Criatividade, simplicidade e uma certa doçura, e um roteiro redondinho, foi o que conquistou o público na primeira Temporada de Upload. O segundo ano da série de comédia do Prime Vídeo, mantém a criatividade e a doçura, mas deixa a simplicidade de lado, entregando uma jornada mais confusa, e não tão bem resolvida.

Nora (Andy Allo) está em escondida depois de chegar perto demais da verdade sobre a morte de Nathan (Robbie Amell). O rapaz por sua vez, está congelado nos 2giga, após descobrir que Ingrid (Allegra Edwards), fez o Upload - leia-se cometeu suicídio - por ele. Mas este status-quo não dura muito, afinal a história tem que prosseguir.

O esconderijo de Nora, traz um novo tema à pauta, pessoas que renegam a tecnologia, conhecidas como Ludistas. Desde as que apenas desejam viver desconectadas, até as com atitudes mais agressivas, especialmente aquelas que acreditam que o pós vida é um sacrilégio que precisa ser destruído.

Expansão interessante, que traz de volta, com novas perspectivas, questionamento sobre, a existência de uma alma, se os uploads são pessoas ou meros programas de computador. Entre os temas novos estão o ódio à grandes corporações e aos muito privilegiados, que ultrapassa limites da humanidade. Destruir a Horizon, e seu seu virtual também implica em destruir todos que vivem nele, independente do caráter individual. 

Já Nathan se sente preso a Ingrid novamente. Dessa vez não por dever sua vida à ela, mas pela moça ter sacrificado a própria vida por ele. A discussão aqui é sobre sacrifício, e o custo dele. Além de falso altruísmo, e relações de forçadas.

Ideias novas e bem vindas, que infelizmente fica perdidas na execução. Com três episódios a menos que a temporada anterior, Upload parece querer cobrir mais terreno do que tem tempo, e com isso temas e personagens são abandonados e retomados, bruscamente de acordo com a conveniência do roteiro. 

Assim, o perigo que afastou Nora do trabalho desaparece magicamente, quando o roteiro precisa que ela retorne. Já o arco de seu pai doente, que se recusa a fazer o upload é completamente descartado, para acomodar a trama dos Ludistas. À exceção de Ingrid e Aleesha (Zainab Johnson), que tem pequenos arcos próprios, personagens secundários que antes tinham relativo espaço, como Luke (Kevin Bigley) entram e saem de cena, apenas para servir de suporte à trama principal. Esta por sua vez, fica bem mais confusa, com tantos elementos e temas se atropelando.

Felizmente, à esta altura já nos preocupamos com a maioria dos personagens, o suficiente para relevar algumas destas falhas. Outras são compensadas pelo bom humor, linguagem simples, e o uso criativo da vida e pós-vida futurista. Assim, mesmo quando abandonados bruscamente, como o plot de roubar dos ricos para dar aos pobres, ou pouco relevante como a chegada de uma nova estagiária, estas pequenas tramas são curiosas e gostosas de acompanhar. 

É claro, a temporada termina com ganchos a serem resolvidos, e novos temas a serem explorados. Como a possibilidade de existir duplicatas de upload, o uso político da tecnologia do pós-vida, a possibilidade e durabilidade do download, e o uso indevido de DNA alheio. O resultado é o mesmo da temporada anterior, o gostinho de quero mais. O terceiro ano ainda não foi confirmado, embora os planos para ele sejam claros, já que a história ainda não terminou.

A segunda temporada de Upload não é tão afinada e bem resolvida como seu primeiro ano. Em muitos momentos é uma grande bagunça. Felizmente é uma bagunça, criativa e divertida, que ficamos satisfeitos em acompanhar. 

Ao todo Upload tem 17 episódios já disponíveis no Prime Vídeo, 10 na Primeira Temporada, e sete na segunda. Todos com cerca de meia hora cada. 

Leia a crítica da primeira temporada!