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Sobre os dias calmos

Esperava uma Viagem de reflexões e me encontrei numa viagem de silêncios. O emudecer tão inesperado da mente trouxe uma calma confortável e inesperada ao corpo. Uma viagem sem imediatismos. Sem ter Pra Onde ir ou pra onde voltar, o corpo se deixou levar pelos traçados de outros corações e caminhei em silêncio pelos ruídos dos sentimentos alheios. Contemplei paisagens e também as reações dos que as viam, enquanto levava em mim um punhado de vazio.

Falando assim parece ruim, mas nunca foi tão confortável estar em mim. Não vou mentir: carreguei comigo o meu coração em pedaços e não teve cobertor de ônibus ou toalha de mesa do sudeste asiático que não enxugou as lágrimas que involuntariamente saíam dos meus olhos diariamente. Não eram de tristeza nem de alegria. Se me obrigassem a catalogá-las diriam que são lágrimas de “esvaziamento”. Elas caem pois não pertencem mais ao meu corpo e cada uma que vai, torna mais leve o que aqui fica.

Toda vez que uma vida velha se acaba a gente sente um misto de dor e de alegria. Chama de alívio, saí em busca de novos aprendizados, novos livros, novos lugares, novos corpos. Eu achei que assim seria também.

Mas não foi.

Foi calmo. Foi quieto. Nem vazio nem cheio. Nem feliz nem triste. Nem velho nem novo. Não houve pressa, mas também não houve parada.

No meio desse silêncio e dessas tantas ausências e velhas novidades, o que aprendi? Redescobri a potência do universo. Ao mesmo tempo que com toda força que a ele cabe, me mostrou que nunca haverá um número finito de reconstruções, ele me deu tudo que eu precisava pra formar os alicerces desse recomeço.

É como se meu corpo fosse um paraquedas e tivesse um coração reserva para evitar a queda quando o outro se rompeu. E esse reserva foi forte e impactante. Se moldou ao corpo de tal forma que foi capaz de me deixar viva e de olhos abertos para as belas paisagens e aprendizados que me acompanhavam na hora do pouso. Mostrou que com o equipamento certo, o ar parece mais leve, o respiro mais fácil e o vento mais fraco.

Numa viagem em que eu esperava me reconstruir, eu não o fiz. Isso porque esse trabalho de reconstrução foi feito em longos meses em 2018. Ou talvez eu esteja enganada e esse processo ainda venha a acontecer agora em 2019. Saberemos nos próximos capítulos.

Foi uma viagem de aceitação e reencontro. Minha irmã me disse: “por mais que pareça em vão, fico feliz por você ter vivido o que viveu, pois eu hoje vejo em você a menina de 20 anos que se perdeu no meio de tanta dor”.  Ninguém poderia resumir de modo tão assertivo. Justifica o silêncio da mente: estamos bem.

Tem gente que passa anos tentando crescer, eu passei anos tentando ter de novo o coração da menina de 20 anos e finalmente sei que tenho.

Agora, com o coração de 20, o corpo e a história de 30, os amigos de sempre e os novos amores, o iminente fim da viagem gera a pergunta: ”o que fazer e pra onde ir?”  Aceito sugestões, mas como vocês bem sabem, só faço o que eu quero :*



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