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Blonde

Bonita, carismática, inteligente, apesar da imagem rasa de 'sex simbol' loira que lhes foi atribuída e com uma vida conturbada desde a infância, Marilyn Monroe ainda é uma figura instigante mesmo seis décadas após sua morte. Logo não é surpresa que várias histórias e "versões" de sua vida ainda sujam em forma de literatura, TV, cinema, ou mero boato mesmo. Blonde filme da Netflix dirigido por Andrew Dominik escolhe um caminho mais sofrido e especulativo para recontar a vida da modelo, atriz e cantora estadunidense. 

Vale ressaltar, Blonde não é uma biografia real. O longa é na verdade, baseado no romance de mesmo nome de Joyce Carol Oates, uma história ficcional inspirada pela vida da musa. Assim, acompanhamos a vida da personagem desde sua infância, passando por momentos marcantes e decisivos, fictícios ou não. Recriações de momentos icônicos, especulações sobre detalhes íntimos, e fatos completamente inventados pela produção se misturam, neste roteiro que não pretende de fato retratar a vida de Marilyn, ou Norma Jeane, mas estudar a personagem e seu sofrimento. 

Sofrimento, é a palavra chave aqui! O roteiro salta de situação ruim, a situação ruim, excluindo quase que completamente os bons momentos da vida. Mesmo aqueles que seriam "recompensa" pelo esforço e dor que a personagem enfrentou. Marilyn aqui nunca tem um momento de folga, simples alegria, ou plenitude. A moça está sempre em confronto com agressões psicológicas e físicas. O que cria uma incômoda uni dimensionalidade esquisita para a história. Sim, sabemos que a vida da estrela fora conturbada e teve momentos de sofrimento, mas também sabemos que não foi apenas isso. O filme deixa de lado toda a leveza e brilho que a musa carregava consigo, esquecendo que aquela mulher era mais que apenas o que a afligia. 

 Entre os dilemas principais, o anseio por descobrir quem era seu pai, o desejo por um filho, e o eterno embate entre suas duas personas. Norma Jeane a mulher de verdade que ninguém conhecia, e Marilyn Monroe o ícone que todos admiravam. As duas primeiras questões são tratadas de forma bastante simplista, mas eficiente. Já o dilema de personalidades é desperdiçado, uma vez que apesar de reclamar constantemente dessa dualidade a própria protagonista nunca escolhe uma das duas. Não é como se a Marilyn fosse imposta a ela, a moça apenas não decide privilegiar uma ou outra. Tão pouco busca encontrar um equilíbrio entre as duas. Permanece eternamente na reclamação, e apenas isso. 

O ritmo é acelerado, e abusa de saltos no tempo. Personagens entram e saem da vida da protagonista bruscamente, mal nos dando tempo para aprender seus nomes. O personagem de Bobby Cavanale por exemplo, parece surgir do nada. O primeiro marido de Marilyn era uma atleta, mas o roteiro não se preocupa em apresentá-lo, ou mesmo contar como sua relação começou. Já a relação fictícia ente a musa e Charles Chaplin Jr. e Eddy Robinson Jr., é a melhor explorada em cena, criando um contraponto entre a ausência do pai dela e a sombra dos pais famosos deles. 

Se o roteiro escolhe mostrar apenas o lado mais sofrido da protagonista, Ana de Armas não tem receio de mergulhar de cabeça nessa proposta. A moça entrega tudo de si, e encara sofrimento, histeria e agressão com intensidade, ao mesmo tempo que sua composição ressalta a suavidade e a doçura da personalidade da musa. A caracterização também ajuda bastante a compor a personagem, o que fica evidente quando cenas e fotografias icônicas da atriz são recriadas com Anna. Não é difícil e confundir e acreditar que aquela é a verdadeira Marilyn. 

Já a Hollywood criada por Dominik é exagerada, implacável e até meio caricata. Muitas vezes beirando o piegas, como na cena em fãs tem suas bocas aumentadas por uma espécie de filtro quando gritam o nome da estrela na multidão. Outro momento piegas, mas dessa vez mais intimista, é aquele em que a protagonista conversa com seu feto, e ele responde! Por outro lado, o exagero dá a noção exata da exposição que uma estrela de cinema enfrenta, como na sequencia em que Marilyn filma a icônica cena do vestido branco de O Pecado Mora ao Lado

Dominik também tenta ousar na forma, ao criar sequencias estilizadas que hora beiram o terror, hora o devaneio para expressar o estado de espírito da personagem. Já as constantes mudança de razão de aspecto, e entrada de sequencias em preto e branco, poderiam ser um excelente recurso narrativo. Entretanto, são utilizadas de forma tão aleatória que o resultado é ficar se perguntar constantemente o que o diretor quis dizer com a mudança. Tudo isso, somado ao sofrimento constante ao longo de três horas de duração tornam a produção um tanto cansativa para o público. 

Criativa, longa, e fictícia, esta falsa biografia de Marilyn (ou seria Norma Jeane?) é sim instigante como sua retratada. Difícil de ver por seu tom sofrido, e longa duração, traz como recompensa uma excelente atuação de Anna de Armas, e a bela reconstrução de momentos icônicos da diva. Blonde não é excelente, mas é um bom filme.

Blonde
2022 - EUA - 166min
Drama, Biografia



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