Get Even More Visitors To Your Blog, Upgrade To A Business Listing >>

The Boys - 3ª temporada

Uma dificuldade em comum conduziu os passos de muitas séries que tem chegado recentemente nos streamings, as necessárias bolhas de produção durante a pandemia, que acabaram afetando a disponibilidade do elenco e consequentemente os roteiros. Umbrella Academy 3 não conseguiu administrar todos seus personagens nesse sistema. Stranger Things 4  se saiu muito bem, mas ainda entregou algum desequilíbrio entre seus núcleos. É The Boys a produção que melhor soube incorporar as restrições na narrativa de sua terceira temporada.

Partindo do desfecho do ano anterior, Bruto (Karl Urban) e companhia buscam uma forma de deter o Capitão Pátria (Antony Starr). Este, por sua vez precisa lidar com a baixa popularidade causada por sua ligação com Tempesta. Enquanto Hughie (Jack Quaid) tenta mudar de vida trabalhando para Victoria Neuman (Claudia Doumit) e namorando a Luz Estrela (Erin Moriarty). 

Mas estes status e grupos não duram muito tempo. A estratégia do roteiro desta temporada, trabalhar e recombinar pequenos grupos para avançar os arcos individuais, e consequentemente a história maior, reunindo todo o elenco apenas em momentos chave para a trama.

Assim, Bruto e Hughie tem sua jornada própria ao lado de Soldier Boys (Jensen Ackles), que inclui o uso perigoso de uma nova droga que provém poderes temporário. Luz Estrela e Leitinho (Laz Alonso) são os que tentam impedir as baixas do plano perigoso dos colegas, ao mesmo tempo que lidam com seus próprios problemas. Ele lidando com o padrasto extremista de sua filha, e heroína andando em terreno perigoso ao ameaçar a Vought. Enquanto Francês (Tomer Capone) e Kimiko (Karen Fukuhara) também tem seus pequenos arcos individuais, bastante separados dos demais. Ele lidando com o passado e sua autonomia, ela descobrindo quem é além de seus poderes, ambos reforçando a ligação que tem um com o outro. 

Já a jornada de Capitão Pátria é a que assustadoramente se assemelha com a realidade. Claramente um vilão para o público da série, entrem os cidadãos comuns de sua realidade e literalmente divide opiniões. Exemplificando bem a polarização politica da nossa sociedade, em seus "embate de popularidade" com Luz Estrela. E o extremismo de certa linha política, que começa a celebrar até os atos absurdos e hediondos do super-herói. Qualquer semelhança com presidentes atuais, não é mera coincidência. Há também tempo para reforçar a crítica a comunidade neonazista, apresentada na temporada passada, através dos seguidores de Tempesta (Aya Cash). 

O pensamento negacionista adotado por muitos líderes na pandemia, também recebe sua crítica aqui. Quando a Vought encabeçada por Capitão Pátria, nega e minimiza a ameaça de Soldier Boy, mesmo com provas descaradas de suas ações. O personagem de Ackles ainda faz uma aceno à política bélica dos Estados Unidos, que dá poderes à células indivíduos, e quando estes se tornam problema abandona a causa. Soldier Boy foi criado pelos EUA, mas agora que é uma ameaça, de repente, virou responsabilidade russa.

 

São Trem Bala(Jessie T. Usher) e Profundo(Chace Crawford) os personagens mais mal aproveitados aqui. Embora o primeiro, inicie uma boa crítica ao racismo, e ao engajamento na causa antirracista, que merece mais espaço em temporadas futuras. Maeve (Dominique McElligott) tem ações determinantes na trama principal, mas fica afastada boa parte da temporada, por problemas de logísticas de gravações durante a pandemia. Já Black Noir (Nathan Mitchell) continua entrando mudo e saindo calado, mas tem seu ponto de vista finalmente apresentado, literal e surpreendentemente. 

Sim, caro leitor. Como você ter notado pelos parágrafos anteriores, The Boys não é apenas uma sátira sobre super-heróis, também é uma série extremamente crítica e política. Características que devem ficar ainda mais evidentes na já confirmada próxima temporada, com o inicio do arco de Victoria Neuman na presidência. E é exatamente esta riqueza de conteúdo, e a capacidade de discutir a sociedade atual de forma direta e escancarada, que tornam a série uma das melhores obras da atualidade. Cabeças explodindo e super-surubas, são apenas chamarizes para temas muito mais relevantes.


Tecnicamente, a série continua impecável. Os efeitos especiais continuam eficientes para construir uma enorme gama de poderes, e as lutas são bem coreografadas e empolgantes. Enquanto o design de produção equilibra bem, o gore, e as breguices dos uniformes, com o realismo deste mundo desconfortavelmente muito parecido com o nosso. Referências, easter-eggs, brincadeiras e paródias, inclusive de eventos da vida real, completam o pacote de marcas registradas da série.

O elenco mais confortável e afinado que nunca entregam boas performances. Jensen Ackles se integra bem ao grupo, com um personagem complexo e cheio de bagagem. Os destaques ficam para  Karen Fukuhara e Tomer Capone, que surpreendem em uma inesperada sequencia musical. E, principalmente, Antony Starr que consegue transmitir para o Capitão Pátria uma gama variada de camadas e sentimentos, em uma mesma expressão.

Apesar dos percalços da pandemia The Boys conseguiu entregar uma temporada quase impecável. E ainda incorporar muito deste período em suas temáticas principais. Complexa, crítica, e bem organizada, o desfecho deste quarto ano, parece encaminhar o programa para suas temporadas finais, ainda com fôlego e muita criatividade. 

The Boys tem 3 temporadas, cada uma com oito episódios de uma hora cada, todos disponíveis no Prime Video. 

Leia a crítica da 2ª temporada da série, ou confira Dicas para sua maratona de The Boys



This post first appeared on Ah! E Por Falar Nisso..., please read the originial post: here

Share the post

The Boys - 3ª temporada

×

Subscribe to Ah! E Por Falar Nisso...

Get updates delivered right to your inbox!

Thank you for your subscription

×