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A Viagem

E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...

Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...

Aquarela - Toquinho


Às vezes as pessoas se perguntam pra que serve viver. Onde chegaremos, porque vale a pena tanto esforço todo dia. Lutam sempre por uma fórmula mágica que resolva essa questão para todos, mas nunca conseguem no final das contas. Cada pessoa acaba resolvendo por ela mesma qual o sentido da sua existência.

Algumas ferramentas podem ajudar a encontrar uma harmonia nesse mundo duro, nesse corpo frágil e nessa mente inconstante e na interação disso tudo o tempo todo.

A história é uma delas. Não é uma ciência exata como a matemática, não oferece certezas nem aproximações seguras como a medicina. Já disse por aqui e repito: é trágica em todos os sentidos.

Mas como a história pode nos ajudar a compreender melhor as coisas que acontecem ao nosso redor?

Imagine que a humanidade viaja em um grande (não se sabe o quanto) e veloz trem. No seu caminho não existem estações - ele nunca para. Quando se nasce, não se escolhe de onde vai partir, simplesmente se é jogado nele de maneira aleatória. Puxado por uma locomotiva chamada O Tempo, que é bem temperamental e, dizem, cruel, segue o caminho de sua incessante viagem guiado pela maestria infantil de seu cavalo-de-ferro.

Não importa a distância que ele está da queda de Roma, da Revolução Russa ou da eleição de Dilma Rousseff, pois tudo faz parte dele. Cada assento, cada roda e cada detalhe em seu interior representa uma parte de sua história. Não se perde nada pelo caminho.

Existem dois tipos de vagões: Os vagões do trabalho e os vagões do descanso

Nos vagões do trabalho o movimento é constante. Algumas pessoas insistem em ficar sentadas se aconchegando em suas poltronas. Mas essas são minoria. A grande maioria está sempre correndo, pulando, desenhando nas paredes, conversando e em constante movimento.

O segundo tipo de vagão é onde uma hora ou outra seremos jogados. Ele é formado por muitas vitrines imensas, dentro das quais é possível observar cada um que já existiu. Algumas tem apenas um vulto fantasmagórico do que parece ter sido um humano. Noutras, as cores são tão vivas que nos atordoam.

É possível ser arrastado por esse trem indefinidamente sem conhecer sequer uma de suas poltronas, mas os que escolhem esse pacote cedo ou tarde se arrependerão. Sua viagem não passará de um vácuo insípido com uma paisagem escura e embaçada falsamente decorada no horizonte sob frequentes alucinações confundíveis com lapsos de consciência. Morrerá nos iglus da demência firmemente abraçado à sua convicção na ignorância.

Porém boa parte dos viajantes escolheu cutucar cada brecha que seus dedos alcançarem, conhecer o maior número de vagões possível e nunca - ou quase nunca - sentar e apenas olhar pela janela. Escolheram também tentar conseguir uma bela vitrine com muitas cores, sons e sabores. Do mais doce mel ao mais amargo gim. Em suas passagens pelos corredores conhecem mundos, tentam ajudar os cegos que querem ver e especialmente os que não o querem. Querem provar todos os sabores, chorar, rir e continuar sempre caminhando; observando e sentindo tudo à sua volta.


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