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Batman

Dentre todos os super heróis que já saltaram dos quadrinhos para as telas, nenhum foi mais explorado que o Homem-Morcego de Gotham. O que poderia facilmente desgastar a imagem do Personagem, e cansar o público. Ainda sim, Batman de Matt Reeves, chega envolto em expectativas e pretensões. 

Bruce Wayne (Robert Pattinson) já opera como Batman há dois anos, trazendo temor ao criminosos de Gothan, e apenas com dois fiéis aliados Alfred Pennyworth (Andy Serkis) e o tenente James Gordon (Jeffrey Wright). Quando um serial killer, começa a assassinar os líderes da cidade, e a enviar mensagens enigmáticas para o Homem-Morcego através dos crimes, o herói entra em uma rota de investigação que vai expor os muitos níveis de corrupção da cidade.

Uma trama de detetive, assumidamente inspirada em produções como Se7en - Os Sete Crimes Capitais, e Zodíaco. É provavelmente esta a proposta que mais animou os fãs do Cavaleiro da Trevas a encarar uma nova encarnação tão cedo. Afinal, não faz muito tempo que Christian Bale deu vida a ele em uma aclamada trilogia (Cavaleiro das Trevas Ressurge, completa uma década este ano). E menos tempo ainda que quem usava a capa era Ben Affleck, Este deve usá-lo mais uma vez em The Flash, a ser lançado ainda em 2022.

Contudo, nenhuma das encarnações anteriores, explorou bem o lado detetive do personagem, apostando sempre a brutalidade e nos "bat-gadgets". É isso, que este novo filme promete, e até entrega até certo ponto. Isto porquê apesar da proposta e inspiração estarem bem claras, o roteiro nunca deixa a investigação deslanchar de fato. A pistas, ou melhor, charadas, são rasas e simplórias, e o caminho que constroem para o "bat-detetive" percorrer é muitas vezes redundante.

O resultado, são muitas etapas desnecessárias, e até personagens descartáveis. Sim, estou falando do Pinguim! Por mais que a caracterização e a construção feita por um irreconhecível Colin Farrel sejam excelentes, para o personagem sobra no roteiro. Até mesmo a empolgante cena de perseguição protagonizada por ele, pouco efeito tem na trama principal. Nem mesmo a destruição que ela causa é discutida. Estas etapas extras entregam um longa inchado, que demora a deslanchar, e se nos faz sentir o peso de suas quase três horas de duração.

Apesar de sua longa duração, pouco vemos de Bruce Wayne em tela. Isto porque a produção escolhe explorar o personagem através do Batman, persona que ele realmente incorpora. Desta vez o herdeiro é a máscara, apática, desconectada e melancólica, que ele eventualmente é obrigado a assumir. E quando o faz, é de má vontade, o que sim,curiosamente também colabora para a podridão e decadência de Gotham. Pattinson entrega de forma eficiente o que a proposta pede, da apatia depressiva de Bruce, à brutalidade taciturna de um Batman objetivo e de poucas palavras.

Vocabulário que se amplia, nas relações com Gordon e Selina. Com o primeiro, são as discussões sobre o caso, e uma surpreendente relação de confiança que fazem o personagem se expor. Embora seja a Mulher-Gato (Zoë Kravitz), quem realmente o tira da zona de conforto. Curiosamente unindo humanidade em um tom blasé, a personagem tem sua própria jornada, embora mais simples, que se encontra com a investigação do protagonista. Outra relação importante, ainda que menos explorada, é claro, é com o fiel Alfred, construido por Serkins por um misto de zelo e culpa, pelas circunstâncias da vida de seu protegido. 

Entre os vilões, além do Pinguin interessante, mas descartável, John Turturro aposta em seu carisma para construir o mafioso Falcone, e funciona. Mas é o Charada o grande antagonista da vez, e Paul Dano entrega um personagem com camadas curiosas, misturando uma certa carência com sua psicopatia. De fala quase sempre mansa, mas com atos aterrorizadores. Bom, isto é o que o roteiro sugere, mas não o que o filme mostra, já que a violência é higienizada para caber no perfil blockbuster de super-heróis, com censura baixa (14 anos no Brasil). 

Ao mesmo tempo, os enigmas entregues são simplórios, e nunca convidam o espectador a investigar junto com o herói. E ainda forçam uma última reviravolta, burocrática. Precisa haver uma grande batalha final, apenas resolver o caso não é suficiente. Some-se aí, um personagem misterioso obrigatório para futuras sequencias, e temos outro problema: muitos finais, para um só filme.

O que não é nada higienizada é Gotham! A cidade que já é um personagem por si só, aqui aparece pintada por tons de preto, cinza, amarelo e vermelho. Quase sempre vista à noite, com arquitetura gótica, chuva, fumaça e neblina, pouca profundidade de campo, e fundos desfocados, é claustrofóbica e sufocante mesmo, nas belas tomadas aéreas que seguem as motos de Bruce e Selina. É um lugar decadente e deprimente, impossível não se perguntar, porque as pessoas ainda moram lá? Um acerto de Reeves, que consegue construir personalidade própria para sua versão de uma cidade tão explorada, que até "protagonista de série" já foi. 

Outro acerto do diretor são as sequências de ação. Bem orquestradas, e bastante compreensíveis, mesmo em sequencias mais escuras. As cenas de luta também exploram bem, os diferentes estilos dos personagens de acordo com que suas composições físicas são capazes de oferecer. Especialmente no contraste entre a agilidade e leveza da Mulher Gato, e a brutalidade mais crua de Batman. 

Christian Bale, Ben Afleck, o Bruce da série Gotham, e até o Batman de Lego, não faltaram representações do personagem nesta última década. O desgaste é uma ameaça real para a figura do Homem-Morcego. Mas curiosamente, não é este o ponto fraco de Batman. Sim haverão aqueles que se perguntarão: precisamos mesmo de mais um Batman agora? (retire os fãs dessa conta). Entretanto, o que realmente atrapalha este novo filme é sua pretensão. Seu roteiro acredita ser mais complexo do que de fato é, se estendendo mais do que necessário, desgastando os pontos fortes e cansando o espectador.

Não é um filme ruim, mas também não é a obra prima que muitos fãs fervorosos tem alardeado por aí. Então, não se culpe por achar uma produção apenas razoável.

Batman (The Batman)
2022 - EUA - 175min
Ação, Drama

Também tem muitos "Batmans" aqui no blog, vem ler sobre cada um deles!



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