(por saia apertadinha)
Hábito, bem que você podia ser um saquinho de jujubas bem sortidas. Assim, não me prenderia em horários fixos, em planejamentos mancos. Hábito, você não tem o direito de brincar com o infinito.
Não sei criar hábitos, me enraizar. Gosto quando o vento bate em minhas folhas, me levando para cá e para lá.
Segunda-feira, Acordo com vontade tomar coca-cola e durmo vendo filme noir.
Terça-feira, capricho no café da manhã e cismo em tomar chá verde, chá de mil ervas para emagrecer. À Noite, separo meus livros preferidos para com eles me deitar.
Quarta-feira, acordo com a sensação de que estou velha, preciso me exercitar. Água Mineral, nadadinha, corridinha, nada mal. Vinte minutos depois estou lá, com um milho na mão e pernas para o ar.
Quinta, ressaca moral, falei mal da minha vida para o namorado do meu ex. Quero escrever poesia, mas desisto em distração ao ver meus cães correndo atrás de um pombo no quintal. Escuto ACDC, The Clash e Roberto Carlos. Falei que não ia farrear, amanhã acordo cedo, tudo bem, vamos lá! Dança tango eletrônico e me acabo na mesa de um bar.
Sexta, quero provar um queijo novo, me inscrevo na aula de pintura, tranco a dança flamenca. À noite, faço brigadeiro e choro de soluçar.
Sábado, quero ser voluntária, parar de pensar em mim, ajudar crianças. À tarde, ir ao shopping, esquecer que existe dia e noite. Ao sair, me assustar com aquele luar.
Domingo, tenho saudades da família. Só me resta recomeçar. Mais uma semana. Hábito, por que você não me ensina a deixar de querer não sei o quê. Deixa para lá!