Gênesis
Cristo como Criador: O primeiro verso do Pentateuco (Gn 1.1) institui Deus como o criador de todas as coisas e o texto procede e consolida os eventos em seis dias. Encontramos em Gênesis 1.26 uma declaração plural: “Façamos o homem à nossa imagem, segundo a nossa semelhança”. Esta frase faz referência a uma pluralidade na Divindade. O Evangelho de João inicia com uma declaração de que Jesus estava no principio da Criação (1.1-3). E Paulo uma vez mais conecta Jesus diretamente ao ato da Criação (Cl 1.15-17).
Cristo como Messias (Salvador) - imediatamente à queda, a promessa de salvação é proclamada através da semente da mulher (3.15), e esta mensagem messiânica é reiterada ao longo de todo o livro: a linhagem de Sete (4.25), a descendência de Sem (9.26), a descendência de Abraão (12.3), a descendência de Isaque (26.3), os filhos de Jacó (46.3) e a tribo de Judá (49.10).
Tipos[1]de Cristo - há alguns personagens que retratam o Salvador em Gênesis. a) Adão é um tipo de Cristo (Rm 5.14). Como Adão é o cabeça da velha criação, assim Cristo é o cabeça da nova criação que é espiritual;[2] b) o assassinato de Abel por Caim também ilustra a morte de Cristo; c) Isaque é visto como o filho da promessa;[3] d) Melquizedeque também é um tipo de Cristo (cf. Heb.7.3);[4] e) José que foi amado afetuosamente pelo pai, traído pelos irmãos, e tornou-se o meio da libertação deles, simboliza o Cristo.
Êxodo
Porquanto no livro do Êxodo não temos nenhuma profecia direta de Cristo, todavia há vários tiposdo Salvador.
· em muitas formas, Moisés é um tipo de Cristo. Em Det. 18.15 vemos que Moisés, como um profeta se antecipa ao Cristo. Ambos são príncipes-redentores que quase foram mortos na infância, renunciaram o poder deles para servir a outros, e funcionaram como mediadores, legisladores e libertadores;
· a Páscoa é um tipo muito específico de Cristo, o Cordeiro sem pecado de Deus (João 1.29,36; I Co 5.7);
· as sete festas em que cada uma retrata algum aspecto do Salvador;
· Êxodo em que Paulo faz a conexão com o batismo, e mostra a nossa identificação com Cristo na sua morte e ressurreição (I Co 10.1-2; Ro 6.2-3);
· Maná e Água da rocha são ambos retratados como quadros de Cristo (João 6.31-35, 48-63; I Co 10.3-4);
· Tabernáculo aponta para o Salvador em cada um de seus detalhes. material, cores, mobília, arranjo, bem como nas ofertas e sacrifícios ali realizados (Hb 9.1-10.18);
· Sumo-Sacerdócio tipifica a pessoa e ministério de Cristo de modo bem claro (Hb 4.14-16; 9.11-12, 24-28).
Levítico
Como no Êxodo, encontramos vários tipos de Cristo aqui.
· as Cinco Ofertas simbolizam a pessoa e obra de Cristo e sua vida sem pecado.
· as Sete Festas como já foi mencionado, também formam um tipo do Salvador.
· Cristo como nosso sumo sacerdote (Heb. 8–9)
· Jesus como o sacrifício de uma vez por todas pelo pecado (Hb 10).
Números
Aqui temos algumas tipologias mais extraordinárias sobre a pessoa de Jesus das quais Ele cita algumas delas.
· talvez em nenhum outro lugar se dá um retrato mais claro de Cristo e sua crucificação que na figura da serpente de bronze erguida no meio do acampamento israelita no deserto (cf. Nm.21.4-9 com João 3.14);
· a roxa da qual jorrou água e saciou a sede dos israelitas no meio do deserto é um tipo de Cristo (I Cor.10.4);
· o maná diário revela Cristo como o pão que desce do céu (João 6.31-33);
· a coluna de nuvem e fogo retrata a direção de Cristo e as cidades de refúgio certamente ilustra Cristo como o nosso refúgio do julgamento;
· finalmente, o novilho para o sacrifício também é um tipo de Cristo (19)
Deuteronômio
A declaração de Moisés em 18.15 é um dos retratos mais claros de Cristo. “O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás,...”. É importante lembrar que Moisés era único entre os profetas como ministro da aliança de Deus (Nm 12.6–8; Dt 34.10–12). Os demais profetas eram mensageiros do processo da aliança (profetas subsequentes). Deus havia levantado o profeta Moisés para mediar sua aliança com Israel; ele levantaria outros profetas para levar o processo da aliança - para lembrar o povo de obedecer à aliança ou para anunciar punições de aliança incorridas por sua desobediência.
Esta breve pesquisa de referências cristológica no Pentateuco não pretende, de forma alguma, ser exaustiva. Jesus indica que a totalidade do Primeiro Testamento diz respeito a Ele (Lc 24.27). Nós estamos apenas arranhamos a superfície.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
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Referências Bibliográficas
Autores que Aceitam a Unidade e Autoria Mosaica
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FRANCISCO, Clyde T. Introdução do Velho Testamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1969.
