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Diário da Islândia #1 | Primeiro impacto

Local de Partida: Espinho, Portugal

Local de Chegada: Gardur, Islândia

 

Acordámos bem cedo, já de malas feitas para fazer o caminho até ao aeroporto. Eram cinco e meia da manhã, estou a juntar os tarecos para um banho rápido e seguir, quando começo a ouvir clac-clacs da cozinha. O Moço achou que aquela hora e aquela instância eram pois ideais para arrumar a louça lavada que estava na máquina, para a pobre não ficar esquecida. Expliquei que na categoria fada-do-lar me estava a der 10 a zero, mas na categoria de acordar e enfurecer a vizinhança estava a conseguir uma pontuação ainda mais alta. Ainda por cima ele não sabe fechar armários sem imitar um terramoto de magnitude 5 na escala de Richter. 

 

A primeira etapa da Viagem falhou logo, porque foi a única que não fui eu a planear ao milímetro (sim, sou dessas). Apanhar um taxi para o aeroporto (não de Espinho, mas de outra zona onde pudemos deixar o carro em segurança) provou-se mais complicado do que apanhar o avião. Conclusão: pagámos mais ou menos o mesmo para chegar ao aeroporto do que pagaria para chegar de avião a 70% dos destinos europeus às quartas-feiras. 

 

Depois da grande aventura com a TAP (parte 1 - parte 2 - parte 3)...ia voar na TAP. Sem medos. Apesar do não-há-duas-sem-três, escolho acreditar no à-terceira-é-de-vez. Isso e deram-me um chocolatinho da Regina para eu me calar e fazer a viagem sossegada. Sempre foi melhor que na Norwegian, na segunda parte da escala de Londres para Keflavik (Islândia) onde nem um cafézinho para contar a história. Eu sabia que a comida na Islândia era caríssima e que ia passar fome por lá, mas não contava começar logo no avião. Até ganhei saudades da micro-sandoca de fiambre da TAP. Que é fiambre de peru, e portanto pode ser comida por bloggers. 


De repente começamos a ver neve pela janela do avião. Muita neve. Só neve. O que pareciam nuvens era neve. E o que parecia terra era o mar. Por um segundo pensamos que o piloto fez um desvio à Antártida. Certamente aquele manto branco não podia ser um país funcional daqueles com habitantes que trabalham (e sobrevivem) e tudo. Era mesmo o nosso destino. E foi logo aqui que a fase de encantamento começou. 

 

 

Não sei se já tinha dito isto, mas sabem quando vamos à Serra da Estrela e ficamos muito felizes por ver um tiquinho de neve? Imaginem esse sensação multiplicada por todos os centímetros à vossa volta. A Islândia que se apresentou a nós, foi assim.


Depois das vistas do avião que aterrou numa pista também ela rodeada de branco, estávamos psicologicamente preparados para o impacto brutal que ia ser por a bochecha na rua. Não em termos emocionais, mas mesmo o impacto de ver o nariz a cair da cara, vilmente congelado em poucos segundos. Ou foi das expectativas, ou de levarmos toda a roupa possível em camadas (bagagem no porão é luxo), foi muito tranquilo. A verdade é que o país tem aspecto de -35º, mas ronda os 0º. Durante a viagem toda nunca estiveram menos de -4º e chegou aos 7º.


O desafio seguinte era ir buscar o carro e conduzir na neve pela primeira vez. Tarefa que deixei prontamente para o Moço. Primeiro muito devagarinho e depois já em andamento de caracol daqueles mais expeditos, lá fomos. Íamos mais para Este, para uma das pontas com farol, que tínhamos visto do avião: Gardur. Num post final hei-de deixar-vos o roteiro completo, com links do Google Maps, quer para as estadias, quer para os pontos visitados. 

 

O fenómento mais engraçado durante a viagem acabou por ser o facto de vermos a aurora em todo o lado. Como passava das seis já estava tudo um breu pegado. E nós aproveitámos todos os bocadinhos de céu para dizer que nos parecia que estava esverdeado.  

 

O primeiro Hotel era o Lighthouse Inn. Muito maneirinho, todo em madeira, e bem valorizado por nós: afinal era a única noite em que íamos ter uma casa-de-banho. Ah, pois. O turismo na Islândia faz-se muito à base de Guesthouses, com casas de banho partilhadas. Torço muito o nariz a isso, mas depois percebi que alinhava ou não iríamos à Islândia (não sem vender um rim). Portanto...sim, casas de banho partilhadas para o resto da viagem.

 

Não acabámos a noite sem uma aventura. Vínhamos esfomeados (estávamos mesmo a contar com uma tostinha qualquer na Norwegian) por isso depois de pousar as malas quisemos sair para comer. O tanas! Eram nove da noite, o que significa que todos os restaurantes respeitáveis já estão fechados e ninguém de bem passeia na rua. Acabámos no KFC comigo frustrada a pedir Chicken Wings a uma islandesa que nem arranhava o inglês - ao ponto de não perceber o que são Chicken Wings trabalhando no KFC. 

 

Ainda que mal alimentados, dormimos muito bem nessa primeira noite, num quarto quentinho, como de resto eram todos, envoltos por uma paisagem inacreditável e com toda uma viagem pela frente. Afinal, íamos acordar com esta vista da nossa janela...

 

Agora digam alto a terra onde estávamos: Gardur. Isso. É que é a última vez que vão conseguir pronunciar o sítio onde estamos...

 



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