Deserto e vazio que encurralam o homem como um animal indefeso frente o seu poder avassalador. Basta folhear as páginas do Jornal Diário, as Revistas Semanais e assistir as Notícias Televisivas com suas fórmulas mágicas para aplacar as angústias do ser humano. Nem Tudo o que se enfrenta pode ser mudado, e a vida nem sempre continua. Agora ela não liga mais, não fala mais, não sai mais para entrevistar. Acordar? Seus lindos olhos se fecharam para sempre.

No meio dos anseios e da vontade do querer, há as catástrofes que chegam da não realização dos projetos. E quando se esvazia da vida de mais um adolescente, nasce o desespero e a perca da esperança. Contemplando-se as trevas à beira do abismo, ao acordar para a realidade, acabou o viço de um ser frágil que brincava de ser criança. Desespera-se quando percebe-se que é um nada. Agora tudo acabou, e o golpe fatal leva sua vida, sem poder crescer com os toques suaves da sua alegria.

Não se deveria falar de fé, a menos que estivesse preparado para erguer, como Abraão, a faca sobre o corpo do seu filho. O Paradoxo, aqui, é que em meio a toda falta de esperança, a fé pode nascer no coração daquele que entrega o que é o seu bem mais precioso. No duelo da morte, entre o deserto e o vazio, a fé significa jogar-se nos braços Daquele que pode ser o sentido de tudo. Deus não deixa de estar no processo da dor, e neste fardo pesado, ao jogar terra encima da intrepidez que desafia a morte, haverá uma Sustentabilidade: “Que o amor e a fidelidade jamais o abandonem: prenda-os ao redor do seu pescoço, escreva-os na tábua do seu coração”. (Pv 3.3)

A cada instante em meio a putrefação de corpos, em meio a uma peste perniciosa, ouve-se o rasgar das vestes. É uma forma de se dizer que o coração está em luto. Tem uma frase que diz: Você sabe o que significa “Acordar”? “Então se explica a frase: vamos começar separando as sílabas da palavra acordar: a-cor-dar Viu? Significa dar cor, colorir, colocar o coração em tudo o que faz”. Mas quando se percebe que tudo é provisório e supérfluo, ei-lo num deserto, tudo se esvai desenfreadamente. E como acordar todos os dias, principalmente nos mais cinzentos?

Mas ainda resta o lodo ficado como fortificante. Rasgavam as vestes para mostrar que, de fato, estavam de luto. Mas os verdadeiros sentimentos estão manifestados quando seus corações estão rasgados. Raízes fixadas em leitos de rios correntes, mesmo enxurrada bruta não pode arrancar. Ainda se carrega a esperança de novos brotos variarem, pois, o coração está completo de fé. Aprico significa completamente cercado: lugar onde a saída está fechada, onde aparentemente se está bloqueado, onde se encontra em situação aparentemente sem solução. Mas, o Bom Pastor vela pela suas ovelhas.

Aquele pequeno ponto de Luz perdido nas densas sombras da estrada escura, ficou perdida na beira do caminho. O Bom Pastor deixou as noventa e nove para fazer florir, fazer brotar no quadro da existência como um vestígio de vida. Muito mais que palavras são as pequeninas raízes fixadas em uma nova esperança de vida. Deus está no sorriso que ficará para a eternidade. As melhores coisas da vida são invisíveis. Portanto, quando fechar os olhos para orar, lembre-se das pessoas enlutadas, pois, “você não sabe o que é felicidade, até ter um filho. Você não conhece a dor, até perdê-lo”.

“MÔNICA DRUZIAN”