ARCHER, Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento. São Paulo: Ed. Vida Nova, 199.
ELLISEN, Stanley A. Conheça Melhor o Antigo Testamento. São Paulo: Ed. Vida, 1996.
LASOR, W.S., HUBBARD, D. A. & BUSH, F.W. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Ed. Vida Nova, 1999 (com reservas).
Autores que Rejeitam a Unidade e Autoria Mosaica
HOMBURG, Klaus. Introdução ao Antigo Testamento. São Leopoldo: Ed. Sinodal, 1975.
BENTZEN, Aage. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo, ASTE, 1968. [2 volumes].
SELLIN, E. & FOHRER, G. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Ed. Paulinas, 1978. [2 volumes].
1.4. SCHMIDT, Werner H. Introdução ao AT. São Leopoldo (RS): Ed. Sinodal, 1994.
[1] No Antigo Testamento encontram-se pessoas, instituições, lugares, cerimônias e acontecimentos que prefiguram correspondentes pessoas, objetos, etc. no Novo Testamento. (ver I Coríntios 10.1-4; Hebreus 8.4,5; 9.8,9; 10.1-12). Chamam-se tipos, símbolos ou figuras proféticas. Para isto é preciso que reúna certos característicos. 1) Deve haver semelhança ou ponto notável de comparação entre o símbolo e o que este prefigura; 2) Tem de ser apontado como símbolo no Novo Testamento. Isto é, tem de haver uma alusão ou referência neotestamentária tal como a declaração de Jesus – “Eu sou o pão da vida” – indicando que ele foi o cumprimento simbólico do maná (João 6.31-35); 3) Cada símbolo tem um único significado. Por exemplo, o castiçal ou candeeiro do tabernáculo prefigura a Igreja como lâmpada (Apocalipse 1.20), mas não a Igreja e a Cristo ao mesmo tempo.
[2] “... Cristo corresponde a Adão no sentido antitético. Adão foi o autor da morte para todos; e Cristo foi o autor da vida para todos. A característica prefigurada em Adão foi a sua significação central e universal para a raça humana inteira, que se cumpriu em sentido muito mais elevado e com efeitos opostos na pessoa de Cristo, o homem absoluto e perfeito.” CHAMPLIN, RUSSELL NORMAN. O Novo testamento Interpretado, v.3, Ed. Milenium, São Paulo, 1989, p.658.
[3]Isaque era o único dos três Patriarcas em quem os chamados Pais da Igreja viam uma figura de Cristo. Os fatos da vida de Isaque que tem relação com a do Senhor Jesus seriam, segundo eles. 1) O Filho da Promessa. todo o Gênesis dependia do cumprimento da promessa feita a Abraão - de uma numerosa descendência. É possível que Jesus se refere à alegria de Abraão quando do nascimento de Isaque, quando diz. “... Abraão alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se.” (João 8.56). Todavia, não viu mais do que o nascimento de Isaque, porém este primeiro cumprimento da promessa preparava e anunciava outro nascimento, mais milagroso ainda, que traria alegria para o mundo todo. 2)O Filho Sacrificado. no registro de Gênesis temos a descrição do drama - na ordem de Deus “Toma a teu único filho, a quem amas ... e oferece-o em holocausto no monte.”; nas palavras de Isaque “Onde esta o cordeiro para o sacrifício”; e somente no último minuto o filho é livrado da morte. O Senhor Jesus, o Filho Unigênito, o Cordeiro de Deus, depois de levar a cruz, será imolado. E no mesmo monte onde Abraão leva Isaque para o sacrifício, se proclama de novo a mensagem da Promessa; a morte na cruz, longe de ser o fim, é o ponto de partida da ressurreição e fonte de vida. Assim, não é estranho que os Pais da Igreja tenham visto em Isaque uma figura de Cristo.
[4] “Melquisedeque ‘representa’ as qualidades ‘possuídas’ pelo Filho de Deus, pois ele é seu ‘tipo simbólico’. Não possuía em si mesmo tais qualidades. No dizer de Newell (in loc.). ‘Aquilo que Cristo é ‘realmente’, Melquisedeque é apenas na ‘aparência’; e isso é tudo quanto fica exigido’. ‘A inferência é que o silêncio (nas páginas do A.T.) é intencional e significativo’ (A.C. Kendrick, Hebrews, pg.86). Por igual modo, Westcott (in loc.), supõe que o autor sagrado dá grande importância ao ‘silêncio’ que há nas páginas do A.T. acerca dos primórdios e do destino de Melquisedeque. Entretanto, ele vê essa importância no ‘uso profético’ que o autor sagrado faz sobre essa passagem, e não que o escritor original do livro de Gênesis tivesse visto qualquer importância na omissão desse material, tendo querido subentender elementos sutis da verdade, através de tal silêncio. E não duvidemos que isso expressa a verdade do caso.” CHAMPLIN, RUSSELL NORMAN. O Novo testamento Interpretado, v.5, Ed. Milenium, São Paulo, 1989, p.551.