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Sandman - 1ª temporada

Eu sempre quis ler Sandman mas, por um motivo ou outro, a publicação sempre esteve fora de meu alcance. Então imagina a expectativa e curiosidade que esta blogueira que vos escreve, e tantos outros espectadores geraram em torno da adaptação da Netflix para a obra de Neil Gaiman, que muitos ousavam dizer que era inadaptável. 

Sandman (Tom Sturridge), também conhecido como Morpheus ou Sonho, é um dos Perpétuos. Um grupo de criaturas imortais que controlam vários aspectos do universo, formado também por Morte (Kirby Howell-Baptiste), Destino, Destruição, Desejo (Mason Alexander Park), Desespero (Donna Preston) e Delírio. Esta primeira Temporada conta dois arcos da Graphic Novel bastante distintos, ainda que com conexões claras. 

Os seis primeiros episódios adaptam Prelúdios e Noturnos, arco no qual Sonho é capturado e tem suas relíquias roubadas causando grandes danos para seu reino o Sonha e também para o mundo dos despertos. Após cem anos de encarceramento, ele finalmente se vê livre, precisa recuperar seus objetos e consertar o estrago que sua ausência fez no universo. 

Esta primeira história é apresentada com um tom mais cadenciado, e quase contemplativo. Um ritmo mais lento que pode deixar alguns sonolentos, mas que apresenta com calma e determina bem toda a grandiosidade das intrigas destes seres eternos. 

A fotografia aproveita este tempo para exacerbar a grandiosidade deste universo,  abrindo seu escopo e admirando cenários e paisagens com calma, mesmo quando confinado na pequinês do reino humano. Combinada à direção de arte e figurinos, as cenas emulam as artes Dos Quadrinhos, tornando vários frames obras de arte prontas para serem emolduradas. 

À partir do sétimo episódio, a série muda de tom para adaptar A Casa de Bonecas, onde Morpheus continua lidando com as consequências de seu desaparecimento, e com o surgimento de um misterioso e perigoso vórtice de sonhos. Enquanto isso, acompanhamos também jornada de Rose Walker  (Vanesu Samunyai) em busca de seu irmão. 

Mais dinâmico e acessível, este segundo momento da temporada, deixa de lado a "pompa" para contar uma história mais próxima dos humanos. Para isso a produção não tem receio de mudar radicalmente, tom, ritmo e até a fotografia. Saem as paisagens solenes e grandiosas, entram o mundo real, suas mazelas e, finalmente, os sonhos humanos. Em uma narrativa mais simples e fácil de acompanhar.

Duas séries distintas em uma única temporada, esta é a sensação que Sandman deixa ao final da maratona. A mudança é corajosa, coerente, inesperada (ao menos para quem não leu os quadrinhos) e muito bem vinda. Curiosamente, ou não, é o episódio que faz a transição entre as duas histórias, o melhor de toda a temporada. 

The Sound of Her Wings, o sexto episódio, é o que começa a mudar o ritmo e o tom da linguagem criando uma espécie de transição entre os momentos. É ele também o que se aprofunda mais nos anseios de seu protagonista, ao coloca-lo em interessantes debates com sua irmã mais velha, Morte. É o capítulo que traz questionamentos mais complexos e profundos de toda a temporada, ao abordar, propósito, vida e morte tanto para os mortais, quanto para os perpétuos. 

Tom Sturridge transita bem entre os dois arcos, mais etéreo e introspectivo no primeiro, mas acessível e palatável no segundo. Sem nunca abandonar o tom etéreo de uma entidade com tanto tempo de existência. A mudança de tom também abraça os demais personagens. Embora alguns apareçam em ambos os arcos, a forma de retratá-los também se altera conforme a história. Diferença que fica bastante evidente através de Coríntio (Boyd Holbrook). O elenco é enorme, além dos nomes ja mencionados outros destaques em cena são Vivienne Acheampong, Charles Dance, Patton Oswalt, David Thewlis, Gwendoline Christie  e Jenna Coleman. Embora muitos ainda devem mostrar a que realmente vieram em temporadas futuras. O segundo ano já está em produção.

Outrora considerada inadaptável, Sandman se mostrou material perfeito para o formato de série. Com vários episódios (dez ao todo), tem espaço para trazer a riqueza e detalhismo dos quadrinhos, e abordar seus temas com tranquilidade. E as discussões são muitos, família, propósito, fidelidade, livre arbítrio e destino são apenas alguns deles.  A divisão estética e narrativa dos arcos é ousada, e aumenta o alcance da produção. Alguns vão se conectar melhor com o primeiro formato, outros com o segundo, mas todos ficarão curiosos para ver os próximos passos. 

Ao final das contas Sandman é uma obra muito diferente das expectativas criadas por quem desconhece a Graphic Novel, e traz um adaptação fiel para os já iniciados. Com uma produção impecável, e estilo próprio, certamente faz jus à obra original e engaja a audiência com facilidade. Mal posso esperar para ver este universo se expandir ainda mais nas temporadas futuras. 

Sandman tem dez episódios com cerca de uma hora cada, todos já disponíveis na Netflix. 



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