que muda de tamanho também cumpre o papel de alívio cômico.

Mas é Dwayne Johnson quem vai levar o público aos cinemas. Carregado de seu tradicional carisma, em um personagem de moralidade mais ambígua que seus protagonistas de costume, o ator entrega a postura e a força que o personagem pede. Além de nos fazer imaginar, o quanto mais interessante seria se essa ambiguidade fosse completamente abraçada, como vilão que o personagem é nos quadrinhos, e não o anti-herói que é mostrado aqui. Um caminho interessante que pode, ou não, ser abraçado no futuro. 

As cenas de ação exploram bastante os poderes dos diversos super personagens, mas acompanhando o ritmo incansável do filme, abraçam uma montagem frenética, e com muitos cortes. Em alguns momentos até caótica e confusa, especialmente nas lutas aéreas. Nada que não estejamos acostumados em filmes do gênero, mas que deve desapontar quem gostaria de ver sequencias melhor executadas, com mais personalidade, e que explorassem melhor seu protagonista astro de ação. Já as mortes surpreendem por serem mais gráficas do que o esperado para o gênero, e para uma produção que busca falar também com os mais jovens. 

O CGI funciona, com um ou outro escorregão e exageros usuais. A construção de mundo é interessante o suficiente para querermos saber mais sobre essa cidade e civilização fictícia de Kahndaq. Os figurinos são funcionais, e adoravelmente coloridos. Especialmente o de Ciclone, que aliados aos seus poderes praticamente a transformam em uma fada de aventuras de fantasia juvenil. O que mostra que a DC se afasta cada vez mais do estilo sisudo e melancólico dos heróis de Zack Synder. 

Já a música chama atenção apenas quando usa sucessos para criar um sentimento de euforia e grandiosidade em algumas sequencias de ação. Da trilha original mesmo, apenas o tema do personagem consiga ficar na mente de alguns. Para mim, não marcou! 

Adão Negro é um tradicional filme de origem de herói (apesar de tecnicamente este personagem ser um vilão). Segue fórmulas confortáveis e conhecidas, enquanto aposta no carisma de The Rock, e no frenesi de uma ação quase ininterrupta, em detrimento de uma construção de relações e motivações mais complexas. Vai divertir, fazer rios de dinheiro e criar uma nova franquia com certeza! Mas não vai entrar no hall de longas memoráveis do subgênero de super heróis. É apenas mais uma boa diversão entre tantas outras. 

Adão Negro (Black Adam)
2022 - EUA - 124min
Ação, Aventura, Fantasia

P.S.: Tem uma cena pós créditos!


This post first appeared on Ah! E Por Falar Nisso..., please read the originial post: here

Share the post

Adão Negro

×

Subscribe to Ah! E Por Falar Nisso...

Get updates delivered right to your inbox!

Thank you for your subscription

×