O sonho da casa própria ainda é uma realidade para milhões de brasileiros. O problema habitacional do país afeta mais de 17 milhões de famílias, segundo dados do Senado Federal. Isso representa cerca de 30% da população, vivendo em condições precárias e sem moradia legal. Apenas as facilitações do crédito imobiliário dos últimos mandatos presidenciais não foram suficientes.
O problema se estende mais para a classe de baixa renda, que tem uma renda familiar de até R$1800. Apesar disso, os mais humildes não são os únicos afetados. Exatamente por essa realidade, o programa social mais conhecido no país para resolver o problema da habitação possui diferentes faixas de rendas a serem consideradas.
Há diferentes famílias vivendo em moradias e regiões com falta de estrutura básica, como iluminação, saneamento básico, coleta seletiva, e fazendo uso de um programa de resíduos sólidos. Todas essas famílias também procuram por locais com mais qualidade de vida e sonham em ter um imóvel mais estruturado.
O grupo que vive em situação precária, como favelas ou locais sem nenhuma urbanização ou tratamento, integram o conjunto de mazelas que fazem parte do déficit habitacional quantitativo. Aqui são cerca de 20 milhões de pessoas envolvidas no país, sendo necessário cerca de 6 milhões de unidades a serem criadas.
Há o segundo grupo que possui uma moradia relativamente melhor, mas também não tem mais nenhuma outra estrutura de necessidades básicas, como já citados no texto. Aqui são afetados mais de 37 milhões de pessoas, que procuram por uma situação melhor de habitação. Elas integram o déficit habitacional qualitativo, calculado em mais de 11 milhões de unidades.
Apesar da melhora do índice da compra da casa própria na última década, levando em consideração dados do Programa Minha Casa Minha Vida e também da Fundação João Pinheiros, ainda há muito a ser feito. Com as crises econômicas e cortes financeiros para habitação vindos desde 2016, há diversas perspectivas de como o ano de 2019 pode ser.

O que pode ocorrer em 2019

Nos últimos 3 anos (2016-2018), segundo dados do Ministério das Cidades, o número de casas populares contratadas diminuiu em decorrência da crise econômica do país. Nesses três anos, 1,7 milhão de casas foram contratadas e até agora, 1,2 milhão foram construídas e entregues.
Sendo otimista, com uma gestão mais eficiente na entrega das casas, retomada de obras paralisadas e o fomento de novas construções, o déficit pode diminuir. O fomento deve contemplar todas as faixas de renda, com construções de casas mais simples até apartamentos que possam atender a famílias com condições financeiras maiores.
Sendo pessimista, com a falta de preocupação para a urbanização de áreas pouco estruturadas e a criação de novas unidades habitacionais, o déficit só tende a aumentar, tanto quantitativamente quanto qualitativamente. O impacto é em escala nacional, afetando desde cidades menores, até grandes centros urbanos.

O que o crédito imobiliário tem a ver com a situação?

Existe uma cadeia de outros problemas decorridos de um déficit habitacional mais preocupante. Por exemplo, o saneamento básico. De acordo com dados recentes do Instituto Trata Brasil, diversas moradias e outros empreendimentos não possuem tratamento da água, chegando à 55% do esgoto gerado sendo despejado diretamente nos rios.
Sem o investimento na construção civil, as obras de tratamento de esgoto não vão pra frente, afetando milhões de famílias que já não possuem estrutura. Sem a construção de novas moradias, o planejamento urbano, como criação de ruas, calçadas e novas linhas de transporte coletivos também não avançam.
Há ainda outras preocupações, os projetos de habitação popular tendem a serem construídos em locais mais afastados, dificultando acesso à hospitais, comércios, escolas, áreas de lazer, entre outros. O ideal é que outras construções também sejam estimuladas perto dessas áreas, que serão urbanizadas de forma a atender a população recente.
Em linhas gerais, o país depender apenas do setor da construção civil no setor privado significa afunilar o poder de compra da população. Apesar de existirem construções voltadas para famílias com rendas mais modestas, o crédito imobiliário diretamente para bancos privados tende a ser mais burocrático, e as taxas, mais altas.
O crédito imobiliário nada mais é do que uma forma de facilitar a compra de um imóvel através de um financiamento. Ele leva em consideração diversos fatores, mas, principalmente, a renda familiar. As instituições privadas optam por financiamentos que pesam mais no bolso de quem não tem tantas condições financeiras.
Já em um financiamento feito diretamente com um banco parceiro do setor público, o financiamento é facilitado. Claro que a compra não é tão simples assim, há diversas etapas burocráticas a serem consideradas, mas em síntese, é mais fácil a partir de um programa social.
Acelerar a construção civil por meio de programas sociais, além de facilitar a compra do imóvel, também fomenta a geração de emprego. A cada 1 milhão investido em obras, 14 postos de trabalho são gerados em cada construtora, e mais outros 8 empregos relacionados à indústria dos materiais de construção, comércios e serviços correlacionados. As informações são da Fundação Getúlio Vargas.
Levando em consideração a quantidade de cidadãos afetados por um programa social em habitação, assim como a cadeia de setores que são beneficiados com um investimento bem feito, o financiamento de um imóvel deve ser cada vez mais estimulado nos próximos anos.

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