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De Londres a Lisboa são 15 horas* - Parte III

*Afinal são 19h.


Este era o texto que eu nunca sonhei escrever. Depois da grande aventura do regresso de Londres que relatei aqui e aqui, escrevendo para vocês sentada no segundo aeroporto do dia, na segunda tentativa de regressar a casa. Eis o que sabia nesse momento: 

 

1) Que o meu voo inicial Tinha sido cancelando mesmo no momento em que íamos levantar voo por causa de uma "luz" que acendeu e não sabiam como apagar.

2) Que tinha um voucher de dez libras para conpensar a fome toda que poderia ter entre as 10h da manhã e as 19h55 (hora esperada de início do voo seguinte) que não ia chegar.

3) Que já tinha gasto o dinheiro que devia ter sobrado para comida em compras desnecessárias em Dois aeroportos diferentes. 

4) Que às 22h30, correndo tudo bem, já estaria em Lisboa. 

 

Uma otimista, é o que sou. Eis o que nessa altura ainda não sabia:

1) O voo de remendo ia atrasar tanto que não chegaria a Lisboa antes das duas da manhã.

2) A TAP ia proporcionar-me uma experiência "conheça as caraíbas a bordo do avião".

3) A minha bexiga tem uma capacidade super-humana. 

 

Não constitui grande supresa para mim que o embarque do segundo voo que me arranjaram, noutro aeroporto, depois de cancelarem o primeiro, se atrasasse. Era um voo de fim-de-dia. E afinal, já tinha esperado 9 horas para entrar no avião de volta a casa, o que era mais uma?

 

Entramos, sentamo-nos, o avião começa a mover-se para a partida. Tudo são rosas. Até que a voz do capitão ressoa no avião e diz: Senhores passageiros, devido a um problema técnico, vamos voltar com o avião à porta de embarque. 

 

Não, caro leitor. Não é o mesmo post que escrevi há dois dias atrás. Nem o mesmo avião. É todo um avião diferente, no mesmo dia. Dois aviões, duas tentativas de regresso, dois aeroportos, duas avarias? Qual é a probabilidade? O meu pai disse mais tarde que talvez eu tenha o dom da minha mãe. Sempre que ela escolhe uma caixa no supermercado, há qualquer coisa que bloqueia a caixa (alguém com um produto sem código de barras, um problema no pagamento, etc etc). Uma comparação que é um eprfeito disparate, porque o meu poder é bem maior: dou cabo de aviões. 

 

Durante horas aguardamos sentados nos nossos lugares, com a tal recomendação de manter o cinto, ardendo no calor das Caraíbas - o problema desta vez era o AC. As assistentes de bordo iam trazendo água e mais água. Suava por todos os poros, sentada à janela, com dois ingleses ao lado. Primeiro não me podia levantar porque tínhamos recomendação para estar sentados, depois tinha as barreiras psicológicas de incomodar o casal inglês e de usar as WC de um avião, coisa que me parece sempre um exercício à minha inteligência (a torneira liga se levantares  braço esquerdo acima da cabeça, a porta abre se vires o pino encostada à parede esquerda e coisas assim). De maneiras que com a bexiga cheia de água me aguentei firme as horas que foram precisas até chegar a Lisboa. 

 

Umas três horas depois do marcado, quando lá chega a peça do AC para voltarmos a temperaturas humanas e arrancarmos, já eu tinha chegado à conclusão que podíamos ter voado com o AC assim porque de qualquer forma, passamos tempo equivalente à viagem fechados no avião...Mas se achavam que íamos partir logo, acalmem-se: ainda vamos repor combustível. Felizmente ninguém se lembrou que já agora aproveitamos e damos uma pintura nova ao avião, senão nem hoje cá estava. Eu estava num state of mind de quase-loucura. Entre a paciência, a incredulidade e o despero. Mais ou menos assim:  

 

A viagem decorreu com a normalidade possível para um grupo de pessoas que suaram o seu peso em bica e agradecem a Deus a ligeira constipação que apanharam no frio de Londres. Quando chego ao aeroporto de Lisboa, contive-me para não beijar o chão. Também ajudou o facto de ir com a bexiga a rebentar e ver à minha frente um autocarro ainda para me levar ao terminal certo. Tende piedade de nós, senhores, não se arranjava uma mangazita de aeroporto para esta gente que qual Moisés atravessou o deserto (versão sentada)?

 

Enfim. Cheguei morta, mas não literalmente, o que a julgar por todos os incidentes, foi uma vitória pessoal. E quero fazer notar que apesar de ter tido o imenso azar que tive neste dia com dois voos da mesma companhia, esta saga de posts não pretende relatar nenhuma queixa. A TAP continua a ser a minha companhia favorita (devo ser masoquista)  o que pode ser o chocolatinho Regina que me deram a falar. Tento não ser como as pessoas que esquecem de tudo de bom que se passou antes, porque mancham o passado com uma má experiência - mesmo que neste caso tenham sido más experiências em cadeia. Como daqui a uns dias vou voltar a voar com a mesma companhia, ficam à vontade para reforçar a minha opinião positiva...sei lá, oferecendo-me um upgrade para primeira classe. #ficaadica



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